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Batman v Superman: A Origem da Justiça

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Já comentei aqui antes que sou fã da DC e, principalmente, da dupla Superman e Batman, então, naturalmente, a minha ansiedade por ver, e falar, desse filme estava a níveis estratosféricos, como vocês podem imaginar.

Batman v Superman: A Origem da Justiça…

O nome é forte. Forte e “entregão”.

Lembro quando, em seguida a Man of Steel, foi comentado sobre MoS 2. Lembro quando surgiu o comentário da participação do Batman no filme. Lembro quando, para alegria de muitos e para cumprir a profecia do filme ‘Eu Sou a Lenda’, foi mostrada a junção dos símbolos do morcego e do azulão. E lembro quando o título foi expandido.

Era claro que a DC após o parcial insucesso de MoS precisaria se utilizar do seu personagem que, recentemente, havia alçado Christopher Nolan ao patamar de semi-deus da comunidade nerd. Batman era a cereja do bolo para, com certeza, acalentar aquele público que estava reclamando dos mais diversos “problemas”. O problema, na minha visão, era outro: a pressa da Warner.

Com o título “A Origem da Justiça” em voga lembro de conversar com o Rildon sobre ‘quanto tempo o filme teria que ter para apresentar tantos personagens?’ como, aparentemente, estavam querendo. Apesar da “desconfiança” eu ainda estava muito crente na qualidade do filme.

E, pra ser sincero, não me decepcionei. Não tanto quanto alguns, aparentemente.

Eu, diferente de muitos, curti muito Man of Steel. Sério. Não vejo problemas na abordagem que o Zack Snyder fez do herói em início de carreira. Não vejo a “falta de coração” do filme, assim como também não vejo que o filme foi arrastado e deixou a dever na ação. Consigo ver claramente as motivações dos personagens abordados e a geração que é visada pela produção. Mas, talvez, eu consiga porque estava disposto a entender a visão do diretor e a aceitar, de bom grado, que o universo cinematográfico da DC é um universo à parte dos quadrinhos, e que o tempo para aquele Superman “Reeve” passou.

Batman v Superman, para mim, foi um bom filme de ponte, e como todo filme de ponte, cumpriu o seu papel de transitar e fazer crescer os personagens centrais da trama maior. Claro que ouve também a introdução de personagens novos ao universo abordado, mas, como haverá o aprofundamento destes em seus respectivos filmes, não sinto falta de um ‘setup’ maior para nenhum dos tais.

Henry Cavill é, pra mim, o Superman de Dan Jurgens. Quem acompanha o herói nos quadrinhos desde a década de 90 sabe do que estou falando. A postura sisuda, músculos proeminentes, o amor exagerado por Lois. Pra quem não sabe, pouco tempo antes do maior marco da história do herói, sua morte, as vendas da revista do Supeman não estavam muito bem das pernas. Uma das saídas pré-morte foi o aprofundamento da relação entre o casal Lois e Clark, a revelação da dupla identidade do herói e uma possível abordagem do casamento, que acabou sendo adiado para dar lugar a morte do maior herói da terra. Lois acabou ficando viúva antes de casar.

Consigo ver muito bem essa característica relacional na abordagem no personagem de Cavill. Um homem que encontrou alguém, além dos próprios pais, claro, em quem pode confiar a sua vida. Por mais que cobrem tanto a humanização do Superman através de um cuidado maior com a humanidade (e também concordo que isso precisa acontecer, e creio que vá), eu vejo a maior humanização do personagem no amor pela sua companheira. O amor sem reservas, sem limites. Em filmes passados o Superman “voltou o tempo(!!!)” para salvar Lois, então, não fique reclamando por ele priorizar salvá-la em certos momentos, por favor. Quer dizer que quando se tratava do Reeve ele podia e o Cavill não pode? Hehehe.

Ben Affleck se apresenta, para calar a minha boca, como o Batman definitivo. Frank Miller está extremamente presente na caracterização do herói que nos é apresentado nas telonas. O homem cansado, com anos de experiência no combate ao crime, sobrecarregado com o peso dos atos do passado e temeroso com o futuro.

A loucura de Batman é mais clara do que nunca antes abordada no cinema. Sim, loucura. Ou você acredita mesmo que um milionário que poderia reestruturar toda a estrutura social de Gotham e, a longo prazo, mudar a realidade da cidade e da vida de muitos mas prefere sair à noite e surrar criminosos é um cara completamente normal? Eu acho que não.

A disposição do Batman em espancar sem limites e até matar criminosos (mesmo que não o fazendo com suas mãos, o morcego os marca para que sofram tal destino na cadeia), e o uso de armas de fogo podem, de início, causar uma impressão estranha em quem conhece o herói mas, mais uma vez, podemos ver que Snyder leu ‘O Cavaleiro das Trevas’. Na história Batman não se utiliza de armas em punho, ‘ok’, mas tem um Batmóvel carregado de armas de fogo! E as usa conforme bem entende.

A mídia sensacionalista e muito presente em algumas cenas também me lembra muito a ambientação de O Cavaleiro das Trevas.

Em resumo, esse Batman me agrada muito.

Gal Gadot. Ah, Gal Gadot… Sempre fui partidário de que Jaimie Alexander, a Lady Sif de Thor: O Mundo Sombrio, deveria ser a Mulher-Maravilha no cinema, pra mim ela é o avatar de Diana Prince em pessoa(!), mas confesso que não tenho absolutamente nada a reclamar de Gal Gadot.

A, assim apontada, “queda de paraquedas” da personagem na história em nada minimiza a sua importância e não incomoda pela falta de explicações prévias, deixando as respostas necessárias para o vindouro filme da personagem. Carismática, linda e de feições fortes. Feminilidade e força dosadas por Gadot à perfeição! A presença da personagem é extremamente importante para o momento ao qual ela foi trazida ao enredo, a luta final.

Lex é, infelizmente, o maior ponto fraco do filme aos meus olhos. Desde a apresentação do ator e das primeiras imagens já era notória a mudança de abordagem, mas imaginei que teríamos um Lex Luthor II como na década de 90. Ledo engano.

Lex continua sendo louco, como o original. Continua sendo rico, como o original. Continua sendo genial, como o original. Mas não tem carisma nem profundidade. É uma criança mimada colocando dois cães para brigar.

A única coisa boa que vejo é a revitalização da ideia de um Lex “cientista maluco”, pelo menos em parte. Essa ideia,nos quadrinhos, foi deixada de lado na reformulação do personagem pós-Crise.

O Apocalipse, apesar dos raios, me agradou. A evolução do monstro, de forma parecida a da revista, apresentando a cada passo o aumento das estruturas ósseas e todo o mais, reforça a necessidade do final de arco como acontece. O personagem é virtualmente indestrutível, possivelmente tem poderes ilimitados e precisa ser detido a todo custo, nada mais digno que culminar no final que tem, tal qual na década de 90.

A condução do roteiro, por um tempo, se mostra arrastada e travada, como se a história tivesse dificuldade em fluir. O argumento para o “duelo de titãs” se mostrou fraco, sim, mas o desfecho me agradou, exceto pela presença da Lois. A utilização da coincidência de nomes, na minha opinião, foi uma tacada de mestre!

Mas, apesar dos pontos que, para mim, são positivos, Batman v Superman fez, sim, eu me decepcionar com algumas coisas, e muito. Me decepcionar um pouco com o embate que poderia ser melhor explorado se a Warner tivesse mais paciência, me decepcionar com um Lex, mais uma vez, mal explorado no cinema e me decepcionar, e muito, com um público que teima em querer que os filmes sejam concebidos usando uma ‘receita de bolo’.

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