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Crítica | Logan

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Após 17 anos como Wolverine, Hugh Jackman é presenteado, e presenteia o público, com o filme do Carcajú que os fãs sempre esperaram.

 

Com toques de Western e em um futuro não tão distante e diferente da nossa realidade, Logan nos apresenta um Wolverine maduro, enfraquecido, mas, nem por isso, menos “casca-grossa” do que conhecemos.

O ano é 2029. Os mutantes foram, em sua maioria, exterminados e há, pelo menos, 15 anos não há registro de nascimento de novos mutantes. Logan, que agora ganha a vida como um chofer de limusine, se tornou responsável por cuidar de uma das maiores armas de destruição em massa da terra: a mente de Charles Xavier. Adoecido por uma doença degenerativa, Charles carrega consigo a esperança e loucura de, em meio as adversidades causadas pela doença, ver a raça mutante seguir seu caminho, renascer, renovar-se.

Patrick Stewart é, de longe, o coração do longa. A presença do ator em cena é garantia de emoções em pico, seja pelo drama do personagem senil e sofrendo a perda de sua brilhante mente e memórias, seja pela interação paternal com o protagonista, ou mesmo como alívio cômico extremamente bem explorado e característico de pessoas mais velhas que, por conta da idade, já perderam o pudor e a compostura. Hugh Jackman se entrega, mais uma vez, de corpo e alma ao personagem de tal forma que é irretocável sua vivencia como o Carcaju.

A relação entre Logan e Charles Xavier retrata perfeitamente o sentimento vivido pelos fãs que acompanham a saga dos mutantes nos quadrinhos. A relação pai-e-filho, fruto de anos como mestre-e-aluno na escola para superdotados, onde Charles, hoje com quase 90 anos, amparava a todos e os conduzia a uma vida onde mutante e mutação pudessem viver em simbiose com o ambiente ao seu redor, é revertida. O mestre torna-se aluno. Despreparado, sem controle. O outrora brutal e animalesco aluno, hoje é o paciente mestre e cuidador. Com o auxílio do mutante Caliban, Stephen Merchant, Logan provê a Charles o necessário para viver.

Até que, claro, algo acontece…

Logan é procurado por Gabriela (Elizabeth Rodriguez, de Orange Is The New Black), uma mulher mexicana que procura ajuda por estar sendo perseguida. Após sua recusa, Logan acaba sendo trazido para dentro da realidade de fuga de Laura (Dafne Keen), uma jovem que se mostra uma mutante extremamente parecida consigo.

A apresentação dos núcleos do longa é feita na medida certa. Nenhum dos personagens importantes apresentados para a história deixa a desejar quanto ao seu background. O que não é apresentado no roteiro é o que, realmente, não tem importância.

Com um ritmo estável e bem dosado entre ação e drama, o filme trabalha bem os seus três atos e, infelizmente, tem os seus – poucos – pecados apenas por apostar em decisões óbvias demais (alguns podem, com razão, chamá-las de preguiçosas). A introdução e um inimigo clichê e sem graça, bem como uma solução por demais mastigada não tiram o encanto do filme, mas deixam no ar o pensamento “poderia ser melhor…”.

Logan segue a boa decisão que foi Deadpool, um filme adulto, em que seu personagem central é heroico, mas cinza. Nada de cavaleiro da luz, tampouco cavaleiro negro. Cenas de luta sangrentas, diálogos profundos, atuações que, ao mínimo sorriso numa mesa de jantar, deixam claro o quão importante são aqueles que fazem parte da nossa história.

Logan chega aos cinemas dia 2 de março.

Logan
  • Direção
  • Elenco
  • Fotografia
  • Roteiro
4

Resumo

Com uma fotografia bonita, sonografia clean e roteiro enxuto, Logan agrada muito bem desde o fã de quadrinhos mais exigente ao despretensioso que apenas quer ver um bom filme – se é que existe alguém assim quando se trata de Wolverine…

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