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Adão Negro chega imponente, mas não consegue abraçar todo seu potencial
Apesar do visual marcante e momentos empolgantes, roteiro não se permite dar os próximos passos.
Publicado há
2 anos atrásem
Por:
Cleyton KelvinDwayne Johnson chega com o seu Adão Negro aos cinemas prometendo um novo início para os filmes da DCEU. Será esse um bom reinicio? Nós conferimos o mais novo longa da Warner Bros./DC e trazemos para vocês a nossa opinião, totalmente sem spoilers!
Há 3 anos, a DC Comics, após tentativas frustrantes de estabelecer um universo cinematográfico iniciado lá em Homem de Aço (2013) sob o comando de Zack Snyder, tentou experimentar e lançou um filme fora da curva, que ainda hoje divide opiniões: Shazam! (guarde esse nome).
Por muito tempo ouvi comentários menosprezando o longa e muitos se referiam como o filme mais “Marvel” da DC (no sentido negativo), por conta de sua pegada mais teen e cômica, bem diferente dos filmes mais sombrios de Snyder que estavam tentando estabelecer o Universo Estendido da DC (DCEU) nos cinemas.
O tempo passou e mais de 1 ano após seu lançamento, resolvi assistir Shazam! e, para minha surpresa, foi provavelmente o filme que mais me diverti do universo DC até aquele momento.
Com o sucesso tímido de Shazam!, algumas portas foram abertas, como a possibilidade de explorar novos personagens, inclusive, um personagem que há anos estava na lista para ganhar um longa próprio – e que, inicialmente, dividiria o protagonismo com Shazam em um único longa.
Após muitos anos de planejamento, a Warner Bros. Pictures e a DC Films enfim lançam seu mais novo filme, Adão Negro, protagonizado e produzido por Dwayne Johnson, que há pelo menos 15 anos tenta dar vida a esse projeto, bem antes dos filmes de Zack Snyder.
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– Não Se Preocupe, Querida | Trama mal trabalhada acaba perdendo espaço para suas fofocas de bastidores
Adão Negro conta a história de Teth-Adam (Johnson), um ex-escravo que viveu há quase 5000 anos no país fictício de Kahndaq (que seria como o Antigo Egito no universo DC). Teth-Adam virou uma lenda por ser o campeão e herói de seu povo, sendo tratado como um deus, os livrando de seus algozes e opressores. No presente, a personagem Adrianna Tomaz (Sarah Shahi) busca um artefato antigo e extremamente poderoso de milênios atrás, visando escondê-lo para que não caia em mãos erradas – no caso, de uma organização internacional que está se aproveitando dos recursos de seu país. Durante sua procura, ela encontra a tumba de Teth-Adam e o desperta, fazendo com que essa figura histórica ressurja em uma época totalmente diferente da sua.
Ter o conhecimento prévio de que esse filme está há pelo menos 15 anos nos planos de Dwayne Johnson ajuda muito a entender o porquê do protagonista te prender tanto; o ator se empenha para dar vida ao personagem, entregando um Thet-Adam imponente, sério, com uma das cenas de apresentação mais marcantes dos últimos anos. Você consegue sentir a força divina do anti-herói não só pelos músculos e trapézio proeminente, mas também ao olhar para suas expressões rígidas (no melhor sentido possível) e impassíveis, enquanto mostram uma incredulidade e pequenas reações de surpresa ao despertar em uma época bem distante da que vivera milênios antes. Além do fato de que, Adam (ou Adão) não poupa esforços para aniquilar todos os que o atacam, afirmando várias vezes que não é um herói.
Já no núcleo “civil”, além de Adrianna, temos seu irmão (que serve como um alívio cômico desnecessário) e seu filho, Amon Thomaz (Bodhi Sabongui), este último sendo o fio condutor de praticamente todos os acontecimentos do filme. Apesar de serem personagens interessantes e servirem como nosso “ponto de vista” entre os acontecimentos ligados a Teth-Adam, é exatamente através deles que o filme vai mostrando seu ponto mais fraco: o roteiro.
Os principais acontecimentos do filme são configurados em cima da relação desses personagens e sua recém-ligação com Adam. Eles servem como seu ponto de consciência ética, moral e humana (mesmo com seus poderes divinos, ele é humano), além de serem seu norte neste novo mundo em que ele acaba de despertar. A priori é muito interessante, e as cenas iniciais deles funcionam muito bem, porém, essa relação é construída em cima de todos os clichês possíveis que já vimos centenas e vezes nos filmes de super-heróis. Isso não seria ruim, se o roteiro não fizesse parecer repetitivo demais.
