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Cobra Kai: 3ª Temporada | Crítica sem spoilers

A 3ª temporada de Cobra Kai está chegando à Netflix. Nós já conferimos a temporada completa e trazemos aqui pra vocês a nossa crítica.

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Daniel LaRusso e Johnny Lawrence estão de volta com a sua eterna rivalidade para a 3ª temporada de Cobra Kai.

Se você, assim como eu, é uma pessoa que cresceu nas décadas de 80 e 90, com seus dias regados a desenhos pela manhã e Sessão da Tarde após o famoso “Vale a Pena Ver de Novo” da TV Globo, com certeza se lembra de uma das franquias mais reprisadas nas tardes da emissora: Karatê Kid.

A série de filmes nos apresentava o jovem Daniel LaRusso (Ralph Macchio), tutorado pelo sábio Sr. Miyagi (Pat Morita), geralmente em contraste contra algum bad boy, como Johnny Lawrence (William Zabka), por exemplo, pela honra e o amor de alguma bela jovem.

Além do coração da jovem, a disputa, estava atrelada a algo de valor quase inestimável para ambos os duelistas: como o título de Campeão de Karatê do Torneio Regional de All Valley!

A franquia Karatê Kid conta, oficialmente, com 5 filmes. Sendo os 3 filmes clássicos:

  • Karatê Kid – A Hora da Verdade (1984)
  • Karatê Kid 2 – A Hora da Verdade Continua (1986)
  • Karatê Kid 3 – O Desafio Final (1989)

Depois disso, a franquia sofre uma mudança de protagonismo: sai Ralph Macchio e seu Daniel-san, e entra em cena Hilary Swank e sua Julie Pierce, e temos, então, o 4º filme:

  • Karatê Kid 4 – A Nova Aventura (1994)

Além destes, tivemos uma tentativa de retorno da franquia, em 2010, com o novo Karatê Kid sendo estrelado por Jaden Smith e Jackie Chan, onde nossos protagonistas treinam… Kung Fu!

Mas, voltemos ao que interessa.

Sem querer menosprezar o 4º filme da franquia – e procurando esquecer COMPLETAMENTE o fiasco do filme de 2010 – mas, apenas em 2018, Karatê Kid ganhou uma continuação à sua altura!

Cobra Kai é a resposta para a pergunta: “O que aconteceu com Daniel-san e Johnny Lawrence após o bicampeonato de Karatê de Daniel LaRusso?”

Se você também gostaria de saber as respostas para essa pergunta, e ainda não assistiu às duas primeiras temporadas do show, corre lá! Por mais que tentemos falar da 3ª temporada sem spoilers, o que aconteceu anteriormente será citado aqui e pode acabar tirando um pouco da sua diversão. 😉

Esteja avisado.

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A série Cobra Kai se inicia da inversão de status quo social dos nossos protagonista:

Se o Daniel LaRusso de Karatê Kid era antes um jovem pobre que sofria nas mãos do grupo de bullies, em Cobra Kai ele é um rico dono de concessionária que se utiliza do título de Campeão de Karatê de All Valley para ser o número 1 em vendas de carros e passar isso na cara dos seus concorrentes; enquanto Johnny Lawrence, o anteriormente riquinho e bad-boy, é agora um pobre que vive de “bicos” para pagar o aluguel e sua cerveja (que é, aparentemente, sua única “refeição” diária), para não ter que passar pela humilhação imposta pelo seu rico padastro, que faz questão de deixar claro que ele “nunca quis nada com a vida” desde antes da morte da mãe.

Enquanto vemos o bem-sucedido e feliz Daniel-san com sua bela esposa e filhos, vemos a desestrutura familiar de Johnny, um homem separado e que nunca se fez presente na vida do filho, Robby Keene (um jovem problemático e rebelde que vive com uma mãe, aparentemente alcoólatra, que só pensa em festas, viagens e namorados).

Diante das dificuldades financeiras do dia-a-dia, e se vendo em uma situação onde acaba por defender um garoto de um grupo que praticava bully com este, Johnny Lawrence tem a ideia de voltar aos caminhos do caratê, desta vez como sensei. Ele então reabre o Cobra Kai Dojo sob o mesmo lema original:

Strike First, Strike Hard, No Mercy!

(“Bata primeiro, bata com força, sem misericórdia!”)

