RPG
Alearum Liber | Os Dragões de Titânia
Publicado há
7 anos atrásem
Enquanto no primeiro texto da série Alearum Liber apresentei uma visão RPGística do fantástico Reino do Portal. Com Os Dragões de Titânia não é preciso nenhum esforço: humanos, elfos e anões se misturam na narrativa extremamente divertida de Renato Rodrigues. Os quatro volumes já lançados pela editora Linhas Tortas nos deixam cada vez mais cativados pelo grupo ao mesmo tempo tão diverso e ao mesmo tempo unido. O mundo de RPG é tão mesclado aos romances que fica difícil não descrevê-los na velha fórmula raça/classe que nós conhecemos tão bem…
“Ótimo, mais humanos barulhentos!”
A elfa cinísia Dra’hark, conhecida como Cristal Negro.
Os personagens mais marcantes, inclusive, aparecem em belas ilustrações de Carolina Mylius (o portfólio da ilustradora pode ser visto AQUI e no seu blog). Eu poderia fazer uma lista de personagens que demoraria parágrafos e mais parágrafos, mas vou deixar vocês descobrindo conforme forem lendo. Afinal, vocês lerem é esse o objetivo dessa publicação, né?
O livro chama atenção pela maneira inusitada do autor de nos jogar não num mundo fantástico misterioso, mas num mundo tão próximo de nós que parece que a capital de Titânia fica aqui no Rio de Janeiro (ou São Paulo, Fortaleza, Roma ou qualquer outra cidade). As expressões dos personagens, a maneira direta como tratam tudo e até mesmo as descrições que são feitas chegam a fazer pensar que poderíamos topar com o Khosta na esquina ou ir a uma missa presidida pela Galileia (uma das minhas personagens favoritas). Com sua pena um tanto quanto zombeteira, Renato Rodrigues faz referências nada sutis aos grandes clássicos do cinema e da literatura. E a geografia do lugar? Pense em como os estereótipos europeus podem ser jogados no meio da trama de uma maneira nunca vista antes. Ou o nome do caliente reino de Cervantia veio à toa? E nem vou falar do sotaque dos habitantes do Porto dos Gnomos, não é, gajo? O reino de Avalônia não precisa de muito mistério a respeito de quem inspirou seus magos.
– Promete não rir?
– Juro em cima do barril de conhaque dos irmãos Drinque!
Miranda e Alambique em “A Batalha de Argos”.
Com uma trama cheia de reviravoltas (algumas previsíveis e outras nem tanto), Os Dragões de Titânia conquista por sua simplicidade na linguagem, pela leitura leve e, não há como negar, por aquela eterna vontade de saber o que acontece depois… O velho “só mais um capítulo” que me fez dar uma gargalhada no meio da madrugada só reforça isso, mas deixando os vizinhos acordados de lado, é uma obra que eu realmente indico. É um livro relaxante.
Uma luz rodeou os aventureiros que começaram a desaparecer, deixando para trás a semideusa, o dragão negro e o platô em cima das frias montanhas de Titânia.
trecho de “A Dama da Montanha”.
As aventuras com suas masmorras a serem exploradas, encontros com criaturas na floresta, componentes materiais para as magias, orações, armas mágicas e a boa e velha briga de taverna figuram nas páginas dos romances com a mesma frequência com que aparecem nas mesas de RPG.
“Khosta e Diane não apareceram do nada naquela sala. Assim que puseram os pés na cidade, notaram algo de sobrenatural no ar.”
trecho de “A Queda do César”.
O grande mistério que vai englobando toda a história, os inimigos terríveis que vão e vem, os perigos, os artefatos mágicos… É como ver um mestre que transformou os dados e os jogadores em papel e tinta. Até mesmo o “quartel general” dos aventureiros têm lugar com a Pensão da Adria.
Adria, uma personagem da capital de Titânia, é uma das personagens que mais me encanta. Sua Pensão, que antigamente era a mansão de sua família, é o recanto dos aventureiros após cada missão. E é ela quem transforma, para aquele grupo tão diverso, a grande casa num lar. “Não só pelas camas feitas ou pela comida na mesa”, como reflete Khosta no segundo volume, mas pelo carinho com que cada pequeno detalhe era feito. Impedida de ter filhos, acolhe a todos como uma verdadeira mamma titaniana. A pequena mulher é o grande coração do grupo. É uma personagem marcante, cativante e, mesmo que não tenha tanta presença e nem pertença aos protagonistas, é essencial para o andamento da trama.
“Adria parecia que estava em todos os lugares. Em cada toalhinha bordada no banheiro, em cada pano de mesa ou quadradinho de manteiga em cima do pão. Em tudo aquilo tinha a marca quase invisível dela.”
trecho de “A Queda do César”.
E, para não perder o costume, venho apresentando a ficha de minha personagem favorita: a maga Miranda, ou, para usar seu nome completo, lady Maria Miranda de Las Noches. Só acho que ela deveria ter um bônus de +4 em todos os testes só por aturar o Alambique no pé dela!
Miranda: humana, Maga 9, NB; ND 9; Médio, desl. 9 m; PV 24; CA 19* (+4 nível, +2 Des, +3 Des); distância: magia +6 toque (dano por magia +9); hab. item de poder; Fort +5, Ref +6, Von +8; For 8, Des 15, Con 12, Int 20, Sab 14, Car 13.
Perícias & Talentos: Atuação (dança) +13, Conhecimento (arcano) +17, Conhecimento (estratégia) +17, Conhecimento (geografia) +17, Conhecimento (natureza) +17, Diplomacia +13, Identificar Magia +17, Ofício (alquimia) +17, Percepção +14. Aparência Inofensiva, Atraente, Estender Magia, Magias em Combate, Mago de Batalha, Poder Mágico x2, Potencializar Magia, Preparar Poção.
Magias de Mago Preparadas: I – armadura arcana, leque cromático, mísseis mágicos x3, raio do enfraquecimento; II – invisibilidade Estendida; III – imagem maior, relâmpago, relâmpago Potencializado; IV – ideia, rogar maldição; V – teletransporte; PM 33, CD 15 + nível da magia.
Equipamentos: anel de proteção +3, bálsamo restaurador, cinto de poções, essência de mana pura (x2), poção de curar ferimentos moderados, poção de escudo arcano maior, poção de nublar.
*com armadura arcana e escudo arcano, sua classe de armadura aumenta para CA 27.
“Eu não sou sempre assim…
É muita responsabilidade lidar com as magias que eu lido.”
Miranda, em “A Batalha de Argos”.
Normalmente descrito como um humano meio-abissal, Bardo 2/Mago 5/Universitário 6, Caótico e Trevoso.