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Blade Runner 2049 | Crítica (Sem Spoilers)

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Blade Runner 2049, do aclamado diretor Dennis Villeneuve (de Sicário, A Chegada e Os Suspeitos) chega aos cinemas com altas expectativas. Um misto de medo, por mexer numa obra venerada e essencial na cultura pop, mas que está sobre a chancela de um dos diretores mais renomados no mercado atual. À convite das amigas da Espaço Z, o Multiversos assistiu ao longa.

K, Ryan Gosling, é um Blade Runner, um caçador de replicantes, seres criados geneticamente para trabalhos considerados impróprios para os humanos, e ao terminar um serviço, acaba encontrando pistas que levam a um passado enterrado e que pode alterar toda a forma que esse mundo existe.

Antes de tudo, vejam os prólogos 2022, 2036 e 2048 aqui. Estes curta-metragens aumentam bastante a experiência de ver o 2049.

A narrativa que o roteiro escrito por Hampton Fancher e Michael Green é bem conduzido de forma simples e com um ritmo lento, que te segura com uma excelente construção de personagens e um desenrolar da trama seguro e sem barrigas. Os diálogos são bem construídos, sendo bastante naturais ou mecânicos quando o momento pede. Há poucos momentos expositivos no texto, e que são bem colocados na narrativa.

A fotografia magnífica de Roger Deakins é um elemento que dá vida ao filme de forma única. Deakins utiliza planos abertos como poucos hoje, elegantes, com uma organização espacial precisa e que nunca estão confusos, sejam nos momentos lotados ou até nos momentos de minimalismo visual. Deakins sabe utilizar as paletas de cores como poucos, indo do já famoso amarelo que o Villeneuve usa, às luzes neons de Los Angeles, intercalando com momentos de puro Claro/Escuro. Diferente da fotografia densa e claustrofóbica que Jordan Cronenweth fez no primeiro Blade Runner, Deakins sempre deixa tudo bem amplo e carregado de personalidade.

A trilha sonora que Benjamin Wallfisch e Hans Zimmer criaram é um elemento crucial, porque eles sabem quando utilizá-la e, melhor ainda, sabem quando retirá-la. Com isso, o trabalho de edição de som produzido pela grandiosa equipe entra em cena de forma a ser um elemento narrativo dominante, como quando maquinários emitem sons que nos remetem a tecnologia antiga. A sonorização destes maquinários são somados com um design de produção primoroso que também mostra que o tempo avançou nesse universo e criou tecnologias novas para esse mundo, e que trazem em seus visuais elementos que não escapam de similaridades com uma estética industrial do século passado. Um trabalho magnífico de Denis Gassner e Tibor Lazar. Reneé April traz um vestuário sempre clean, mas nunca leve. Os sobretudos e texturas são sempre carregados, dando mais peso ainda aos personagens e fazendo-os imediatamente reconhecíveis e personalizados.

Ryan Gosling carrega o longa. O filme é dele e a forma como ele interpreta o K é magnífica. Harrison Ford traz uma de suas melhores atuações, porque o Deckard nesse momento da trama já tem muito mais bagagem e o peso disso tudo é trazido muito bem pelo Ford. A Luv de Sylvia Hoeks é a funcionária perfeita que um homem como Niander Wallace precisa. Jared Leto acerta em dar ao personagem o ar de inteligência superior e desdém por tudo que ele considera menor e sem propósito. Dave Bautista acerta com Sapper, que ele constrói com uma segurança e serenidade à beira da explosão. Ana de Armas é um doce adendo e Robin Wright faz a boa durona de sempre.

Blade Runner 2049 é uma obra ousada, reverente e belamente bem conduzida. Uma narrativa ímpar, sem igual, que abraça os preceitos originais desse universo e os leva adiante sem nunca parecer preso a eles, e respeita o cânon da ficção científica em também trazer um espelho de seu tempo. Uma obra que vem para contar a sua história e a conta, sem cair nos vícios do cinema moderno, mas, sim, busca o que de melhor existe em todos esses anos de entretenimento. Denis Villeneuve é um autor sem igual porque se mostra como um diretor audacioso, com coragem para assumir um projeto que tinha tudo pra naufragar e, assim, nos presentear com essa obra magnífica.

Blade Runner 2049
  • Direção
  • Elenco
  • Fotografia
  • Roteiro
5

Resumo

” – Blade Runner 2049 é uma obra ousada, reverente e belamente bem conduzida.”

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