Daí pra frente vocês já conseguem imaginar o que rolou, né?

A série se desenvolve sobre o eterno embate de egos e estilos de luta de Daniel e Johnny.

Entretanto, ao final da 2ª temporada tivemos o trágico embate entre Robby Keene (Tanner Buchana), filho de Johnny Lawrence e aluno do Miyagi Dô de Daniel LaRusso, contra Miguel Diaz (Xolo Maridueña), aluno do Cobra Kai Dojo de Johnny Lawrance.

Influenciado por uma recente mudança de paradigmas de Johnny, Miguel passa a agir de forma diferente ao que era anteriormente pregado no Cobra Kai Dojo e exerce misericórdia contra o seu adversário, o que não acontece em retorno.

Após um desfecho no mínimo covarde, Robby acaba por causar em Miguel o maior dano que se pode causar a um desportista: Miguel é hospitalizado e, ao que tudo indica, ficará paralisado da cintura para baixo pelo resto da vida. Conforme você pode ver no trailer abaixo:

A terceira temporada se inicia algumas semanas depois dos eventos finais da 2ª temporada.

As consequências da luta ocorrida na escola entre os dois dojos – Cobra Kai e Miyagi-Dô -, e todos os problemas causados pelo embate, ainda assombram a todos. Traumas e medos ainda estão à flor da pele de alguns dos alunos e senseis e, para a comunidade do entorno, o caratê parece ser algo a ser combatido, não incentivado.

O ambiente se torna nocivo não apenas entre os dojos, mas entre a comunidade de All Valley e os praticantes de caratê.

É importante frisar que esta temporada tem um foco ainda maior nas causas e consequências das escolhas dos protagonistas, e em como isso os afetará no futuro. O caratê está, sim, presente e permeia toda a atmosfera da série, mas de forma um pouco menor nesta temporada. Aqui os protagonistas são colocados diante de seus próprios medos: o medo da dor, o medo da perda, o medo de não voltar a andar, o medo de, mais uma vez, voltar a ser simplesmente um alvo de bully entre tantos outros.

E é em cima dos medos e superações que podemos ver, e entender melhor, alguns personagens da série. Por exemplo:

– Temos aqui Johnny Lawrence se culpando pelo ocorrido com Miguel e, mais uma vez, perdendo a perspectiva de vida. William Zabka segue, na minha opinião, como o motor central da série. O ator sabe como cativar com seu personagem antiquado e cheio de preconceitos característicos de alguém ultrapassado, mas que, com o tempo, vai crescendo e aprendendo. Além disso, dentre os personagens mais velhos, Zabka é o único que nos entrega cenas de luta decentes;

– Vemos aqui também o próprio Miguel, sem qualquer sensibilidade nas pernas, se submetendo a uma cirurgia sem ter grandes expectativas de sucesso e tendo que lidar com as dificuldades de um tratamento sem ter resultados visíveis. Pode parecer birra, mas o núcleo “bad boy” da série, centrado em Johnny, tem um casting e atuações muito melhores que o núcleo “good vibes”. Miguel segue sendo, entre os atores juvenis, aquele que proporciona as melhores cenas, seja entre ele e seus pares românticos, ou nas cenas de suas lembranças em lutas;

– Robby, o filho de Johnny e aluno de LaRusso, agora está em uma prisão para jovens infratores, para pagar pelos crimes de agressão e roubo. Além disso, agora além de não querer seu pai por perto, ele também rejeita a ajuda de seu ex-sensei, Daniel LaRusso. O que acaba sendo um prato cheio para “certos urubus”, se é que vocês me entendem…

– Também temos um retorno do próprio Daniel à Okinawa, cidade natal do seu sensei, Sr. Miyagi, onde Daniel teve um “duelo até a morte” com seu mais mortal oponente, Chozen. E, como mostrado nos trailers, Chozen está presente na nova temporada da série. O aprofundamento da história de LaRusso no show passa, necessariamente, por redescobrir a vida de seu antigo sensei. O Karatê Miyagi é redescoberto em caminhos nunca antes percebidos por Daniel e isso abre a mente do jovem sensei para o futuro do seu próprio Dojo. Além disso, ver o “ponto de vista” do Sr. Miyagi em relação à sua dinâmica com Daniel-san é extremamente saudoso;

