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Doutor Estranho no Multiverso da Loucura | Longa se destaca por (enfim) inserir terror ao MCU

Novo filme do Doutor Estranho tem em seu diretor, Sam Raimi, a sua maior força para alavancar um roteiro que perde oportunidades.

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Quando o Marvel Studios anunciou a chegada de Doutor Estranho ao MCU em 2016, nos prometendo aventuras psicodélicas, magia e terror, não foi exatamente assim o que acabamos recebendo naquela época. Por mais que tais elementos estivessem presentes, tivemos apenas um leve vislumbre desses conceitos em seu primeiro filme. Seis anos após o primeiro longa e muitas participações em filmes subsequentes, eis que enfim temos a oportunidade de conferir Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, tão aguardada sequência, também muito esperada por causa da brilhante adição do diretor Sam Raimi (da trilogia original de Homem-Aranha) de volta ao universo dos quadrinhos Marvel.

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Logo na primeira cena de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura já conseguimos ver a marcante assinatura de Raimi, com seus movimentos de câmeras incomuns, monstros, gritos e mortes impactando quem esperava ver um filme Marvel dentro de sua fórmula já tão conhecida e desgastada. Cena também que já estabelece como será o ritmo alucinante que irá permear todo o filme, algo que, a meu ver, foi um ponto negativo para a trama de DE2, mas falaremos disso um pouco mais a frente.

Contando com roteiro de Michael Waldron (Loki), DE2 não se prende em explicar conceitos já vistos em produções anteriores, utilizando de diálogos simples e diretos para não alienar o grande público que, por ventura, não esteja familiarizado com todo o MCU. Entretanto, seu começo relativamente bem escrito acaba perdendo-se nesses mesmos conceitos no desenrolar da trama, enfraquecendo um roteiro que, vez ou outra, não compactua com eventos de filmes anteriores. Por sorte, aqui temos a excelente direção de Raimi, que graças ao seu feeling pontual para o humor excêntrico e o terror slasher, conseguem fazer de Multiverso da Loucura o filme mais diferente e inovador de todo o MCU, trazendo um clima amedrontador que se segue até nas poucas cenas de respiro do longa.

Tal mergulho neste terror é brilhantemente potencializado pela estonteante atuação de Elizabeth Olsen, que passeia belissimamente entre a doçura de Wanda até a crueldade sanguinária de Feiticeira Escarlate, entregando aqui o seu melhor trabalho no MCU, e talvez, quem sabe, de toda sua carreira. Contudo, posso afirmar que seu arco (sem querer dar spoiler) pode ser considerado um retrocesso, se levarmos em consideração sua história em WandaVision. Parece que a pobre Wanda, desde que foi apresentada em Vingadores: Era de Ultron, luta sempre por perdas em sua vida: primeiro seus pais, depois seu irmão, depois seu amor e agora seus filhos. Olsen, como sempre, nos entrega tudo em suas atuações, entretanto, tal feito de roteiro me deixa a impressão que a Marvel ainda não encontrou um novo conceito de história para entregar a personagem, que já vem sendo castigada desde sua inserção ao MCU.

— Parem de fazer minha Wanda sofrer, gente!

Assim como Olsen, Benedict Cumberbatch imprime novas camadas ao seu Stephen Strange. Em sua melhor aparição na franquia, o ator leva o mago por uma jornada emocional transcendente, embora não tão marcante, deixando claro que Estranho ainda tem muito a nos mostrar em histórias futuras.

Benedict Wong, Xochitl Gomes e Rachel McAdams, respectivamente Wong, América Chávez e Christine Palmer, apesar de não terem tanto tempo de tela para brilharem como seus colegas supracitados, conseguem entregar o que o roteiro os propõe, dando sentimento e coração a trama sombria de Raimi.

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Uma aventura alucinógena

Os efeitos visuais de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, apesar de não serem impecáveis, consegue ser bem utilizados por Raimi, montando um espetáculo visual de encher os olhos de quem assiste. Seja quando Estranho acaba atravessando as barreiras do multiverso junto de Chávez ou correndo atrás de um McGuffin, o filme preocupa-se em ser cuidadoso em cada novo cenário, para que assim possa ser incrível e arrebatador, como o próprio diretor conta nos extras do longa. Tal feito pode ser muito bem aproveitado e melhorado nas próximas produções Marvel.

As cenas de ação também são um prato cheio, revelando sequências de feitiços chocantes e até cenas de lutas corpo-a-corpo que podem ser comparadas a Soldado Invernal e Ultimato, estabelecendo Multiverso da Loucura como um dos filmes mais visualmente incríveis do MCU.

Nem tudo é perfeito

Entretanto, como já havia dito acima, o fraco roteiro de Michael Waldron falha em alguns pontos da trama em não desenvolver muitos dos seus personagens. Apesar de já conhecermos quase todos, tais arcos aqui apresentados não ganham tanta profundidade como deveriam, sendo apenas pincelados em certos momentos do filme.

O roteiro apressado, quase um filme no stop, se preocupa mais em avançar na história, atropelando conceitos e tramas que mereciam um pouco mais de relevância. O próprio multiverso em si, que se esperaria ter um destaque maior neste filme, não o tem e mais uma vez somos apresentados a uma história que nos prepara para algo que, aparentemente, nunca chega. O que nos leva a pensar que: caso DE2 estivesse nas mãos de um diretor mediano, seria apenas outro filme esquecível dentro do MCU. Por sorte, temos Raimi que, graças ao seu brilhantismo e forte assinatura, nos entrega um filme diferente e arrojado em vários aspectos.

Reproduzindo toda a grandiosidade da trilogia Homem-Aranha, trazendo de volta as peculiaridades que o tornaram tão conhecido, Sam Raimi, apoiado ao seu brilhante elenco, nos mostra que Doutor Estranho no Multiverso da Loucura já ficou marcado como um dos melhores e mais ousados filmes de todo o MCU.


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