Publicações independentes xerocadas em preto e branco, de pequena tiragem e sem visar lucro: temos aqui a definição de fanzine que mais se aproxima daquela descrita por Henrique Magalhães em O que é fanzine, livro da Coleção Primeiros Passos, publicado em 1993. Os fanzines estão por aí: nas mochilas, na plateia dos shows de rock, nos manifestos dos punks, nas salas de aula como ferramenta pedagógica.
Misto de literatura e mídia alternativa, historicamente, os fanzines levam mundo afora temas de interesse de um determinado grupo nem sempre populares, ou abordagens nem sempre usuais sobre esses temas. A origem do objeto e do nome fanzine está associada a necessidades de fãs (do inglês fan) norteamericanos de ficção científica na década de 1930 de falarem para si mesmos, criando então uma revista (magazine, em inglês).
Os fanzines funcionaram como um espaço de discussão que não era dado pela mídia convencional, sendo apropriados por outras galeras: quadrinistas, roqueiros, poetas, escritores.
Um pouco do panorama dos fanzines no Brasil está no documentário Fanzineiros do século passado, de Márcio Sno. Em três capítulos, tem-se a fala de produtores e pesquisadores sobre essa mídia. No Ceará, o documentário Zine-se: mensageiros de papel, de Gladson Caldas, trata do evento nômade realizado nos anos 2000, onde editores cearenses de fanzines se encontravam, em Fortaleza, para trocar suas publicações.
Outra boa fonte para quem se interessa pelo assunto é o zine-catálogo Esputinique, editado pela Fernanda Meireles, entre 2002 e 2005. Nele, há resenhas de zines de diversos formatos e temas enviados de toda parte por meio de cartas à Fernanda, que defendeu em 2013 sua dissertação de mestrado sobre a construção dessa rede afetiva, favorecida pela troca de zines e cartas, que pode ser lida aqui.
Para quem curte quadrinhos, foi lançada esse ano a antologia Seres Urbanos, com quadrinhos cearenses produzidos entre os anos de 1991 e 1998 (preciso dizer que é underground?). Produção mais recente ? não menos underground ? é a do cartunista Guabiras. Uma amostra da nossa cearensidade moderna/caótica/plural/imoral desenhada pode ser vista aqui.
Se depois dessa leitura você quiser fazer um zine, aqui vai um tutorial.