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Alearum Liber | Crônicas do Reino do Portal

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Alearum Liber é uma série de postagens que trago pra vocês indicando livros de literatura fantástica que podem facilmente ser colocados numa mesa de jogo. E, pra estrear, vou trazer pra vocês uma escritora brasileira: Simone O. Marques, autora de sagas como As Filhas de Dana, Os Deuses do Mar e Sabores do Sangue. Mas não é de nenhuma dessas três excelentes sagas que venho falar (embora também as recomende fortemente). Trago aqui uma visão RPGística da saga Crônicas do Reino do Portal.

“– Veja, guerreiro… – a velha o olhou com paciência.

– Vocês foram escolhidos pelo Cosmo para comandarem esse mundo.”

O Enigma da Adormecida, de Simone O. Marques

O primeiro volume, O Enigma da Adormecida, traz a história de alguns jovens que simplesmente acordam em um outro mundo. Cada qual com sua história, seus sonhos, temores, personalidade. Tal qual aventureiros de primeira viagem, esses desconhecidos se veem diante de uma situação de perigo que exige de cada um o uso de suas habilidades. Alguns usam sua força. Outros, sua inteligência. Ou ainda, sua gentileza. E com direito a uma donzela em perigo. De toda forma, suas vidas começam a ser transformadas nos primeiros momentos do início do livro.

Não querendo dar spoilers e ser alvo de uma turba de aldeões enfurecidos, deixo vocês curiosos (vou deixar os links de contato). Quando comprei o livro, conversei com Simone e ela veio logo dizendo: “as Crônicas são todas inspiradas em RPG”. Foram inspiradas em aventuras solo que a escritora jogou nos anos 80, no sistema GURPS (que pessoalmente não me atraio). E, de fato, quem rola dados por aí vai logo perceber a pegada dos livros e se apaixonar, pouco a pouco, pelos personagens e tentar encaixá-los em classes, tendências, ver perícias e talentos…

E o que eu achei do primeiro volume?

Os capítulos foram se passando e este que vos escreve foi cada vez mais pensando em sessões de jogo, como adaptar cada cena, que habilidades teriam as criaturas que apareciam no caminho dos aventureiros, qual seria a classe do Eduardo ou qual o valor de Destreza da Fernanda, quanto de dano o Eric causaria e que a tendência da Adriana é certamente Neutra e Bondosa.

Conforme mais e mais páginas se passaram, vi claramente o grupo inicialmente desajustado ir ganhando a confiança uns dos outros, acostumando-se às manias e diferenças uns dos outros e vendo, com uma torcida incansável, os casais se formando na trama. Mas acho que o que mais me chamou a atenção foi a transformação de um grupo de jovens paulistas (porque, sim, os protagonistas vêm da cidade de São Paulo) em heróis de um mundo medieval mágico. E não é isso o que acontece em nossas mesas? E conta, claro, com claras referências ao mundo de RPG (inclusive ao desenho que é a obrigação de todo RPGista que se preze assistir: Caverna do Dragão).

A complexidade de cada personagem também chama a atenção. Não apenas são habilidosos, mas cada um carrega uma estrutura psicológica muito forte. Suas personalidades foram tão bem trabalhadas que não há como dizer que dois personagens são muito parecidos. Apesar de alguns traços claramente serem similares em certos casos (como a cabeça-dura de Mônica e Eric), são todos únicos. Essa mesma personalidade é moldada, maturada e lapidada no decorrer da trama, deixando clara a sua evolução e o quanto o mundo do portal os transformou.

No segundo volume, O Lago de Fogo, essa transformação é ainda mais evidenciada. Não vou me estender muito nele pra que não tenha nenhum tipo de spoiler. E pra quem pensa que eles apenas aprimoram o que já adquiriram e que não há nenhuma reviravolta na história, podem tirando o cavaleiro da chuva. Muita coisa consegue mudar nesse livro e o final ainda nos deixa mais ansiosos por mais e mais histórias. Em suma, Crônicas do Reino do Portal fala de jovens do mundo real que só querem voltar pra casa.

Pra deixar vocês com um gostinho da história, vou deixar o link do antigo blog da autora com o primeiro capítulo do livro. E, mais que isso, deixo a ficha de uma das minhas personagens favoritas da trama: a arqueira Fernanda para Tormenta RPG como eu a vejo no começo do primeiro livro.

Fernanda por João Pirolla.

Fernanda: humana, Arqueira 5, NB; ND 5; PV 42; CA 19 (+2 nível, +4 Des, +2 zigue-zague, +1 Esquiva); distância: arco do portal +13 (1d8+5 mais 1d6, 19-20/x3); hab. acrobacia defensiva, o caminho do atirador, terreno predileto (florestas +2), zigue-zague; Fort +9, Ref +11, Von +5; For 12, Des 19, Con 14, Int 13, Sab 10, Car 15.

Perícias & Talentos: Atuação (música) +10, Acrobacia +12, Cavalgar +12, Diplomacia +10, Iniciativa +12, Obter Informação +10, Ofício (desenho) +9, Ofício (pintura) +9, Percepção +8; Aparência Inofensiva, Atraente, Combate Montado, Esquiva, Mobilidade, Rapidez de Recarga, Tiro Montado.

O Caminho do Atirador: Fernanda pode, com uma ação padrão, atirar três vezes ao mesmo tempo contra alvos diferentes ou duas vezes contra um único alvo.

Equipamentos: Fernanda carrega o arco do portal, um arco longo +1 com crítico 19-20/x3. Além disso, o usuário adiciona seu modificador de Carisma ao dano causado. Também costuma carregar uma aljava com flechas obra-prima.

“– Ai, meu Deus… é o mestre dos magos… – Eduardo suspirou, encostando-se à cadeira. Aquela cena com uma mulher pequena, falando em enigmas o fez se lembrar de um desenho que assistia quando era criança.”

O Enigma da Adormecida, de Simone O. Marques

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