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Os 7 de Chicago | Crítica (Sem Spoilers)

O roterista, e também diretor, Aaron Sorkin assina a história de um dos mais conhecidos julgamentos da história dos Estados Unidos!

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Imagem de divulgação © Netflix/Paramount

1968 foi um ano bastante conturbado nos Estados Unidos. O assassinato de Marthin Luther King, a Guerra do Vietnam, a campanha e vitória do candidato do Partido Republicano, Richard Nixon. As crescentes e gigantes manifestações e reuniões estudantis que surgiam dentro das faculdades estadunidenses, protestando: contra a participação dos Estados Unidos na guerra, e o uso disto como moeda eleitoral; contra as consequentes mortes dos jovens enviados para o conflito; e a favor de mais liberdades individuais, mais direitos para as minorias e melhores condições para o população em geral.

Nesse cenário, em Chicago, uma das mais importantes convenções do Partido Democrata estava para acontecer, e esse evento trouxe junto uma enorme massa de ativistas de diversos campos, do estudantil aos “Yippies” da contracultura. Essa reunião terminou com diversos protestos, que levaram a vários confrontos com a polícia local.

Nesses embates, os supostos líderes dos ativistas foram presos. Como forma de exemplo, os sete presos, Tom Hayden (Eddie Redmayne), Abbie Hoffman (Sacha Baron Cohen), Rennie Davies (Alex Sharp), Jerrie Rubin (Jeremy Strong), David Dellinger (John Caroll Lynch), Lee Wiener (Noah Robbins) e John Froines (Danny Flaherty), mais um dos líderes do movimento Panteras Negras, Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen II), que nem participou dos protestos, foram a julgamento pelo crime de conspiração contra o país. Tendo o jovem proeminente, e também relutante, promotor Richard Schultz (Joseph Gordon-Levitt) a frente da acusação. Esse julgamento, que durou meses, ficou conhecido como “O julgamento dos 7 de Chicago”.

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O Longa

Escrito e dirigido por Aaron Sorkin, Os 7 de Chicago (The Trial of the Chicago 7, 2020), é um dos grandes projetos da Netflix/Paramount para o ano de 2020. Escritor de grandes obras como A Rede Social (The Social Network, David Ficher, 2010) e Steve Jobs (mesmo nome, Danny Boyle, 2015), Sorkin assina mais um longa metragem como diretor e roteirista.

É perceptível ver que aqui o roteiro de Sorkin consegue ser o maior elemento do longa. Ele consegue a excelente façanha de manter você fisgado na tela desde o começo do filme, graças ao seu texto sempre rápido, apresentando o cenário e seus personagens de forma enxuta e precisa, num dos melhores prólogos que eu vi esse ano.

Daí em diante, Sorkin sabe bem quando subir e baixar o tom da obra. Usando muito bem a sua assinatura de diálogos rápidos e orgânicos, além de centrar a trama no presente da narrativa, o julgamento, e usar bem flashbacks, o diretor sai da narrativa convencional de atos, transformando o filme num tour de force para o espectador, sem nunca cair no marasmo ou até mesmo didatismo que filmes desse tipo costumam se enclausurar.

Sorkin deliberadamente não buscou uma fidelidade histórica mais precisa no longa, dando maior destaque aos personagens dentro da narrativa e ao grande clima de conflito e tensão da época.

Equipe Técnica

O trabalho de recriação de época é muito bem conduzido pelo design de produção de Shane Valentino e pelo figurino de Susan Lyall. A edição de Alan Baumgarten sabe bem quando acelerar e estacionar a narrativa, usando muito bem o material de arquivo nas horas certas da obra, junto com o competente trabalho de fotografia de Phedon Papamichael, que entende a estabilidade e simetria dos planos dentro de um ambiente fechado como um tribunal e, mesmo assim, consegue garantir a agilidade de sua câmera.

De todas as características técnicas, a trilha sonora de Daniel Pemberton se mostra espetacular porque, fugindo de uma trilha sonora épica e orquestrada, ele aposta em batidas ferozes de rock e black music, que casam muito bem com a trama.

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Elenco

O longa conseguiu angariar um elenco gigantesco aqui. É notório que o trio encabeçado por Eddie Redmayne, com o seu Tom Hayden conflitante entre ser um líder mais certinho ou agressivo dentro do movimento — que gera no espectador sentimentos mistos, mas que torna inegável o grande trabalho de Redmayne quando bem conduzido — e o maior astro do longa, o britânico Sacha Baron Cohen, que mesmo temeroso de interpretar uma figura tão ímpar como Abbie Hoffman, devido ao peculiar sotaque de Abbie, consegue ser o melhor elemento do longa, o contraponto à visão de Hayden dentro do grupo, o norte ideológico do grupo e também o sagaz alívio cômico ácido do filme.

Por último, Josepeh Gordon-Levitt apresenta um promotor Schultz, que é um exemplo de firmeza na sua meta, mesmo não concordando muito com os métodos utilizados. Yahya Abdul-Mateen II, mesmo com um tempo de tela menor, é dono de um dos momentos mais pesados do filme na pele de Bobby Seale, Frank Langella atua muito bem ao mostrar um juiz Hoffman (que não tem parentesco com Abbie Hoffman) retrógrado e a performance de Mark Rylance com o trabalho apaixonado e esperto do advogado de defesa, William Klunster.

Os 7 de Chicago é uma grande história que representa muito bem o espírito de uma época. Época essa de lutas por direitos e contra decisões equivocadas dos governantes estadunidenses desse período. O trabalho de Aaron Sorkin vem como um retrato até um tanto romantizado, mas que, graças à um roteiro afiado e atuações excelentes, transmite muito bem o sentimento de busca por uma sociedade melhor e que essa luta ainda reverbera nos dias de hoje.

Confira Os 7 de Chicago na Netflix.


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