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Link Perdido | Crítica (SEM Spoilers)

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Link Perdido, a mais nova animação do Estúdio Laika, também conhecido pelo excelente Kubo e as Cordas Mágicas concorrente ao Oscar de Animação no ano de 2016, chega aos cinemas e nós do Multiversos já conferimos. Agradecemos também o convite da Espaço Z nossas grandes parceiras e amigas.

Sir Lionel Frost se considera o melhor investigador de mitos e monstros do mundo. O problema é que nenhum dos seus colegas o leva a sério. Sua última chance para ganhar seu respeito é provar a existência de um ancestral primitivo do homem, conhecido como o link perdido.

Mais uma vez a qualidade técnica do Estúdio Laika se sobressai no projeto. A técnica de Stop ‘n Motion, a marca registrada do estúdio, está soberba e bem mesclada com animação digital e traz um resultado completamente diferenciado em relação aos outros estúdios. É muito bonito de ver também o design de personagens, como cada um deles é diferenciado dos outros, mesmo respeitando uma estética própria desse universo você consegue diferenciar bem quem é quem dentro da animação. Como o longa se passa em diversos lugares do mundo a produção também acerta ao recriar esses cenários com todas as suas grandes características, sejam de terreno, de fauna, flora e de paleta de cores. O filme é incrivelmente colorido e vivo, mesmo mantendo um tom mais sóbrio. É perceptível ver o cuidado em cada cenário construído pela produção.

O escritor e diretor Cris Butler buscou em seu projeto homenagear os quadrinhos europeus e obras de literatura fantástica situadas no início do século XX. Obras que retratavam culturas perdidas e animais fantásticos como o sasquatch, ou pé-grande, ou cidades perdidas como Shangri-la ou mistérios perdidos no Oriente. Esse tipo de história remete bastante aos quadrinhos franco-belgas de Tin-Tin e a animação não deixa de lembrar também os desenhos animados do personagem.

Ao fazer isso, o longa ganha um ritmo mais lento, e isso é bastante sentido em seu primeiro ato, mesmo com o começo tendo uma sequência de ação bastante competente. O filme gradativamente melhora quando chega em seu segundo ato, com acréscimo de personagens e as sequências de ação, que não são tão grandes ou exageradas como nos outros filmes animados do próprio Estúdio Laika, ou de outros estúdios, mas que são coerentes dentro da proposta trazida por Butler. O roteiro também não deixa de tratar problemáticas como aceitação, diferenças de culturas e preconceito, e também de dialogar com o tempo que a obra traz, a Inglaterra na virada do século XIX para o século XX.

O melhor personagem é realmente o Sr. Link, o sasquatch encontrado no interior dos Estados Unidos, mas que é tão articulado em sua fala quanto qualquer humano, e de uma pureza de espirito única. Sir Lionel representa bem o homem branco europeu do período, que se achava superior por ter em mente ser um desbravador de culturas “selvagens” mas que, ao encontrar um ser tão ou mais magnifico, aprende uma boa lição. Adelina, mesmo entrando em cena somente no segundo ato, marca o seu lugar como uma mulher decidida e que sabe impor sua posição perante uma situação onde os homens geralmente não respeitariam.

A dublagem acerta ao trazer dubladores profissionais e fugir das celebridades.

O que posso apontar com o maior problema do longa é justamente a sua escolha por seguir uma narrativa tradicional demais. Isso deixou o ritmo do filme oscilante, pendendo para a lentidão. Também há a falta de grandeza nas cenas de ação. É notória a escolha de seguir um formato de ação mais contido, com ângulos mais simples, apesar de inventivos, e isso deixou um pouco a desejar. Outro ponto que enfraqueceu o longa foi a trilha sonora, apenas cumprindo seu papel e às vezes se tornando praticamente invisível dentro do longa. É um elemento que não agrega em nada ao filme.

Link Perdido é uma animação que parece estar fora de seu tempo. Ela tem qualidades básicas, mas suas escolhas narrativas não a fazem dialogar com o público moderno, mesmo tendo uma história universal de amizade e aceitação. Aqui é claro ver a paixão de seus criadores, mas faltou trazer para a obra a evolução que ela mesma, acertadamente, prega em sua mensagem principal.


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