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A ‘gourmetização’ dos quadrinhos

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Quadrinhos é para muitos uma expressão de arte, a arte sequencial. Para outros, um divertimento com uma passagem para um mundo repleto de aventuras. A maioria os visualizam como obras primas, algo não apenas para ser lido, mas colecionado e admirado.

Sempre tive uma relação muito próxima com os quadrinhos, afinal eles me introduziram ao mundo da leitura. Quando muito jovem, por volta dos 7 anos, tive meu primeiro encontro com A Espada Selvagem de Conan Nº 14, que ainda tenho o prazer de possuir em minha coleção. E com todo aquele universo fantástico me fez querer consumir mais dessas obras.

Hoje, diferente daquela época, posso me dar ao luxo de separar um valor mensal, apenas para compra de quadrinhos: meu supermercado cultural. Com a internet nos aproximando a cada clique e trazendo oportunidades de encontrar vários materiais que sempre quis ler e possuir, além de informações, achamos que está cada vez mais fácil encontrar e comprar aquele quadrinho que sempre esteve em seus sonhos! É aí que nos enganamos!

Não tenho nada contra quem visualiza uma oportunidade para conseguir uma vantagem financeira. Sim, vivemos em uma sociedade capitalista e dinheiro é sempre muito bom. Mas uma recente experiência me fez escrever esse texto.

Conheço o material de Fábulas, edição da Vertigo lançada em junho de 2012, e li algumas histórias esporádicas. Eis que me deparo com o volume 1 por R$18,90 – preço de capa – na loja MMG Comics. Por que não comprar? Não há resposta negativa à essa pergunta: comprei!

Chegando em casa resolvi pesquisar nos grupos de vendas de quadrinhos e no Mercado Livre, e encontro um anúncio do mesmo Fábulas Vol. 01 pelo preço módico de 40 ‘Dilmas’.

Sabemos a dificuldade de se encontrar alguns materiais, e mais uma vez, tirar vantagem financeira não é o problema. Mas a meu ver, algumas pessoas são extremamente oportunistas e perdem a noção.

Tive a oportunidade de comprar alguns encadernados do Robert Grump por R$10,00 cada, para depois me esbarrar em valores abusivos em grupos de vendas, cobrando R$50,00 em cada exemplar.

Um dos exemplos mais bizarros, foi me deparar com o recente encadernado da SALVAT – Guerra Civil – da Marvel, lançado em 2014 e reimpresso há algumas semanas. Este mesmo que adquiri pelo preço de capa de R$ 32,90, já vi por R$ 100,00 reais.

Essa postura mercadológica, não é vista apenas nos grupos de internet. Quem é ‘rato de banca’ e sempre garimpou em sebos e lojas para completar aquela coleção ainda em aberto, com certeza já se deparou com preços abusivos e impraticáveis.

Será culpa das editoras, que não dão o verdadeiro valor a alguns materiais e/ou reduzem a sua tiragem e setorizam a sua distribuição, fazendo que o material seja único e difícil de encontrar? Ou simplesmente esquecemos como é bom ler uma excelente história, e corrermos para aquele amigo, e dividir a experiência com a leitura? (Sim, sou de uma época em que se emprestava quadrinhos!).

O intuito desse texto não é encontrar uma solução para o mercado, nem criticar ou tentar mudar a postura de quem vende ou de quem compra. Espero apenas que cada um reflita, e encontre em si se não estamos dinamitando a experiência de se comprar um bom quadrinho antigo ou de esperar ansioso pela continuação de um excelente arco, sem precisarmos ir à falência.

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