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Amazon Prime | One Night in Miami – Crítica Sem Spoilers

Regina King marca sua estreia na direção de longas metragens ao contar a história do ficcional encontro de quatro personalidades negras dos anos 1960.

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Divulgação: Amazon Prime Video

One Night in Miami, o primeiro filme dirigido por Regina King (Watchmen), chegará ao Amazon Prime Video em 15 de Janeiro e nós do Multiversos já pudemos conferir ao longa metragem.

Na noite da vitória que lhe concedeu o título dos pesos pesados, Cassius Clay (Eli Goree), que futuramente seria mundialmente conhecido como Muhammad Ali,  vai ao encontro de seu grande amigo e mentor espiritual, Malcolm X (Kingsley Ben-Adir) e, juntamente com os seus amigos, o músico e produtor Sam Cooke (Leslie Odom Jr.) e o campeão de futebol americano Jim Brown (Aldis Hodge), irão celebrar esta noite com um bom papo entre amigos e refletirão sobre o momento e o futuro da população negra nos anos 1960 nos Estados Unidos. E os papéis que cada um deles no país.

Com roteiro de Kemp Powers (Soul), esse encontro ficcional é inspirado e adaptado da peça de mesmo nome.

O filme tem um estrutura fora do convencional, criando um primeiro ato mais rápido, que apresenta os personagens, mas que escolhe não aprofundá-los demais, apostando um tanto demais que o expectador tenha conhecimento prévio dessas personalidades. O segundo ato, bem maior, é o encontro deles todos, culminando com uma conclusão curta, finalizando a conversa e mostrando os rumos que todos tomaram, mas deixando claro que esses finais eram apenas para o filme em si e que suas vidas foram além daquele ponto.

Sam Cooke (Leslie Odom Jr.), Cassius ‘Muhammad Ali’ Clay (Eli Goree), Malcolm X (Kingsley Ben-Adir) e Jim Brown (Aldis Hodge).

Os quatro personagens são indivíduos únicos e sua personalidades são mostradas de forma clara. Cassius é o meninão alegre. Jovem e vencedor, mas que por dentro encontra-se num momento de transição espiritual que pode mudar toda a sua vida. Malcolm já era um conhecido ativista nesse momento, mas ainda era um homem com inseguranças de dar o passo maior. Sam vivia o dilema de ser um bom músico e reconhecido pelo mercado, mas ainda lhe faltava uma fatia do público e também sair de sua zona de conforto. Jim era um campeão, mas que sentiu que apenas seu título lhe dava respaldo, não a sua cor.

Ao colocar essas quatro personalidades juntas, o filme consegue prender muito bem o expectador, graças à excelente dinâmica dos diálogos, que exploram bem cada personagem, com Cassius sempre alegre, Malcom sempre medindo cada palavra, Sam sempre usando a boemia em suas frases e Jim sendo a consciência silenciosa e que fala o que é preciso e sem exageros. Os conflitos e diferenças que existem entre esses homens também são muito bem explorados. Com essa grande força nos diálogos, o filme consegue manter um excelente ritmo, sabendo bem quando relaxar e quando levantar o tom das atuações e do que está sendo contado na tela.

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Cada ator contribuí com o filme de forma excepcional. Eli Goree honra muito bem o manto de Cassius Clay e não faz feio. Kingsley Ben-Adir constrói seu Malcom X, sabe bem como manter postura magnética, mas nunca é uma figura positiva, mas sim pragmática e é interessante perceber suas mudanças de postura quando ele saí da defesa para o ataque. Sam Cooke é o baixinho da turma, mas a atuação expansiva de Leslie Odom Jr., sempre fazendo Sam se mover e falar como se estivesse no palco. E, mesmo sendo gigantesco, até maior que Cassius Clay, Aldis Hodge compõe Jim Brown como uma figura silenciosa, mas não por estar por fora, mas sim por analisar muito bem o todo e falar as frases certas nas horas certas e também por servir de apoio para os seus amigos quando eles precisam.

Todo o filme utiliza muito bem o trabalho de reconstrução de época, com cenários e figurinos bem produzidos e que refletem bem os personagens. A trilha sonora segue bem indo bem do Jazz ao Funk, com boas pitadas de Soul, acompanhando bem os momentos da trama.

Exercícios de imaginação são ótimos momentos para vermos como situações hipotéticas poderiam tem sido grandiosas. One Night in Miami nos presenteia com um desses momentos magníficos! Criado e conduzido com segurança e maestria por Regina King, o longa acerta ao mostrar também que essas personalidades são únicas e que essa reunião, mesmo que imaginária, consegue refletir o ontem e, principalmente, também o hoje.


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