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Chamas da Vingança | Crítica (sem spoilers)

Nova adaptação do romance de Stephen King têm chamas, mas não consegue vingar.

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Sendo uma experiência que há tempos não tinha o prazer de fazer, assisti ao filme Chamas da Vingança (Firestarter, 2022) sem, de antemão, saber absolutamente nada da história.

Não li sinopse, não vi trailer, não sabia nada da trama, as únicas informações que eu tinha era que se tratava de um filme de “terror” e que o Zac Efron fazia parte do elenco.

Por ver nos créditos iniciais que o longa é baseado no livro A incendiária (1980), de Stephen King, fui pesquisar a história e descobri que, além disso, o novo filme do diretor Keith Thomas é um remake de outra adaptação cinematográfica do mesmo nome, estrelada pela atriz Drew Barrymore (que surpresa!), lá em 1984, com seus 9 anos de idade.

Sendo assim, não li o livro e nem assisti ao filme original. Então, meu primeiro contato com essa história foi nesta nova adaptação, protagonizada pelo ator Zac Efron (Vizinhos, 17 Outra Vez) e pela atriz Ryan Kiera Armstrong (Viúva Negra, Anne With an E).

Pôster de Chamas de Vingança (2022), remake do filme homônimo de 1984.

Na trama, Andy (Efron) e Vicky (Sydney Lemmon de Fear the Walking Dead) são um casal que possui poderes especiais, frutos de experimentos científicos feitos em seus corpos, quando eram adolescentes. Já na vida adulta, eles têm uma filha, chamada Charlie (Ryan Kiera), que desde o seu nascimento demonstra também possuir poderes, assim como seus pais; Charlie consegue produzir fogo, que pode ficar mais intenso e poderoso à medida que sua raiva aumenta. Esse poder acaba ficando em evidência por conta de pequenos incidentes causados pelas inseguranças da garota, fazendo com que a família seja obrigada a fugir de pessoas que querem fazer experimentos em Charlie.

A premissa é bem simples, porém muito interessante. Experimentos genéticos feitos por uma grande corporação científica, pessoas descobrindo e aprimorando seus poderes, primordialmente estes são elementos da ficção científica, e a história vai seguindo esse rumo, porém, com os dois pés no chão, sempre de maneira contida, caminhando também pelos caminhos do suspense e com umas pitadas de terror (o que eu achava que inicialmente seria o gênero principal do filme). Todos esses elementos misturados em um longa parecem gerar algo promissor na imaginação de quem lê uma sinopse que possua os mesmos; porém, neste caso, acredito que a ideia fica melhor na imaginação do que na prática.

++Leia mais:
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– Os Segredos de Dumbledore | Melhor que o filme anterior, mas parece não saber para onde ir

Chamas de Vingança é um filme confuso, com um roteiro básico que beira o vazio. A história parte do ponto A, parece que vai pro B, mas estanca e no fim volta pro A. Mesmo com a direção querendo ir pelos caminhos já citados, parece que no fim, não acerta em nenhum, entrando em consenso com o roteiro e mostrando que a adaptação é uma bagunça apática.

O Zac Efron e a Sydney Lemmon se esforçam e conseguem entregar bem seus papéis.

John Rainbird, um dos antagonistas do filme, vivido pelo ator Indígena Canadense Michael Greyeyes (Nativo da tribo Cree), é um personagem que tem bastante potencial e uma presença que causa curiosidade, porém, é também mais um prejudicado pelo roteiro, apesar de ter, no terceiro ato, uma das poucas cenas realmente interessantes do longa, ao lado da Charlie.

A Ryan Kiera Armstrong, que dá vida a protagonista do filme, é uma atriz promissora, porém, sua personagem foi um pouco prejudicada pelo roteiro, que a reduziu em gritos e ‘carões’ para liberar seus poderes, um tipo de Eleven (de Stranger Things, que até faz sentido, já que a série bebe muito da fonte de Stephen King), porém, com bem menos desenvolvimento. Em poucas cenas rápidas a personagem tem um desenvolvimento forçado para poder justificar o terceiro ato do filme, sem grandes explicações. A gente simplesmente não tem tempo de criar afeição pela garota, por conta dos cortes bruscos de cenas e pela ineficácia do roteiro em criar uma sequência de acontecimentos harmônica.

Falando em poderes, esqueçam explicações mais aprofundadas sobre o quê e o porquê; tudo é abordado muito rapidamente e de maneira vaga, deixando a gente sem a menor ideia de onde aquilo surgiu e de qual o sentido por trás, tanto das tramas quanto das motivações dos personagens. As conclusões abruptas e fáceis dos problemas enfrentados pelos personagens são tão descartáveis – e até mesmo nonsense – que beira ao absurdo.

Para não dizer que a experiência foi de toda ruim, a trilha sonora é um ponto do filme que chamou minha atenção. Pelo menos aqui, acredito que construíram algo interessante.

Chamas da Vingança é mais uma das centenas de adaptações e remakes que Hollywood tenta emplacar há anos. Alguns funcionam muito bem e conseguem justificar sua existência, o que, infelizmente, não é o caso aqui.

O filme começa interessante, mas depois se mostra apático, nonsense e sem carisma algum. Se essa era a intenção original do livro de Stephen King, eu não sei dizer; mas, aqui, as chamas não conseguiram vingar.


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