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Demolidor: 2ª Temporada

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Sou assumidamente um DCnauta, isso é evidente, claro e, pra mim, óbvio (hehehe :p ). Portanto, se você está lendo essa análise esperando favorecimentos à produção da Marvel/Netflix, por favor, me perdoe. Isso não acontecerá neste texto.

Dito isso posso, efetivamente, começar a minha crítica à série do Demolidor.

Vamos lá.

QUE SÉRIE FANTÁSTICA, ‘pelamordeDeus’!

Falar da 2ª temporada de Demolidor é um trabalho complexo para mim pois, como “não-acompanhante” do personagem, algumas coisas podem, e vão, me fugir, mas, como não consigo conter a minha animação, vamos por partes.

Poder revisitar Hell’s Kitchen como apresentado nos primeiros minutos da série, um bairro violento, corrompido e sempre necessitado de ajuda é apavorante, claro, mas ao mesmo tempo reconfortante. Reconfortante por vermos que, mesmo sem grandes tramas, Demolidor teria vida longa nas telinhas só tentando limpar o seu querido mundinho. E acompanhar só isso, aparentemente, já valeria a pena.

Mas, para a nossa alegria, não temos apenas isso na vizinhança.

A introdução do personagem do Justiceiro, inicialmente abordado como o “vilão da temporada”, é excelente para vermos o quanto o extremismo de Frank Castle, quando visto por outra ótica, é brutal. Explico. Nós, leitores, quando acompanhamos o personagem em suas estórias, muitas vezes, não paramos para refletir sobre a falta de padrão moral e humanidade do personagem. A postura adotada pelo “Punidor” não é de forma alguma apenas de punir com intenção de doutrinar, mas, de extirpar da existência o outrora infrator.

As atitudes cruéis do Justiceiro são, claro, um dos pontos em questão na série. Seria justo limar de alguém a possibilidade de arrependimento, de mudança de vida? Seriam as atitudes de Castle frutos de justiça, vingança ou loucura? Isso, de forma excelente, acaba nos sendo apresentado naturalmente e deixa no ar a reflexão.

A temporada segue a trilha iniciada de maneira excelente na temporada anterior. É mais que evidente o uso da obra de Frank Miller e Klaus Janson à frente do Demolidor. Na primeira temporada já podemos notar isso em alguns pontos como a apresentação do primeiro traje do herói, uma roupa esporte preta e tênis, por exemplo. Nesta segunda temporada temos a introdução de Elektra, personagem também trabalhada por Miller em sua reestruturação do Homem-Sem-Medo, e “eterno amor” do personagem.

Com a introdução de Elektra um núcleo à segue e a vilania da temporada muda de figura. A Mão, mais conhecida por quem já leu Demolidor como “O Tentáculo”, traz uma organização oriental (com ninjas e todo o mais) para a trama central, apresentando um vilão grande o suficiente para nos presentear com o transcorrer de episódios mais característicos da realidade de Matt Murdock jamais abordado.

O ponto alto da série, na minha opinião, se dá por volta da metade da temporada. Ver Matt exaurido e dividido entre a vida de vigilante à noite e de advogado de dia, contando apenas 24h no seu relógio, nos dá exatamente a sensação de como é excruciante ser um herói com dupla identidade. E essa É a rotina do Demolidor! Escritório e tribunal de dia, vigilância à noite. Mulheres… a toda hora!

As interações entre Matt e Elektra deixam claro o quão profundo e marcante foi a relação dos dois personagens e, portanto, criam, juntamente com Karen Page, um tom diferente do início da trama.

A dualidade de posturas, e dificuldades, de Murdock quanto a sua rotina como advogado e vigilante pode ser comparada com a sua relação com Karen e Elektra. Com Karen o bom moço que anda na linha e dá um passo de cada vez. Com Elektra o ‘demônio audaz’ que flerta com o perigo na vida pessoal e no trabalho.

Falando em ‘demônio audaz’, deixo aqui a minha única crítica à Netflix em relação a toda a temporada. Entendo perfeitamente a decisão de deixar o nome dos personagens em inglês na legenda. A fidelidade à língua original na tradução antiga era, aparentemente, mínima e Demolidor não faz jus ao ‘demônio audaz’ (Daredevil) do título original, muito menos o Punisher virar Justiceiro (seria mais justo um ‘Açougueiro’ ou simplesmente ‘Cabra-ruim’, hehehe). Mas, confesso que me incomodou um pouco não ver os nomes que, há tempos, já estou acostumado.

Demolidor, juntamente com Jessica Jones, claro, seguem mostrando que a Netflix sabe, e quer, fazer adaptações de heróis com a qualidade que estes merecem.

Eu já estou ansioso por Luke Cage em setembro.

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