Seria essa uma representação de Alien ao estilo Sense8?
Ridley Scott, o diretor que calcou o seu lugar na história do cinema com obras como Blade Runner e o primeiro Alien, retorna mais uma vez ao universo dos Xenomorfos para continuar a sua investida inicial com Prometheus, um filme que no fim das contas trouxe mais perguntas do que respostas. Todas essas dúvidas e anseios são as expectativas sobre Alien: Covenant (por que não traduziram pra Alien: A Aliança ou Alien: O Pacto? MEL DELZ!).
Em 2104, os tripulantes da nave colonizadora Covenant encontram um planeta remoto, com ares de paraíso inexplorado. Encantados, eles acreditam na sorte e ignoram a realidade do local: uma terra sombria que guarda terríveis segredos.
A premissa básica do filme é excelente. Simples e direta. Porém, na sua execução é onde começam as muitas falhas da obra.
Jack Plagen e Michael Green falham miseravelmente em apresentar os personagens. Pelo grande número de indivíduos na história, o recurso de cada membro da equipe ser reduzido a um estereótipo foi utilizado, mas de uma forma que acabou gerando personagens completamente sem carisma e jogados na trama. Desde o “Cowboy Fodão” Tennessee (Danny McBride) , o líder desconfiado e metódico Orma (Billy Crudup) e pobre Daniels (Catherine Watherson) que sofre no texto e acaba reduzida à uma “Ripley Genérica”. Apenas Michael Fassbender e sua interpretação robótica salvam.
Ah! Esqueça o resto do elenco, eles são apenas gado pras matanças regado à diálogos ruins em sua maioria criados por John Logan e Danter Harper.
Falando em matanças, aqui elas têm a sutileza de um caminhão desgovernado. Sangue jorra, aos litros, na sua cara. Esse Alien é um Slasher Movie ultra-exagerado. Usaram aqui todos os clichês pras mortes exageradas que o estilo permite, o que acabou gerando pouco impacto.
As soluções apresentadas para a trama se desenrolar são fraquíssimas. Tudo se resume à trama indo pra frente à base de desculpas e coincidências forçadas e os personagens nunca tomando as rédeas das ações. São apenas peças para a história avançar e, com isso, acabam não gerando empatia alguma. E se você não se importa com quem está na tela é por que as coisas não foram bem executadas.
Mesmo tendo uma bela fotografia de Dariusz Wolski e um excelente design de produção criado por Chris Seagers, e aqui vale o elogiar o apuro técnico sabiamente bebe dos clássicos designs do Giger e do Moebius, fazendo uma tecnologia retrô na estética das naves, dos elementos tecnológicos e que também sabe exaltar as tendências orgânicas e bizarras que esses artistas têm em seu trabalho, mas que, infelizmente, cometem o erro fatal de fazer seus monstros totalmente digitais, o que acaba com a verossimilhança, crueza e brutalidade que os Xenomorfos possuem. Vide o hoje clássico “Cheiro no Cangote” que a Ripley passa em Alien 3.
No fim das contas, apesar dos belos designs, Alien: Covenant se mostra uma das maiores oportunidades perdidas de se fazer um clássico, em vários aspectos: ao não responder as perguntas deixadas por Prometheus, ao gerar novos ganchos sem respostas simplesmente para a franquia continuar e, atrelado a tudo isso, personagens sem carisma por culpa das falhas de um roteiro que acabou entregando um filme fraco e decepcionante.
Alien: Covenant chega aos cinemas dia 19 de maio.
* O Multiversos agradece à Espaço/Z pelo convite e parceria.
Alien: Covenant
Roteiro
Elenco
Fotografia
Direção
2.5
Resumo
Alien: Covenant se mostra uma oportunidade perdida.
Personagens sem carisma e falhas de roteiro. Apesar de uma bela fotografia, é fraco e decepcionante.
Nascido em Fortaleza, trabalha profissionalmente com quadrinhos e ilustração desde 2005, quando começou a vender seus trabalhos pela Internet em sites de vendas como o E-Bay. Trabalhou para editoras norte-americanas, ministrou aulas de desenho e quadrinhos, e vem participando de diversos eventos nos Artists’ Alleys e em painéis sobre cultura pop, quadrinhos e artigos/notícias para o site do Dínamo Studios, do artista Daniel HDR.