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Crítica | ‘Homem-Aranha no Aranhaverso’ é um grande acerto!

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Sony acerta em cheio com animação inovadora, divertida e encantadora.

Homem-Aranha no Aranhaverso… Pode parecer estranho que em meio a inúmeras historias do Aracnídeo que poderiam ser adaptadas ao cinema, a Sony tenha decidido justamente adaptar uma historia que trata de multiversos e realidades paralelas, e em formato de animação.

Acreditem, esta foi somente a primeira de uma série de escolhas absurdamente acertadas que culminaram num dos melhores filmes de heróis já produzidos!

Baseado nos quadrinhos escritos por Brian Michael Bendis, o filme narra a história do jovem Miles Morales, picado por uma aranha radioativa, que inspirado pela obra do falecido Peter Parker resolve usar suas habilidades sobre-humanas recém-adquiridas para se tornar o novo Homem-Aranha. Mas, para surpresa de Miles, em uma noite, ao visitar o túmulo de seu herói, ele se depara com Peter Parker vestindo o traje de Homem-Aranha. Miles descobrirá, então, que existem outros universos, com outras versões do Homem-Aranha, assim como uma ameaça com potencial de destruir toda a existência.

A turma toda reunida.

Partindo deste ponto, vamos olhar o roteiro do filme. A trama principal é focada na divertida demanda de Miles Morales, que precisa aprender a lidar com seus novos poderes e suas novas responsabilidades. Mas seu mentor, o Peter Parker de outra realidade, não é lá exatamente o guia que se esperava que fosse, o que rende cenas hilárias, enquanto que os dois personagens vão naturalmente encontrando seus verdadeiros caminhos que levarão Miles ao real patamar do que é ser um herói.

Ao mesmo tempo, os dramas da vida dos personagens são abordadas com lições de moral leves e muito bem aplicadas: a necessidade e a responsabilidade do comprometimento, os conflitos com os pais na adolescência, o medo e a insegurança que vêm com as mudanças em nossa vida, o desejo pela tão sonhada segunda chance para fazermos tudo diferente e repararmos nossos erros do passado, tudo isso trazido de maneira leve e muito natural.

O roteiro segue sendo muito coerente e bem amarrado, a ameaça é bem estabelecida e a maneira de detê-la é muito clara. Os diálogos são ótimos e contribuem muito com a imersão nas cenas, evidenciam as cenas dramáticas sem pesar demais a mão, e as piadas funcionam perfeitamente, e estão presentes na medida certa, sem exageros e sem parecer algo forçado.

A qualidade do roteiro é realçado pela narrativa fluida, que agrega os elementos do filme de maneira suave e muito natural, desenvolvendo a história num ritmo constante e agradável. Em momento algum a animação fica desinteressante ou cansativa, sendo que o clímax no terceiro no ato recebe uma atenção especial com tudo sendo mostrado em tela ao seu devido tempo.

O maior destaque da animação fica por conta de seus personagens. Miles Morales,  é um forte exemplo no quesito representatividade, além de dar um show de carisma e simpatia, em seu arco de amadurecimento em todo o filme. Curioso como todos os fatores da origem clássica do Homem-Aranha se fazem presentes na origem do protagonista, a morte do Tio, a noção de responsabilidade… Está tudo lá, mas com uma nova e interessante roupagem.

Já o Peter Parker, sugado de outra realidade, está meio longe dos padrões que estamos acostumados, pois deixou de lado seus ideais e suas responsabilidades. Mas não espere um personagem sombrio, pelo contrário, assim como Miles, este Peter tem, sim, seus dramas pessoais que são trabalhados durante a animação, mas se trata de um personagem divertidíssimo, com camadas interessantes a desenvolver e muita oportunidade para crescer em obras futuras.

Quanto às outras versões do Aranha de outras realidades, eles são igualmente bem feitos e divertidos. Se esperava que a Spider Gwen roubasse a cena, e de fato ela é uma personagem muito legal, mas foi o hilário Porco-Aranha o grande destaque, com um traço todo particular e uma animação que lembra muito o Gaguinho do Looney Tunes.

