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O Caso Richard Jewell | Crítica (SEM Spoilers)

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O Caso Richard Jewell, novo longa do Clint Eastwood chega aos cinemas no dia 2 de janeiro e nós do Multiversos pudemos conferir o longa à convite da Espaço Z.

A história real de Richard Jewell (vivido no cinema por Paul Walter Hauser), segurança que se tornou um dos principais suspeitos de bombardear as Olimpíadas de Atlanta, no ano de 1996. Na realidade, ele foi o responsável por ajudar inocentes a fugirem do local e avisar da existência de um dos explosivos.

Eastwood é um conservador republicano. Suas obras sempre são carregadas com esse viés politico social, dado filmes como Gran Torino ou Sniper Americano e é muito bom ver que, mesmo mantendo esse viés, Eastwood busca aqui questionar instituições, como o FBI, quando as mesmas atingem o cidadão comum.

A construção que o roteiro de Billy Ray, que usou como base o artigo de 1997, escrito por Marie Benner e o livro ‘Olympic Bombing, the FBI, the Media, and Richard Jewell, the Man Caught in the Middle’ de Kent Alexander e Kevin Salwen, é simples e direto, indo do ponto A ao ponto B, sem investir em plot twists ou tentativas de criar algo estilizado. Isso é bem utilizado aqui justamente para mostrar a simplicidade que um homem como Richard Jewell tem, sendo ele um individuo que busca fazer a coisa certa, a partir de uma visão preta e branca da realidade. Assim, a narrativa constrói a história apresentando os fatos em ordem cronológica e sem pressa, fazendo a escalada de tensão crescer gradativamente na história. Quem não conhece os fatos reais, até consegue enxergar o filme em alguns momentos trazendo o questionamento sobre a culpa ou inocência de Richard Jewell, porém, as linhas gerais são bem claras entre protagonistas e antagonistas.

Paul Walter Hauser cria o seu Richard Jewell com um ar de ingenuidade e visão direta, porém estreita. Fazendo isso, ele gera uma empatia imediata com o espectador, o que ajuda bastante a acompanhar a sua história. Kathy Bates apresenta um retrato da mulher simples norte-americana que, a ver o filho ser atacado, sofre com ele, mas também não perdoa quem mexe nas tupperwares dela. Olivia Wilde mostra-se como a repórter inescrupulosa, que com a parceria dela e o agente do FBI vivido por Joe Hamm, cumprem seus papeis na narrativa, mesmo que assim, apenas mostrem-se personagens rasos. Sam Rockell é o melhor ator em cena. O seu Watson Bryant mostra uma sinceridade real, com um respeito e amizade dedicadas à Jewell e que acaba sendo essencial para se crer na sua função como advogado de defesa.

Como um bom clássico, a técnica do longa segue tudo de tradicional que a mídia cinematográfica possuí e aqui podemos ver o quanto a fotografia de Yves Bélanger somados ao design de produção sempre sóbrio de Kevin Ishioka reforçam o caráter documental do longa.

O Caso Richard Jewell é cinema na sua forma mais tradicional. Simples, direto e sem enrolação, mostra que Clint Eastwood, no alto de seus quase 90 anos, ainda é um diretor preciso e afiado e que, mesmo sendo um homem tradicional, consegue enxergar que nem tudo o que se acredita, ou que lhe é dito, deve ser confiado cegamente.

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