Em 1988, na cidade de Monroeville, no estado do Alabama, Walter McMillian (Jamie Foxx) foi condenado a prisão perpétua e em seguida teve sua sentença convertida em peba de morte pelo assassinato da jovem Ronda Morrison, mesmo afirmando e possuindo provas de sua inocência, num claro caso de condenação injusta. Walter seguia no corredor da morte até que o jovem Bryan Stevenson (Michal B. Jordan), advogado recém-formado em Havard, que muda-se para o Alabama a fim de oferecer apoio jurídico para condenados que buscam revisão de seus casos, encontra Walter e começa a revisar o seu caso e buscar a sua inocência, o que acaba trazendo problemas e inimigos pra si e para Eva Lansley (Brie Larson), sua assistente jurídica e residente em Monroeville.
Essa é a história de Luta por Justiça (Just Mercy, 2019), filme dirigido por Destin Daniel Cretton (de Temporário 12, Castelo de Vidro e o futuro Shang-Chi e A Lenda dos Dez Anéis), Cretton, que também escreve o longa junto de Andrew Lanham, adaptando o livro de Bryan Stevenson, Compaixão: Uma História de Justiça.
Cretton utiliza uma narrativa lenta e segura. Isso lhe dá todo o tempo que precisa pra apresentar e construir os personagens de Bryan e o de William. Com seus personagens bem apresentados, o diretor segue um ritmo linear seguro, trabalhando bem a narrativa mostrando todos os passos que Bryan tem que fazer pra resolver os casos que está trabalhando. Com isso, a narrativa nunca se furta de mostrar de forma clara as mazelas da sociedade norte-americana local, que tem seus piores casos em estados como o Alabama e mostra que essas mazelas podem quebrar os mais firmes e idealistas e que também podem servir como combustível pra seguir em frente. O roteiro também apresenta muito bem o senso de comunidade, de como um povo marginalizado consegue se unir e se mover como uma força única e sempre se apoiar.
Com um trabalho magistral, é muito importante destacar o trabalho do Michael B. Jordan. É importante ver como o seu trabalho físico e de voz é construído. Quando jovem e recém formado, com gaguejos leves e voz baixa até a segurança de um profissional. Do seu rosto tremulo e olhos arregalados ao ser confrontado com os preconceitos enraizados e executados em ações que nunca se espera. Na sua postura,que começa ereta,de peito cheio e que a cada porrada vai se vendo ele dobrar e até que chega ao ponto de não aguentar mais. Do outro lado, Jamie Foxx mostra os vários momentos de Willian “Johnny D” . Do homem simples que ao ser preso, ainda acredita no sistema até o preso cínico e sem esperanças que reencontra num jovem advogado sonhador a sua verdade que lhe havia sido roubada pelas mentiras contadas seguidamente. Apoiando essas duas narrativas temos a Eva de Brie Larson, que aqui está completamente imersa na personagem e mostrando um apoio caro a Bryan e que essa sociedade também demoniza mulheres que buscam lutar pelo o que é certo. Rob Morgan e Tim Blake Nelson roubam a cena quando surgem em tela.
A edição de Nat Sanders é prática e efetiva e unida à fotografia de Brett Pawlak, constroem sempre um cenário sóbrio,de tons pasteis e amarelados e algo importante a ser percebido é o excelente uso narrativo do branco no filme. O tabalho de Peter Borck na Direção de Arte é preciso ao evocar todo os visuais e itens dos anos 1980 e 1990 e a trilha sonora trazida pelo Joel P. West é bem utilizada pra evocar os sentimentos certos nas horas certas.
Luta por Justiça é uma obra que dialoga muito bem com o momento atual, tanto o Norte-Americano quanto o Brasileiro. Conduzida com segurança pelo talento do Michael B. Jordan e do Jamie Foxx, sob a batuta do Destin Daniel Cretton, o filme torna-se um grande espelho, que reflete o que temos de pior na sociedade, e que não deve ser esquecido, e sim combatido e repudiado sempre.
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