– Ainda nesta temporada temos um aprofundamento gigante na história e trajetória de vida do ex-combatente, e novamente sensei do Cobra Kai Dojo, John Kreese (Martin Kove). Podemos ver aqui que ninguém é mal por, simplesmente, ser mal. Ou, pelo menos, não é o caso de todo mundo. A história de Kreese nos abre uma nova perspectiva sobre o principal vilão da série, dando uma tridimensionalidade não vista antes no personagem;

– Além destes, temos o desenvolvimento de personagens como Samantha LaRusso (Mary Mouser) e sua antagonista, Tory Nichols (Peyton List), que começa a ganhar mais profundidade. Tory, assim como Kreese, tem seus próprios demônios começando a ser expostos nessa temporada, e isso promete ser mais aprofundado no futuro;

– Para finalizar o núcleo principal, temos ainda o crescimento da disputa de Demetri (Gianni Decenzo) e seu ex-melhor amigo, Eli Moskowitz, o Falcão (Jacob Bertrand);

– Todos os problemas e situações citadas acontecem nos núcleos individuais de cada personagem e, em paralelo a isso, temos um temor de todos os personagens vindo à tona: o Torneio Regional de Caratê de All Valley será cancelado!

Tudo isso é feito de forma gradual e com um desenvolvimento proposto a honrar as temporadas anteriores. Nada é apressado, tudo é feito no tempo certo para que você consiga se agradar e entender todos os pontos.

Se tem algo a ser criticado na série é a sua edição. Não como um todo, mas em certos momentos de alguns episódios. Durante um período especial e delicado para um dos protagonistas, as coisas simplesmente acontecem de forma “quase mágica”. Uma edição melhor desenvolvida daria o tempo necessário para as coisas acontecerem de forma mais natural durante a temporada. Isso é tudo o que podemos dizer sem dar spoilers do que acontecerá.

Entretanto, por mais que a série dê uma certa “maneirada” na presença do caratê em seu desenvolvimento, não seria uma boa sequência de Karatê Kid se ele não estivesse ali, não é mesmo? Com relação a isso, é sensível a melhora nas cenas de luta da série.

A evolução nas cenas de luta nessa temporada não acontece, necessariamente, por uma melhor coreografia ou um maior empenho dos atores, mas por haver um melhor trabalho de câmera e corte na edição. Esse “jogo de câmeras” dá mais fluidez e proporciona cenas onde o combate parece mais rápido e mais real. Infelizmente, nas cenas onde não se trabalham com esses cortes, o combate segue soando muito falso, ao ponto de você notar os atores se socando e, em seguida, se movendo para baixo do outro para ser “submetido” a um golpe. Muito, muito feio.

Mas, apesar disso, as lutas presentes no final da temporada, são muito, muito empolgantes! Talvez não pela qualidade da luta em si, mas por todo o contexto envolvido no embate. São cenas que, com certeza, todos gostaríamos de ver já há algum tempo.

O desenvolvimento do roteiro proporciona aos combates finais uma bagagem muito maior do que apenas uma “luta de gangues” como acontecia anteriormente. Honra, amizade, amor e responsabilidades estão presentes na construção dos duelos propostos para o final da 3ª temporada de Cobra Kai.

Nota: Vale ressaltar o embate presente no episódio de Natal da série, onde temos uma versão rock de “Canção dos Sinos” tocando ao fundo, enquanto o combate rola solto e, como de costume na série, temos ali vários takes gravados em plano sequência, assim como na luta da escolha, no final da 2ª temporada.

Para você, meu amigo ou minha amiga, o que eu posso dizer é: se você, assim como eu, gostou das duas primeiras temporadas de Cobra Kai, mesmo vendo alguns probleminhas, a terceira temporada vai te empolgar muito, e te deixar com uma vontade de que a Netflix solte a 4ª temporada logo amanhã!

Cobra Kai tem roteiro e produção executiva de Josh Heald, Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg através de sua produtora Counterbalance Entertainment. Will Smith, James Lassiter e Caleeb Pinkett são os produtores executivos pela Overbrook Entertainment, juntamente com Susan Ekins, em associação com a Sony Pictures Television. Ralph Macchio e William Zabka são coprodutores executivos.

A 3ª temporada de Cobra Kai foi adiantada e chega à Netflix dia 1º de janeiro. Um ótimo início de ano, não é?!

Confira aqui: http://netflix.com/cobrakai


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