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O Predador: A Caçada | Filme é o melhor da franquia desde o original de 1987

35 anos após o filme original, novo filme da franquia surpreende e consegue trazer o personagem título de volta aos trilhos.

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Poucas franquias da Cultura Pop foram tão desperdiçadas nos últimos anos como Predador. Após o visceral filme de John McTiernan em 1987, que ajudou a revolucionar o cinema “brucutu de ação” ao acrescentar pitadas de slasher e sci-fi no gênero, Hollywood nunca mais conseguiu replicar tal feito. Predador 2: A Caçada Continua é uma sequência até divertida, mas bem longe da qualidade do primeiro filme.

O mesmo pode ser dito de Predador, que trazia um belo conceito, mas que infelizmente não conseguiu atingir todo o seu potencial idealizado. Os filmes de Alien vs Predador, então, não passam de duas bobagens de revirar o estomago de tão ruins, e mais recentemente Shane Black deu uma bela de uma escarrada no nome do alienígena caçador, entregando o seu péssimo reboot de 2018, chamado simplesmente de O Predador.

Agora, muito tempo depois, a 20th Century aposta mais uma vez na franquia, diminuindo sua escala em história e lançamento, com O Predador: A Caçada (Prey) servindo como um prelúdio, indo diretamente para a Hulu – e Star+ no Brasil. E felizmente, temos novamente um ótimo filme desde o original.

História

A trama se ambienta na América do Norte de 1717, mais precisamente na Nação Comanche, focando na jovem Naru (Amber Midthunder). Uma jovem índia que quer mostrar a todos que é tão guerreira e forte como seu irmão, onde sua grande ambição está nas caçadas por território, enquanto todos a dizem que ela deve ser apenas uma curandeira. Tentando provar o seu valor, Naru sai em busca de um urso que atacou um membro de sua tribo, mas logo descobre a presença de algo bem pior, se deparando com o Predador alienígena, fazendo a sua primeira visita ao nosso planeta.

De volta ao passado

Partindo da imaginação do diretor Dan Trachtenberg e do roteirista Patrick Aison, ambientar o Predador nesse período histórico é brilhante por dois motivos: primeiro, consegue aproximar o longa ainda mais do fator instintivo e brutal do longa original de 87, especialmente pela ambientação na selva. E segundo, a evidente limitação tecnológica dos personagens humanos (armados somente com machadinhas, lanças, arco e flecha) que precisam enfrentar uma criatura altamente armada com apetrechos extraterrestres – mas não totalmente, já que esta versão do Predador é apropriadamente mais rudimentar do que nos filmes anteriores. Tal decisão, naturalmente, acrescenta uma camada de suspense e tensão muito maior, já que os protagonistas estão severamente desfalcados.

O roteiro em sua essência, como diria Isabela Boscov, não chega a ser inovador e revolucionário, chegando até ser formulaico, o que de forma alguma prejudica o filme. O longa gasta um bom tempo – quase 30 minutos – ambientando o expectador na história e nos dilemas de Naru e sua relação com sua família e tribo, garantindo assim uma base bem sólida para o filme. Aqui temos mais um exemplo de personagem feminista, com a protagonista tendo que provar constantemente o seu valor em uma sociedade machista, precisando superar o “bully” dos homens de sua tribo, o que só a deixa mais interessante.

O Predador: A Caçada tem a sua melhor protagonista desde Arnold Schwarzenegger, vivida pela excelente Amber Midthunder, sua personagem domina a tela com sua performance silenciosa, mas cheia de nuances. Amber está praticamente em todas as cenas do longa – e quase sempre sozinha – e é muito bom ver que o roteiro consegue aproveitar bem o seu talento de formas diferentes. Distinto do filme original que usou muito de força bruta dos personagens para um derrotar o outro, aqui, a esperteza e astucia dos dois protagonistas são o carro-chefe, onde a estratégia é a principal arma de ambos.

Singelo, mas não menos icônico

Por mais que eu já tenha dito que o roteiro desse novo filme de O Predador seja simples, isso não significa ser um problema. A excelente direção de Trachtenberg (do ótimo Rua Cloverfield, Nº10) realmente consegue ser marcante, em uma assinatura que consegue valorizar os planos abertos das paisagens rurais, da natureza com um olhar que em alguns pontos lembra os de Chloé Zhao. Um filme que, com certeza, merecia ser visto nos cinemas, justamente por ter essa escala tão bem aproveitada, e que só cresce quando os embates contra o Predador começam.

O alienígena caçador parrudão se destaca por sua máscara ossuda e um método de luta ainda imperfeito. De certa forma, o diretor nos faz criar um tipo de afeição a criatura, gastando um tempo considerável onde podemos vê-lo caçando suas primeiras presas na Terra, até seu caminho cruzar com os de Naru. O que só torna o embate final muito mais intenso e interessante de se acompanhar, onde a ótima direção de Trachtenberg consegue misturar muito bem a ação (onde planos abertos e longos aproveitam a impressionante coreografia de luta) e o suspense, com destaque para a forma icônica como o sangue dos oponentes vai marcando a camuflagem da armadura do Predador.

O Predador: A Caçada é uma excelente nova entrada na franquia. Após tantos fracassos e ideias ruins pelo caminho, finalmente a 20th Century/Disney pôde honrar uma de suas grandes joias, graças a uma ideia original, uma protagonista icônica e uma condução segura em sua história. Se o futuro de Alien e Predador realmente está no streaming, então que essa nova fase brilhante possa se iniciar a partir daqui.

++Veja também:
– Sandman | O que achamos dos 3 primeiros episódios da série Netflix
– Avatar: A Lenda de Aang | O que sabemos sobre a série live-action da Netflix


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