RPG
Pathfinder 2e | Bate-papo com a New Order Editora sobre o sucesso do lançamento no Brasil
Publicado há
5 anos atrásem
Pathfinder Roleplaying Game, ou simplesmente Pathfinder RPG, é um RPG de fantasia da Paizo Publishing lançado em 2009 no mercado americano. Nascido sob Open Game License para atender a demanda deixada pelo fim de D&D 3.5, que migrou para uma 4ª edição muito mais atrelada a realidade dos boardgames com miniaturas do que ao bom e velho “RPG raiz” padrão D&D, Pathfinder caiu no gosto do público desde o seu anúncio em março de 2008 quando a Paizo adotou, como parte do processo de desenvolvimento, o envolvimento do público através de um playtest aberto, onde os jogadores puderam jogar, testar e dar um feedback quanto às qualidades e erros do sistema.
Em 2015, portanto seis anos após o seu lançamento, Pathfinder colocava os pés oficialmente no Brasil pela Devir Livraria.
Pathfinder foi contemporâneo, e um oponente verdadeiramente à altura, da 4ª e 5ª edição do RPG mais conhecido no mundo, seu “pai”, Dungeons & Dragons. Digamos que… durante o embate com o Dragão de “5ª geração” em sua Masmorra, o Desbravador achou por bem recuar um pouco, rever seu equipamento, estudar seu oponente, aprender com seus erros e se preparar para dar o destino merecido ao seu algoz dracônico e quaisquer outros oponentes que venha a enfrentar dali por diante.
Novo de Novo
Em 2018, já tendo sido anunciada a 2ª edição de Pathfinder, uma bela notícia aponta para o futuro do jogo no Brasil: a New Order Editora, responsável no Brasil por, nada mais, nada menos, que: ‘A Lenda dos Cinco Anéis‘, ‘Shadowrun‘, ‘Numenera‘, ‘Chamado de Cthulhu‘, entre outros; seria a nova casa do game em terras tupiniquins. E é para saber sobre esse futuro que falamos com a equipe da New Order!
Confere o nosso papo abaixo:
Olá, pessoal da New Order!
De antemão parabéns pelo sucesso do Financiamento Coletivo de Pathfinder que bateu sua meta base em menos de 24h do lançamento, já bateu o recorde anterior da editora (com o financiamento de ‘Chamado de Cthulhu’) e já passou, com folga, dos 500% de arrecadação. Tendo em vista isso, aqui vai a primeira pergunta:
1. Existe algum motivo em especial (algum receio, talvez) que os levou a preferir fazer o lançamento de Pathfinder via financiamento coletivo?
A New Order é uma editora que busca sempre contar com a participação dos fãs na construção e chegada do jogo no Brasil. É a melhor forma de entendermos o que eles querem para o jogo em nosso país e possibilita que nós consigamos trazer os materiais extras para o português. Nós precisamos dos fãs para fazer as coisas acontecerem, e o financiamento coletivo é a melhor ferramenta para isso.
2. A que vocês creditam o sucesso imediato do FC de Pathfinder?
O lançamento em português feito simultâneo à versão em inglês certamente é a razão disso. Nenhum RPG, em nenhum lugar do mundo, jamais teve isso em qualquer momento. É um feito que somente a New Order entregou à comunidade. Além disso, garantir desde o início a publicação do Livro Básico e do Bestiário também ajudou um pouco, acredito.
3. Falando agora diretamente sobre o livro: Pathfinder 2ed estará para D&D 5ed assim como Pathfinder 1ed estava para D&D 3.5, ou seja, uma evolução significativa, mas com ares muito similares? Ou os horizontes de regras de jogo se tornaram mais distintos entre si?
Não. O Pathfinder Segunda Edição é uma evolução direta do Pathfinder 1e, mas livre das amarras de estar vinculado ao D&D. Ele é um jogo moderno, com mecânicas inovadoras e mais adequadas à sua própria base de fãs. É verdade que o jogo se tornou mais conciso e simples de ensinar e aprender, mas ele oferece muito mais poder de decisão e tática aos jogadores. O sistema de economia de ações é muito mais moderno e gratificante do que a mecânica de ações do 5e. Além disso, o jogo tem uma pegada de ter aproveitado os pontos de sucesso de toda a família d20 (3.5e, 4e, 5e e PF1) e adaptado e aplicado de forma excepcional, entregando ao jogador uma verdadeira gama de oportunidades e consistência de regras.
