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Homem-Formiga e a Vespa | Crítica (Sem Spoilers)

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Emoção e diversão ao melhor estilo “Sessão da Tarde”!

2018 definitivamente é o ano da Marvel! Pantera Negra chegou com um discurso político poderoso, provando que os filmes de herói tem, sim, muito a dizer. Em seguida, o aguardado Guerra Infinita chegou para superar todas as expectativas e causar um impacto único nos fãs com seus eventos dramáticos e absolutamente imprevisíveis.

É com este clima pra lá de favorável que Homem-Formiga e a Vespa, o mais novo produto do Universo Cinematográfico Marvel, chega aos cinemas.

Para começar a analisar este filme, antes de tudo, precisamos moderar nossa expectativa quanto ao longa, graças às notícias e imagens vazadas do set de gravação de Vingadores 4, que indicavam que tanto o Homem-Formiga quanto o Reino Quântico, uma dimensão subatômica apresentada no primeiro filme do herói, teriam grande importância na busca das respostas tão desejadas pelos fãs carentes de informações desde Vingadores: Guerra Infinita. E sem dar spoilers, é muito correto afirmar que, se você espera encontrar este tipo de resposta neste filme, você irá se decepcionar, ainda que o filme cumpra seu papel de apresentar o reino subatômico e de integrar o Homem-Formiga à história iniciada em Guerra Infinita.

O Reino Quântico em ‘Homem-Formiga e a Vespa’

A história acompanha Scott Lang em prisão domiciliar, convivendo com as consequências de suas escolhas em Guerra Civil. Scott mudou, parece mais maduro, se tornou um pai ainda mais zeloso e amoroso, lamenta a todo o mundo o rompimento com Hank e Hope, que agora são fugitivos da justiça, sempre se escondendo. Enquanto isso, Hank finaliza seu mais novo experimento, um túnel que criará um portal para o Reino Quântico, de onde espera resgatar Janet Van Dyne, mãe de Hope e sua esposa, perdida nesta dimensão subatômica há 30 anos.

E é exatamente sobre essa operação de resgate que o filme trata, e neste caso menos é mais! O roteiro que, à primeira vista, pode parecer excessivamente simples, na verdade se prende em contar uma boa e episódica história, perdendo tempo somente com explicações e apresentações necessárias, e esse tempo geralmente é curto e muito bem aproveitado, propondo um ritmo interessante ao filme que faz uso de outros elementos para ganhar corpo. E esse é o ponto onde o filme mais acerta!

De forma correta, o filme faz uso dos elementos dos filmes de aventura e perseguição típicos dos anos 80 e 90. E o faz com muita excelência. É curioso que, de forma geral, todos nós esperamos que os filmes de super heróis flertem, com uma certa intensidade e frequência, com outros gêneros, principalmente para a manutenção da longevidade do gênero em si. E isso Homem-Formiga e Vespa o faz muito bem! Ele é, sim, um filme leve, com uma historia que tem sua conotação dramática, mas que se mantém no tom divertido, com piadas inteligentes e bem inseridas que somente aumentam nossa imersão na trama. Além do humor, as cenas de ação e perseguição são muito bem feitas, corretamente coreografadas e tem seus melhores momentos protagonizados pela Vespa. Assim como toda a ação do filme, as sequências de perseguição são extremamente divertidas e bem feitas, similares aos filmes de aventura de anos 80 e 90, sim, mas com seus elementos próprios que trazem uma particularidade toda especial ao longa neste aspecto. E, claro, não podemos deixar de mencionar a trilha sonora que casa com perfeição, principalmente com os momentos de ação.

Ação, aventura, humor e perseguições. O pacote não ficaria completo sem altas doses de emoção. E elas permeiam o filme o tempo todo. Quer sejam pelos sentimentos e relações familiares, pelo desejo de viver, pelo medo do fracasso… Enfim, de forma leve, mas muito presente, o longa expõe várias emoções, trabalhadas corretamente para atingir o ápice da comoção no esperado clímax do filme. E como não poderia ser diferente, aquela mensagem de otimismo e esperança e, por que não, redenção também se faz presente, típico da conhecida “Fórmula Marvel”.

Entregar um filme com esta base narrativa poderia parecer algo até certo ponto previsível e perigoso mas, fazer uso de um gênero tão bem explorado nas décadas passadas, incluindo elementos novos e muito particulares ao herói protagonista e suas qualidades e, principalmente, limitações foi um enorme acerto do diretor Peyton Reed, que já havia feito um trabalho digno em Homem-Formiga (2015) após pegar o bonde literalmente andando com o desligamento de Edgar Wright do projeto. Novamente ele consegue propor ótimas soluções de roteiro, gerando cenas e sequências difíceis de serem esquecidas cuja soma de todos os elementos faz com que Homem-Formiga e a Vespa fuja da temida mesmice de filme de super-herói.

O diretor, Peyton Reed.

Outro ponto que merece destaque neste filme são os personagens. Sem grandes necessidades de apresentações, o filme se dedica a desenvolvê-los propondo diálogos interessantes, dinâmicos e em sua maioria muito divertidos.

Paul Rudd está novamente muito confortável no papel de Scott Lang/Homem-Formiga, transparece seus medos, arrependimentos e decepções, mas sem carregar um fardo pesado demais por isso, já que seu personagem parece deslocado o tempo todo dando pitadas de humor aos momentos mais pesados ou mais tensos. Paul Rudd, que integra a equipe de roteiristas do filme, tem novamente um desempenho digno de elogios.

