Editorial | Opinião
Opinião | “Eu sou uma garota nerd!”
Publicado há
7 anos atrásem
Semana passada tivemos o Dia Internacional da Mulher, e nós chamamos algumas delas para conversar sobre a presença da figura feminina no meio nerd. E o resultado foi incrível! Vem com a gente!
O meio nerd sempre foi dominado por homens. Eventualmente, com uma ou outra mina estava ali presente. Mas, nos últimos anos, vemos uma crescente de meninas se assumindo nerds e entrando de cabeça nesse mundo maravilhoso. Mas, como é isso tudo para elas?
Como tivemos o Dia Internacional da Mulher, achamos que seria bom que elas falassem sobre isso. Os próximos parágrafos são transcrições, quase que literais, do que duas nerds incríveis me contaram sobre o assunto: as jogadoras da minha mesa de RPG, Kessy Elizabete e Gabrielle Gouveia, que estão desde pequenas no meio nerd.
Quando perguntadas sobre como é ser mulher no mundo nerd, nota-se a mudança na aceitação do nerd em si: “Antigamente, o nerd era o estereótipo da pessoa que não namorava e ficava em casa o dia inteiro e só fazia coisa chata. Hoje o mundo nerd se abriu para as pessoas.” E ser mulher no mundo nerd era mais difícil nos anos passados.
Gabi diz que, talvez, no passado a não aceitação era fruto não só do preconceito, mas também de algo muito mais profundo: a dificuldade dos garotos em se relacionar com mulheres. “Quando a gente entrava no mundo geek, os garotos não falavam com a gente.” Além disso, os jogos do mundo nerd simplesmente colocavam a mulher como um objeto, sexualizada demais. Com a crescente representatividade feminina, as mulheres veem uma diminuição desse tipo de imagem. Gabi ainda aponta que, enquanto antes muitos nerds não queriam as namoradas nesse mundo, hoje existem inúmeros casais nerds em que os namorados ficam felizes em ter suas companheiras consigo. Kessy é menos otimista quanto a isso: “Sob essa superfície, ainda tem muito a ser feito e pouca coisa mudou.”
Elas destacam ainda personagens que representam bem esse desafio: Diana Prince/Mulher Maravilha (da DC Comics), Hermione Granger (de Harry Potter), Helena Pera/Mulher Elástica (de Os Incríveis) e Natasha Romanoff/Viúva Negra (da Marvel). A Mulher-Maravilha aparece como exemplo de mulher, garra, determinação, independência: “Ela veio pra mostrar que as mulheres têm o poder! E que a gente pode chegar onde a gente quiser. Ela veio pra quebrar o estereótipo da mulher frágil.” Hermione é uma típica nerd. Ela é inteligente e corajosa e mostra que com garra pode-se chegar ao topo sem sacrificar o “ser mulher”. Mione é a nerd que chega às graças do público. Francamente, Harry teria morrido no primeiro livro sem Hermione. Helena Pera prova que ser mãe não é impedimento algum para ser uma heroína. Toda mãe é heroína dentro de casa, mas Helena vai além. É mãe, salva o mundo, tem poderes incríveis e sem deixar de aproveitar os momentos com o marido. Natasha Romanoff como a Viúva Negra está no pico da condição humana. Resistência, sentidos, reflexos, força de vontade, imunidade, velocidade, força… Tudo pra ela é simples. Tendo sido artificialmente aprimorada, Natasha não deixa homem nenhum ficar para trás. É incrível, especialista em vários campos físicos e mentais!!
Uma pena que quando as meninas demonstram isso tudo no meio nerd não sejam tão aceitas. Kessy relata não ter mais paciência com certos tipos de pessoas: “Quando perguntam sobre a minha capacidade de ser boa nos jogos, apenas sorrio e aceno. E vou embora.”, diz ela. “Não é o tipo de pessoa com quem insisto amizade!” Isso acontece principalmente com jogos online, onde aparecem uma bateria de perguntas sobre tudo e onde as garotas acabam por levar a culpa de algo ter dado errado no time, em jogos colaborativos como League of Legends. Piadas e deboches são mais comuns que xingamentos ou discurso de ódio (que acontecem “quando o cara é mais cabeça quente”), mas ainda assim existem. Para jogar com tranquilidade, Kessy relata colocar o chat no mudo ou desabilitado, já que nem sempre notificar os moderadores funciona. Gabi tem uma posição semelhante: “Eu conheço mulheres que jogam muito melhor que homens. Os jogadores do sexo masculino, muitas vezes, acham que a mulher não sabe jogar videogame. Pelo contrário!” Esse pensamento arcaico, segundo elas, deve ser mudado. Vamos combinar, gente, ser bom em jogos independe do gênero! Talvez a pior parte seja o assédio, ainda muito comum em jogos de predominância masculina. Mas no geral, Gabi diz que talvez pela timidez de boa parte dos nerds, é algo menos nítido em um primeiro olhar. A sociedade em si, diz elas, tem assédio: “A gente se acostuma a lidar com esse tipo de gente. Ou a não lidar!”, fechou Kessy sobre o assunto.
Mas, nem tudo é ruim. Elas apontam que a ocupação feminina no mundo nerd, o grande aumento de mulheres nesse meio, tem ajudado a melhorar esses problemas. É algo diário, um trabalho de formiga. “Tende a melhorar”, dizem elas. “Não só no mundo nerd, mas no mundo em si. Nós mulheres temos que aceitar que a gente tem o poder! A gente tem de ser feliz como a gente é!” Às novas nerds por aí que podem ter medo de entrar nesse meio, elas dão uma mensagem de força: “Sejam fortes! E não deixem que pessoas tirem sua motivação de jogar. Pelo contrário, faça disso motivação pra continuar e ser melhor!” E o que seria do mundo nerd sem as mulheres? Temos várias mulheres que mostram o poder feminino: Princesa Leia, Katniss Everdeen, Mulher-Invisível, Tempestade, Jean Grey, Feiticeira Escarlate… Muito girl power, não?
“As mulheres precisam se unir mais para mostrar que elas podem fazer tanto quanto os homens, seja jogando ou criando. Nós gostamos desse mundo e estamos nele!”
Normalmente descrito como um humano meio-abissal, Bardo 2/Mago 5/Universitário 6, Caótico e Trevoso.