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Ameaça Profunda | Água demais, filme de menos!

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Todo ano a gente começa na esperança de que vamos ter uma boa safra de filmes bons e que sejam divertidos. Que consigam alegrar e divertir.

Não precisam ser obras-primas, porque sabemos que obras-primas são raras por natureza e que filmes fracos e ruins virão porque, com uma vasta produção de longas metragens como há em Hollywood, sempre produzirão obras aquém do esperado. Infelizmente o primeiro filme do ano, Ameaça Profunda, de William Eubank, já começou no lado dos filmes que falharam.

Um grupo de pesquisadores se encontra num laboratório subaquático a onze mil metros de profundidade, quando um terremoto causa a destruição do veículo e expõe a equipe ao risco de morte. Eles são obrigados a caminhar nas profundezas marítimas, com quantidade insuficiente de oxigênio, para tentar sobreviver. No entanto, conforme se deslocam pelo fundo do mar, descobrem a presença de uma criatura mortal.

Esse filme é o que chamamos de “filme de gaveta”. Explico: Quando a Disney comprou a Fox, muitos projetos foram engavetados em definitivo, por estarem em estágios iniciais, e outros foram remanejados para outras datas no futuro. Esse filme foi gravado em 2017 e seria lançado no máximo em 2018. Daí chegamos em 2020 e temos Ameaça Profunda chegando na telona… e dá pra notar como o filme já envelheceu mal, tendo ficado na gaveta da Fox.

De cara, eu preciso tirar a Kirsten Stewart e o Vincent Cassel pra fora desse engodo. Eles estão muito bem e defendem os seus papéis com louvor. Aqui vemos como a Stewart estava num crescente de atuação e claramente esse filme soou melhor no script do que na execução. E Cassel é sempre preciso e competente.

Dito isso, o resto do elenco faz o que dá. TJ. Miller ainda está sob o efeito do seu papel em Deadpool. Jessica Henwick só faz caretas e gritinhos nervosos. John Gallagher Jr. é um peso morto e o coitado do Mamodou Athie entra para a cota de personagens negros que são os primeiros a morrer, um dos piores clichês de filmes de terror/horror.

Clichês esses que o roteiro de Brian Duffield e Adam Cozed usam ao limite. Acertam no início do filme, ao colocar os personagens e o expectador num começo em ritmo acelerado e até ousam colocar a situação de desastre em maior evidência que os personagens, mas é notório como, aos poucos, eles vão perdendo a mão e se rendendo à saídas fáceis e fracas. O filme até iria bem ao se focar na sobrevivência dos personagens, mas se perdeu completamente ao usar o monstro reciclado da vez.

Bojan Bazelli deveria voltar para a escola de cinema para reaprender como usar a fotografia para ser narrativo, e não ficar insistindo numa tentativa falha de imersão em cenas que você se perde completamente porque a geografia espacial fica uma bagunça. Como não poderia faltar, as insistentes tentativas de “jump scares” que se tornam telegrafadas de longe por culpa da fotografia óbvia e a maldita da câmera colada na fuça dos atores, tentando simular uma sensação de claustrofobia que falha, e só serve para confundir o expectador. Também temos aqui designs de produção óbvios e pouco inspirados, e as armaduras de mergulho mal copiadas de modelos oriundos de MMOs como World of Warcraft.

Ameaça Profunda é um claro lançamento a fim de amortizar os prejuízos que o atraso de seu lançamento causou. Fraco, previsível, e que tinha potencial para ser muito bom, mas falha ao tentar ser mais do que é. Esse filme funciona como um exemplo de como a Disney tentará desovar o que puder das obras finais que a Fox produziu em seus últimos meses antes da aquisição.

 


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