Evangeline Lilly está ótima no papel de Hope Van Dyne/Vespa. A personalidade forte e decidida da personagem contrasta com a doçura e o comovente apego a esperança de resgatar sua mãe, e o relacionamento com o pai. Hope protagoniza as melhores sequências de ação do filme, além de viver as voltas no divertido e mal resolvido romance com Scott Lang.

Carismática, Hope é mais uma integrante do poderoso time de personagens femininos fortes que a Marvel vem concebendo.

O elenco ainda conta com o retorno de Michael Peña, que está ainda melhor que no primeiro filme, com ótimos momentos e cenas hilárias. Em uma delas é possível ver tanto a qualidade do ator quanto o cuidado e capricho do filme no tocante a montagem e fotografia. Randall Park fecha o quadro de personagens modulados dos filmes de aventura dos anos 80 (neste caso ele é o policial que sempre fica pra trás) na pele do federal que fica na cola de Scott Lang, Jimmy Woo.

Abby Ryder Fortson, retorna no papel de Cassie Lang, filha de Scott. A garota está mais velha e ainda mais apegada ao pai, num relacionamento de cumplicidade e admiração mútua. Entre os muitos easter eggs e referências do filme, temos um ligado diretamente à garotinha que, nas HQs é conhecida como a heroína Estatura. Há quem diga que Cassie pode, num futuro próximo, integrar uma eventual equipe dos Novos Vingadores nos cinemas, uma versão adolescente da maior equipe de super-heróis da Marvel.

Laurence Fishburne interpreta Bill Foster, um cientista que teve uma desavença com Hank Pym no passado, e ambos se tornaram desafetos. Laurence tem mais uma de suas performances simples, mas carismáticas. Sua interação em cena com os demais personagens funciona bem e seu personagem nos reserva uma surpresa ao longo do filme, mas que no final acaba por não surpreender tanto assim. Ainda sobre Bill Foster, nos quadrinhos ele é o alter ego do super-herói Golias, e o filme acha um jeito muito bacana de fazer uma referência a este fato.

Mas ninguém abrilhanta tanto o elenco de Homem-Formiga e a Vespa como Michael Douglas e Michelle Pfeiffer. O primeiro trouxe novamente consigo todos os componentes para estabelecer o cientista Hank Pym, que se despiu da armadura de insegurança, rancor e culpa que o atormentavam no primeiro filme, para se tornar uma pessoa tomada pela esperança de ver sua esposa novamente. Douglas é um ator que dispensa comentários e seu entrosamento com o restante do elenco é excelente. Sua performance em cena com Evangeline Lilly transmite a verdade do amor entre um pai e sua filha. Quanto a Michelle Pfeiffer, apesar do pouco tempo de tela, você entende por que a atriz é uma das damas de Hollywood. Coube a ela a cena mais comovente do filme, na qual Michelle transmite uma emoção genuína e adequada para o momento. Sua personagem Janet Van Dyne, também pode acrescentar muito para a sequência do Universo Marvel nos cinemas.

Hannah John Kamem assume o manto da vilã Fantasma. Seguindo o que parece ser uma nova tendência para os vilões da Marvel, a vilã deste filme tem seu aspecto humano como traço mais forte. Ava Starr não possui uma natureza essencialmente má, na verdade ela foi transformada no que é e sem muitas escolhas teve seus “talentos” submetidos a interesses de pessoas e organizações, onde o bem estar da garota nunca foi prioridade. Curioso como a origem da personagem está intimamente ligado a Hank Pym e seus experimentos. O filme por sua vez traz duas versões para esta história e não deixa claro qual das duas é a real, deixando a cargo da audiência a opção de acreditar, ou não, em uma versão que coloca em dúvida a ética e o caráter do próprio Dr. Pym. No final, as motivações da Fantasma, remetem pura e simplesmente ao seu desejo de parar de sentir dor, ao seu desejo de viver!

Completando o quadro de antagonistas, o competente Walton Goggins entra na pele do vilão Sonny Burch, típico gangster dos filmes de aventura dos anos 80, que se esforça para manter uma atitude elegante e ameaçadora, mas na verdade, ele e seus atrapalhados capangas não fazem quase na direito, ao melhor estilo “Dick Vigarista e os irmãos Bacalhau”. Goggins dá o tom da vilania genuína ao filme, sem ares obscuros e mantendo o ar cômico recorrente de todo o filme.

A qualidade dos efeitos especiais é visível. Sobretudo a beleza da explosão de cores e formas do Reino Quântico, sendo que a técnica de filmagem favorece e torna muito agradável a experiência em assistir o filme em 3D.

De negativo, a linearidade da historia que segue sem grandes pontos de virada e sem surpresas realmente efetivas. Outro ponto negativo, o personagem de Laurence Fishburne, cujo potencial poderia ser melhor explorado, quem sabe para Homem-Formiga 3.

Homem-Formiga e a Vespa é um filme típico de Sessão da Tarde, pensando no melhor que essa expressão possa representar. Uma aventura divertida e emocionante que no final preza por valorizar a importância da família e das pessoas que amamos.

E tem uma cena pós créditos… Uma das melhores e mais importantes do Universo Cinematográfico da Marvel até agora.

Homem-Formiga e a Vespa está nos cinemas.

Homem-Formiga e a Vespa
  • Elenco
  • Roteiro
  • Direção
  • Efeitos Especiais
3.3

Resumo

Homem-Formiga e a Vespa é a prova de que como a Marvel marca esta geração, assim como Star Wars e Harry Potter marcaram gerações passadas, é um filme contido mas disposto a valorizar principalmente a família. É um balsamo de alívio e conforto para os fãs depois da consternação de Guerra Infinita.

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