Além destes personagens, somos posteriormente apresentados à Sociedade da Justiça, grupo de heróis composto pelos veteranos Doutor Destino (Pierce Brosnan), Gavião Negro (Aldis Hodge) e os novatos Ciclone (Quintessa Swindell) e Esmaga-átomo (Noah Centineo), reunidos por Amanda Waller (Viola Davis, em uma participação relâmpago) para impedir o retorno de Teth-Adam, por ele ser poderoso demais.
A introdução dos heróis é muito rápida, sem construir um pano de fundo para cada um, o que é estranho já que, pela duração do filme, daria tempo de sobra.
O visual dos heróis está espetacular, assim como o uso de seus poderes em um CGI que funciona muito bem durante o filme inteiro. Destaque para Doutor Destino, que tem o melhor visual do filme, e Gavião Negro, que serve como a contraparte heroica que antagoniza com o inescrupuloso Teth-Adam.
A interação inicial entre os quatro é boa, porém, como dito anteriormente, a história não se aprofunda muito em suas mitologias. Doutor Destino e Gavião Negro têm certo destaque e algumas cenas muito importantes e bonitas, mas Ciclone, por exemplo, parece estar aqui apenas para dar closes bonitos (muito bonitos mesmo) durante o uso de seus poderes, e Esmaga-Átomo para ser o péssimo alívio-cômico em momentos inoportunos (que definitivamente não funciona, como quase todas as outras tentativas de humor no filme).
A interação da Sociedade da Justiça e seu antagonismo em relação ao Teth-Adam também agrada muito no começo, mas as mil voltas que o roteiro dá, sempre retornando ao mesmo ponto e demorando para dar o próximo passo, acabam deixando essas interações repetitivas e monótonas. Os diálogos de Adrianna, por exemplo, abordam, mesmo de maneira rasa, questões importantes como o imperialismo, colonialismo e a hipocrisia dos heróis em cima de povos que sempre precisaram de sua ajuda, mas que nunca a receberam. Isso gera um embate tanto físico quanto moral e político entre Adam e Gavião Negro, que proporciona alguns dos melhores momentos do filme. Porém, nada disso é muito aprofundado, e aí o roteiro volta se enrolar até que essa rivalidade comece a ficar interminável.
A direção de Jaume Collet-Serra é boa, assim como toda a parte técnica do filme, porém, a impressão que fica é que o diretor quis emular um pouco algumas características de Zack Snyder. Por exemplo, o uso excessivo de slow-motion é extremamente pedante.
Assim como tudo no filme, no começo é bom e empolgante, mas depois fica muito cansativo, a ponto de eu achar que esse uso excessivo foi apenas para tornar o filme um pouco maior, já que o roteiro simplesmente não consegue aprofundar a maioria das coisas que inicia.
O terceiro ato é extremamente vago, com poucas cenas marcantes e um vilão que não entrega absolutamente nada do que promete. Colocam até um pequeno artifício conhecido, que é envolver os civis na batalha, mas dessa vez é tão desnecessário que simplesmente nem deveria estar lá.
Adão Negro é um bom filme de origem com pontos interessantes, mas não consegue entregar tudo que prometeu (sim, eu esperava mais). Ainda assim, o longa diverte pelo seu visual e empolga nos momentos em que o roteiro mostra seu potencial, que não dura muito.
O CGI é muito bonito e funciona, assim como os personagens que têm seu carisma e um visual que ajuda a deixá-los mais simpáticos, já que os figurinos e os poderes são realmente belíssimos.
O roteiro realmente é o ponto fraco do filme e deixa a desejar em quase tudo. A impressão que fica é que fizeram uma história minúscula dentro de um filme de 2 horas que teve que dar voltas o máximo que pôde para cumprir esse tempo, como se fosse exigência do estúdio.
Dwayne Johnson entrega um Adão Negro (nome como é conhecido agora, após abrir mão de ‘Teth-Adam’) imponente, marcante e que com certeza vai ter muita influência nos próximos filmes deste universo, já que, como o ator disse em uma entrevista recente, Adão Negro é o primeiro passo para a nova reformulação do Universo Estendido da DC nos cinemas.
Ah! Lembra do Shazam, que eu mencionei no início do texto? Então, o Adão Negro é seu principal antagonista nos quadrinhos. Ou seja, já podemos esperar para ver os dois juntos em um longa, como era inicialmente planejado. Mas, dessa vez, já com suas mitologias construídas.
*O filme possui apenas uma cena pós-créditos, que vai deixar qualquer fã de um certo personagem aí completamente arrepiado.
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Estudante de Jornalismo, Natural da Lua & Mestre da Dobra d’Água no calor de Fortaleza.