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Liga da Justiça | Crítica (Sem Spoilers)

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Liga da Justiça, novo filme do universo cinematográfico da DC Comics, subsidiária da Warner, chegou aos cinemas brasileiros e, à convite da Espaço Z, nós já conferimos.

Sinopse
“Após investigar pistas que revelam a presença de seres extra-terrestres no planeta, Bruce Wayne está convencido de que a existência do Superman era a última barreira que impedia uma invasão à Terra, e que, com a morte do herói, se faz necessária a união de um grupo de super-seres para tentar impedir o desfecho que se mostra iminente.”

Partindo dessa premissa simples Zack Snyder, Chris Terrio e Joss Whedon apresentam o filme que tem por objetivo determinante não ser a “gota d’água” no universo DC no cinema, o que abriria as portas para um reboot do universo num futuro próximo. Ou seja, seu objetivo é ser um ponto de RE-ignição, mas sem maiores traumas à franquia (segura essa referência, herói de guerra concorrente!).

O roteiro de Liga da Justiça se mostra simples e objetivo: “precisamos unir um grupo de seres super-poderosos para impedir uma invasão alienígena que pode acabar com a vida da Terra no processo” (Hum… onde já vimos isso antes, hein?). Nada demais. Nada de novo. Nada que, aparentemente, já não tenhamos visto.

O longa de 121 minutos tem um roteiro simples e regular, que se utiliza dos seus personagens já conhecidos de filmes anteriores e adiciona novos componentes ao grupo de forma gradual. Com um primeiro ato de cenas bem intercaladas entre as ações do vilão Lobo da Estepe, em sua caçada pela força necessária para iniciar sua invasão, a apresentação de novos heróis e a busca de Bruce Wayne e Diana Prince por estes futuros parceiros de equipe, o filme se inicia de forma dinâmica, mas sem se perder em cenas de ação desnecessárias.

Os personagens, sejam os bastiões já previamente trabalhados ou os novos membros, mantém com uma caracterização relativamente bem feita. Ben Affleck imbuiu uma simpatia e liderança ao seu Batman, apesar de, infelizmente, acabar sendo obrigado a levar o personagem para a galhofada, enquanto Gal Gadot apresenta as feridas, aparentemente ainda abertas, causadas pelas perdas no caminho da sua Mulher-Maravilha. Ray Fisher traz uma personificação fiel e respeitosa com a origem do Ciborgue nas HQs, com sua sensação de deslocamento, de “não-pertencer”, de que seu lado máquina acabará sobrepujando sua humanidade. Jason Momoa tem um Aquaman badass e natural que aparenta não ter qualquer distinção entre ator e personagem, e Ezra Miller é, pra mim, o maior destaque no elenco com o seu Flash simpático, brincalhão, jovem, deslocado em meio à deuses, mas disposto a fazer o que os heróis fazem: enfrentar seus medos para salvar outros.

Em seguida temos o que seria um grande spoiler, não fosse o fato de já ser de conhecimento público: o personagem do Superman é reintroduzido ao universo. Não que ele não estivesse ali. Ele estava. Sempre esteve. Estava em essência. Estava na referência heroica. Estava muito presente, inclusive, pela sua ausência sempre lembrada.

Por mais que o filme seja conduzido pela dupla Batman e Mulher-Maravilha, é o espírito do Superman que faz a Liga da Justiça se unir. E isso é claro, e muito bem-vindo. Henry Cavill e seu Superman, sofre com o CGI e a notória mudança de direção, mas ganha seu merecido destaque quando apresentam o herói que não carrega mais sozinho o peso de salvar o mundo.

O elenco de apoio ajuda a dar profundidade aos heróis, apresentando alguns elementos da sua vida “fora do traje” e são utilizados de maneira natural e sem forçar a barra. Além, é claro, de apresentarem-se, em alguns casos, como personagens que estarão nos elencos dos próximos filmes da franquia, Flash e Aquaman.

O ponto mais alto a se criticar, além da descaracterização do Batman, é o vilão Lobo da Estepe, interpretado por Ciarán Hinds. Não pela sua utilização, abordagem ou atuação, mas, mais diretamente, pelo CGI e pelo aparente buraco no roteiro. O vilão seria um bom antagonista aos heróis dentro de um roteiro melhor desenvolvido, mas parece vazio. Não surge com grandes aspirações de ser um vilão a ser lembrado, ele apenas cumpre o objetivo de fazer frente ao recém-criado grupo e pronto. Nada mais.

Estruturalmente é possível notar a influência dos dois diretores na condução do longa. E esse é o verdadeiro vilão do longa. Liga da Justiça, infelizmente, não é um filme com personalidade própria. O fato de ser uma colcha de retalhos atrapalha no seu plot central. Zack Snyder está ali presente nitidamente, tanto quanto a mão de Joss Whedon nas interações entre os heróis. O filtro do visionário dá lugar à paleta de cores mais cobrada do cinema. Temos slow motion e poses heroicas, mas temos também as piadinhas entre o elenco. É notório também o quanto Geoff Johns influencia o roteiro com pitadas de elementos que apenas os fãs de quadrinhos mais antigos notarão.

Aos expectadores de ouvidos mais atentos há a possibilidade de se encantar com a trilha sonora de Danny Elfman e se emocionar com nuances da trilha sonora do Batman de 1989, ou ainda, segundo colegas presentes na cabine de imprensa, leves sinais da trilha sonora do clássico Superman de Christopher Reeve, em meio aos já conhecidos temas dantes apresentados para a Mulher-Maravilha, Batman e Superman.

Liga da Justiça encerra seu tempo de tela relativamente bem, mas deixando um gosto de “poderia ser melhor”. Apesar disso, é um destino bem melhor do que o de navio naufragante que tantos agouravam.

Liga da Justiça está em cartaz nos cinemas.

Liga da Justiça
  • Direção
  • Elenco
  • Fotografia
  • Roteiro
3

Resumo

Liga da Justiça é um filme divertido. Nada mais.

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