Editorial | Opinião

“Eu não entendi…”

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Fala, galera!

Estávamos eu e uns amigos (abração à galera do CosmoNerd) a discutir cinema na gravação de um podcast com um tema que girava em torno de “a aplicabilidade da física em alguns filmes de Sci-Fi”.

Pois bem, em meio ao papo me veio à mente 2001 – Uma Odisseia no Espaço, filme baseado na obra de Arthur C. Clarke e dirigido por Stanley Kubrick. O livro é bem explicativo, afinal Clarke era um escritor que gostava de deixar tudo bem claro, sem confusões e aberturas para novas interpretações. Agora, quando na equação entra o Senhor Stanley Kubrick (que é um diretor que sou fã do trabalho e que deixou uma marca única no cinema), bom, a loucura lisérgica toma conta.

Não foi a primeira vez que comentei não haver entendido o filme. Certa vez, em uma roda de amigos em um bar, cheguei a comentar que não entendi a película, na ocasião recebi alguns olhares de colegas que trabalhavam comigo (bons tempos da Aza Vídeo), que me olharam com incredulidade e certo desdém: “Como você não entendeu a genialidade de Kubrick? ¬¬”. Fiquei calado com vergonha da minha ignorância.

Hoje percebo que, com a força da internet, somos cada vez mais obrigados a ‘saber de tudo’. Não podemos simplesmente dizer: “Eu não entendo”. Não é sua obrigatoriedade saber da resposta da vida, do universo e tudo mais.

Cada vez mais percebo como o tráfego de informações e opiniões é extremamente constante, e nos tornamos em críticos de tudo e entendedores de todos os conceitos filosóficos, não sobrando brecha para a dúvida. Afinal, é feio admitir a ignorância.

Estamos cercados de sommelieres da cultura pop. Grandes engenheiros, nobres bacharéis, doutorados em toda a informação que ficamos até constrangidos em admitir o desconhecimento de um filme, livro ou quadrinho.

Mas calma, não é por ai.

Não ter conseguido assimilar tudo o que a obra tem a passar não é nenhum problema, afinal, às vezes o autor quer mesmo gerar essa confusão e abrir a discussão ao debate de ideias. Um simples ‘não sei’, pode criar um excelente debate, onde pensamentos divergentes podem tentar chegar juntos a uma conclusão, e mesmo um ‘vamos rever a obra?’ pode te fazer perceber pontos que passaram despercebidos e te fazerem criar sua própria conclusão.

Posso dizer que essa mudança de postura de minha parte, em admitir o meu não-entendimento de tudo, me trouxe excelentes papos e conjecturas mais bizarras possíveis. Desde tentar entender a mente de Aronofsky e Lars Von Trier, até uma conclusiva e louca verdade do universo bizarro de Mestres do Universo (sim, estamos falando do de você, senhor He-man).

Venho concluir que um ‘não sei’ pode te trazer mais conhecimento, e risadas, do que um ‘eu entendo tudo’. Afinal, ‘entender tudo’, às vezes, é chato pra caramba.

Ao menos é o que eu acho.

Ou não.

Na verdade, eu não sei…

 

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