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Círculo de Fogo: A Revolta | Crítica (SEM Spoilers)

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Entre o legado de Del Toro e novos elementos, Círculo de Fogo: A Revolta, diverte. E só.

Foi no ano de 2013, que o Guillermo del Toro, que recentemente venceu o Oscar como melhor diretor, nos presentou com Círculo de Fogo. A história era efetivamente boa, mas sem dúvida nenhuma, foram às batalhas colossais e todo seu espetáculo visual que fizeram de Círculo de Fogo um genuíno sucesso.

Para aqueles nerds da velha-guarda (classe da qual eu orgulhosamente me incluo) foi a oportunidade de reviver aquelas batalhas de robôs e monstros gigantes tão populares nas décadas de 70 e 80, nos famosos tokusatsus. Grandes combates em meio a metrópoles, oceanos, desertos, florestas, pedreiras, enfim… algo saudoso de se ver! E, desde que a continuação foi anunciada, muita expectativa se formou em torno da continuação de Círculo de Fogo, afinal de contas quem não queria ver de novo Gipsy Avenger e sua trupe limpando a graxa de suas juntas com a cara dos Kaiju’s invasores, não é mesmo?

Pois essa espera acabou, Círculo de Fogo: A Revolta, chegou. Mas será que chegou para atender toda a enorme expectativa deixada pelo primeiro filme?

Partindo do início: Guillermo del Toro é um diretor conhecido pela criatividade, por imprimir uma assinatura muito própria em seus filmes, com muita qualidade não só na fotografia, mas em toda a identidade visual de suas obras. A maior qualidade do primeiro Círculo de Fogo talvez seja a forma como a fantasia é posta em tela, apresentada de uma maneira palpável. É fácil assimilar que aquele contexto fantasioso, por assim dizer, está realmente inserido no que nós podemos chamar de mundo real. Esta sensação não existe neste segundo filme, que busca através do trabalho de seu diretor, sua própria identidade, trazendo algumas novidades, sim, mas se fazendo valer de muita coisa boa deixada pelo primeiro longa. No filme, uma nova ameaça kaiju recai sobre a humanidade e o programa Jaeger entra novaemente em ação, com muitas evoluções tecnológicas que os 10 anos que separam a historia entre os dois filmes puderam trazer.

Steven DeKnight, dirige o Longa que foi produzido por Guillermo Del Toro. Steven possui pouca experiência com cinemas, sendo conhecido por seus trabalhos em televisão, o que causou um certo temor sobre o desempenho do diretor. É correto pensar que DeKnight teria dificuldades em se igualar a um filme com tantas particularidades excelentes como foi seu antecessor, por isso o caminho escolhido para contar esta nova história pelo diretor, é um tanto quanto diferente do primeiro fazendo apostas em novos elementos, numa dinâmica diferente para as cenas de ação, sem se furtar da oportunidade de fazer uso do legado deixado pelo filme de Del Toro.

O ritmo do filme flui de forma interessante, ele é intenso, mas não é atropelado, com um roteiro que se preocupa em manter os elementos que são parte da essência da obra. As referencias a obras como Godzilla, Spectroman, Neon Genesis Evagelion, Pirata do Espaço, entre outros, estão lá, dividindo seu espaço no roteiro com novidades. Algumas funcionando muito bem outras nem tanto.

O roteiro, por sua vez, é bem amarrado, mas não é complexo. A história não é incrivelmente marcante mas também não é ruim. Talvez o maior problema do roteiro é desenvolver mal seus personagens. Você acaba se importando muito pouco com eles, alguns inclusive você sente que teriam um potencial a ser explorado, mas que acaba por não acontecer. Neste aspecto os dois coadjuvantes mais interessantes são dois personagens que vieram do filme anterior, como os divertidos cientistas Newton, Charles Day, e Gottlieb, Burn Gorman.

O elenco é encabeçado pelo competente John Boyega que vive o protagonista Jake Pentecost, filho do heroico Marechal Stacker Pentecost, interpretado por Idris Elba, no primeiro filme. Mas Jake não compartilha da altivez e da referencia simbólica de seu pai, o que torna a jornada do personagem previsível, é verdade, mas ainda sim interessante e divertida, coroada pela atuação de Boyega que vem se provando um excelente ator desde Star Wars: O Despertar da Força.

Cailee Spaeny interpreta Amara e, apesar do entrosamento visível com John Boyega, a concepção da personagem acaba por aprisioná-la em inevitáveis comparações, com outras personagens femininas de sucesso recente, concebidas para atrair uma identificação de certa faixa de publico, mas, no geral, a personagem acaba por justificar sua presença. O foco do filme, decididamente, está voltado para a ação, efeitos e batalhas, profundidade para os personagens parece não ser o foco aqui. A trilha sonora dá bem o ar de sua graça. A fotografia é bem feita e os efeitos especiais muito bacanas.

Por falar em efeitos, se o visual dos Kaijus continuam assustadoramente imensos e ameaçadores, ao melhor estilo das bestas monstruosas que estrelavam os grandes seriados canonizados na cultura pop, como Ultraman e Robotech, os Jaeger mudaram, e mudaram consideravelmente! Os Jaeger agora estão muito mais ágeis, sua movimentação fluida deixou os gigantes de metal mais parecidos com os Transformers, o que desagradou alguns fãs, mesmo sabendo que a tecnologia dos gigantes evoluiu, a mudança não agradou.

Por outro lado o design e a estética dos Jaegers está ainda mais legal. As cenas de ação são muito boas, e a escolha de assistir o longa em 3D é valida.

No mais, temos um Boyega muito divertido e confortável no papel, uma história sem tanta profundidade que atende seu proposito de divertir o expectador, e nada além disso, novos elementos e a certeza de que o filme não se resolve bem entre a busca por consolidar uma nova identidade e ser uma ferramenta de transição para estabelecimento de uma duradoura franquia, ou a ideia de ser uma referencia dedicada ao legado de Del Toro no primeiro filme.

Círculo de Fogo: A Revolta
  • Direção
  • Fotografia
  • Elenco
  • Roteiro
3

Resumo

Com destaque para atuação de John Boyega, Círculo de Fogo: A Revolta atende a proposta da diversão, mas longe de ser inesquecível como o primeiro!

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