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A Odisseia dos Tontos | Crítica (SEM Spoilers)

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Argentina, Dezembro de 2001. O país entra em uma de suas maiores crises financeiras. Poupanças e contas correntes são retidas e congeladas e com isso, os planos de Fermin e Veronica de criar um cooperativa agrícola junto com o povo de sua província no interior e somado com a descoberta de que também foram vítimas de um golpe, é o hora do povo pegar de volta o que é seu.

Dirigido e escrito por Sebastian Borensztein, baseado no livro de Eduardo Sacheri, La Noche en La Usina, que também escreveu o roteiro, ‘A Odisseia dos Tontos‘ traz um momento trágico da história econômica Argentina e constrói uma ficção em cima desse fato histórico.

Sebastian usa bem os três atos do filme para contar a sua história. Dá para ver bem no primeiro ato como ele apresenta os personagens, fazendo o espectador se importar realmente com os protagonistas e apresentando todo o contexto histórico da situação ocorrida na Argentina durante o ano de 2001. Com isso apresentado, é bom ver que o filme se desenrola bem, mesmo tendo um pouco de barriga no segundo ato, mas que fecha muito bem um terceiro ato e uma conclusão muito bem apresentada.

Mesmo durante uma situação que poderia levar alguns diretores a pesar a mão no drama, criando situações extremamente pesadas ou melancólicas, Sebastian conduz o filme com uma leveza impressionante. É importante ver que essas pessoas são um povo comum e simples que foi tomado por uma situação além de seu controle e que acabam descobrindo terem sido enganadas e passam a se sentir roubadas. Com esse sentimento, o povo se organiza para revidar, e isso é mostrado no roteiro de forma bastante simples e até mesmo inteligente, mostrando soluções práticas de como as pessoas chegam a um ponto de cogitar um ato da qual elas possam se arrepender, mas que, dentro da lógica da situação, mostra-se plausível.

Toda essa narrativa calma vem graças à fotografia de Rodrigo Pulpeiro, que sabe muito bem quando trabalhar com os closes precisos no rosto expressivo de Darín, e quando criar panorâmicas, ressaltando o clima tranquilo do campo, mesmo que nessa tranquilidade encontrem-se momentos tensos em que os personagens estão tomando decisões importantes. É importante destacar que a escolha de uma paleta de cores completamente natural reforça todo o clima de tranquilidade do interior.

A trilha sonora de Federico Jusid sabe mesclar muito bem trilhas mais simples com o momento onde o pop rock argentino toca alto e a edição de Alejandro Penovi trabalha muito bem com os momentos que a trama exige calma ou ação.

É muito prazeroso ver que Rodrigo Darín continua sendo um dos melhores atores sul-americanos de sua geração. Ele simplesmente rouba a cena quando está em tela, construindo um Fermín sempre esperançoso, mesmo diante de momentos onde ele se encontra destruído pela realidade que o cerca, mas que sabe ser pró-ativo nos momentos necessários. No elenco de apoio, é legal ver que dessa vez Rodrigo contracena com seu filho Chino Darín, e o jovem não faz feio. Verónica Llinás, Luis Brandoni, Daniel Aráoz, Carlos Belloso, Rita Cortese e Andrés Parra cumprem muito bem seus papéis.

A Odisseia dos Tontos‘ é uma história simples e que representa de forma clara seus pontos de vista e posições de seus personagens. Usa bem a moral e ética destes mesmos personagens e, com isso, constrói um bom conto de como os males que o sistema e pessoas inescrupulosas podem causar ao povo humilde. Mas o povo pode resolver esses problemas trabalhando unido.

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