Aliás, a diferenciação do traço é uma marca desta animação, que faz de questão de não seguir os padrões de animação usuais. Enquanto que o traço do Porco-Aranha remete ao Gaguinho (inclusive nas ações hilárias do personagem) Penny Parker tem um traço que lembra muito os animes.

“Por hoje é só, pessoal.”

Quanto aos antagonistas, o principal é o Rei do Crime. Apresentado com toda a frieza, determinação e crueldade, características marcantes do personagem nos quadrinhos, sua motivação é bem construída de maneira a acreditarmos que o Rei levará a frente seus planos não importando as consequências. Junto com o Rei do Crime, nós temos a aparição do Lápide, do Escorpião, do Duende Verde, do Gatuno e até uma versão da Dra. Octopus. Entre os vilões secundários o destaque fica para o Gatuno, por conta de sua importância na trama, e cabe também o destaque para o visual dos vilões, muito bem feitos, as versões do Escorpião e do Duende Verde em especial chamam a atenção pela sua identidade visual.

O elenco de dublagem também é um espetáculo a parte, e reúne nomes como Liev Schreiber (Rei do Crime), Nicholas Cage (Homem-Aranha Noir), Chris Pine  (Peter Parker/Homem-Aranha), Haille Steinfeld (Spider Gwen), Mahershala Ali (Aaron Davis), Zoe Kravitz (Mary Jane), além de Stan Lee dublando seu próprio personagem, num momento emocionante da animação.

O traço da animação é deslumbrante, e foge totalmente aos padrões que estamos acostumados a ver em filmes deste gênero, alterna estilos, referencia diversos estilos de desenhos, e é todo construído para que o espectador tenha a sensação de estar dentro de uma revista em quadrinhos acompanhando a historia, com direito a Onomatopeias e tudo mais! A paleta de cores é viva e explode na tela proporcionando um espetáculo lindo, intenso, mas organizado de tal forma que você não se perde em cena. Mesmo nas sequências mais intensas de ação, tudo é muito visível e distinto em tela.

Por falar na ação, este é, com certeza, outro ponto alto do filme, que entrega boas sequências que misturam ótimas lutas com muitas acrobacias, sem deixar de lado o humor, que é aplicado com perfeição, deixando as cenas e a ação inesquecível.

Aliás, a interação entre os personagens é maravilhosa, tanto nas cenas de ação quanto nos diálogos dinâmicos e sempre muito engraçados.

Como não poderia deixar de ser, o filme está recheado de easter eggs e referências. Da famosa série animada do herói produzida nos anos 60, às primeiras HQs do personagem, escritas por Stan Lee, e até dos filmes da trilogia feita por Sam Raimi, com direito a passagens inesquecíveis e hilárias destes. Isso entre outras muitas referências que envolvem outros filmes e quadrinhos do Universo Marvel, além do game exclusivo para PS4 lançado recentemente.

Por fim, pensando em pontos negativos, talvez um pouco mais de tempo de tela e um desenvolvimento maior para as outras versões do Homem-Aranha, como o Homem-Aranha Noir, por exemplo, teria sido interessante, mas não é nada que comprometa efetivamente a qualidade do filme.

Na produção temos Phil Lord e Chris Miller, a dupla é conhecida pela visão única e inovadora na maioria das suas obras, e deram uma roupagem única e divertida para a franquia Anjos da Lei e para o hilário filme dos bonecos LEGO. O controverso Avi Arady e a manda chuva da Sony, Amy Pascal completam o time de produção. 

Já a equipe de direção reuniu os seguintes nomes: Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman, nomes ligados a animações como Monstros vs Aliens, A Origem dos Guardiões e O Gato de Botas. Phil Lord , Sara Pichelli e o próprio criador do Aranhaverso, Brian Michael Bendis, assinam o roteiro.

E o filme ainda possui uma cena pós-credito, muito divertida que envolve outras duas versões famosas do Aracnídeo vindas de outras realidades, com direito a Oscar Isaac na dublagem original.

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