4. Na prática, o que muda da primeira para a segunda edição em termos de regras? Vocês poderiam nos dar uma palhinha?
É bastante coisa… Mas vou tentar simplificar: primeiro, o jogo teve suas regras básicas e matemáticas simplificadas para facilitar a vida de novatos e jogadores experientes, mas fazendo isso voltado para uma estrutura capaz de permitir ao jogador fazer a maior customização possível do seu personagem.
O jogo agora é fácil de ensinar, e a montagem de ficha de personagem não leva meia hora.
A economia de ações ficou linda: você tem 3 ações (que não são diferentes entre si) no seu turno. Com elas, você pode atacar, andar, conjurar magias, saltar e fazer várias outras coisas que o jogo permite. Em qualquer ordem e a qualquer momento. Isso deixou o jogo mais dinâmico, rápido e objetivo. O tempo de duração dos combates foi consideravelmente reduzido devido a isso e, agora, as decisões dos jogadores importam ainda mais.
Acabou também aquela história de PJs marciais só “andarem e atacarem”. Eles agora têm muitas opções táticas interessantes e ataques variados que dão mais vida e gosto ao personagem.
Sua raça (agora chamada de ancestralidade) lhe concede poderes não apenas quando você constrói sua ficha, mas em vários níveis ao longo da carreira de aventureiro, até o 17º.
As classes agora estão igualmente poderosas, sem existir uma mais forte que a outra. Conjuradores e marciais possuem habilidades e opções equivalentes em importância e poder no jogo.
Todo personagem possui uma Biografia: uma regra que diz qual a história pregressa do PJ e que contribui para a construção do histórico do herói e ainda fornece talento, perícia e pontos de atributo.
As falhas e acertos críticos passaram a fazer parte do jogo em todos os seus âmbitos, beneficiando PJs que são muito bons no que fazem.
As perícias agora são ainda mais interessantes, com a adição de talentos de perícia (que você pega em adição aos seus talentos de classe/combate). Você pode ter o Queda Felina, por exemplo, e cair de qualquer altura e aterrissar em pé.
Iniciativa agora pode ser rolada com Percepção, Furtividade ou alguma outra perícia que faça sentido na hora do início do combate.
O blog Joga o D20 tem uma matéria que aprofunda melhor nisso, se eu puder indicar: http://jogaod20.blogspot.com/2019/06/pathfinder-2e.html
5. Nós que não fazemos parte da indústria editorial não temos noção de todo o trabalho que dá produzir (traduzir, revisar, editar…) e lançar um livro tão esperado no país. Vocês poderiam nos dar um panorama geral do processo, até para termos uma dimensão das possibilidades de imprevistos que podem acontecer nestas etapas?
Nossa equipe é bem enxuta, mas é de gente competente. Temos 2 tradutores, 1 revisor e 1 mago da diagramação. O processo é bem criterioso e a equipe está sempre conversando entre si para tomarmos as decisões editoriais em conjunto, com a visão de todo mundo fazendo diferença e contribuindo para a qualidade do produto final.
Existem algumas coisas que podem sair do controle e atrasar um pouco o processo, que a gente evita ao máximo, mas às vezes não tem jeito. Alguns dos exemplos são: o governo atrasar a classificação etária do livro e registro na biblioteca nacional, gráficas não cumprirem prazo e, às vezes, até mesmo alguém da equipe pisar na bola e largar o serviço pela metade ou não cumprir prazo de entrega do material. Na equipe do Pathfinder, o pessoal já trabalhou com a gente antes e nunca fizeram esse tipo de coisa, são super compromissados e interessados no jogo, então certamente será uma linha em que não teremos problemas.
6. Falando em possibilidade de imprevistos, uma queixa de algumas pessoas seria justamente com a possibilidade de atraso quanto ao lançamento da edição. O quão adiantado está o processo de tradução/produção do material hoje? O público pode ficar em paz ciente que a New Order está desbravando os melhores caminhos para que Pathfinder chegue no tempo combinado às mãos de cada um dos apoiadores?
Nós fomos o único país do mundo a fazer o lançamento simultâneo do Pathfinder na mesma data e horário que a versão em inglês, isso já mostra nosso comprometimento de fazer diferente e estar à frente. No momento, já estamos com a tradução do Bestiário (prometido para o final de outubro) em andamento e vários outros materiais, acessórios e brindes já estão em fase final de produção de artes e texto. A equipe possui um cronograma muito bem definido e está cumprindo à risca, então estamos tranquilos com prazo. Em dezembro, todo mundo vai receber o prometido impresso em casa.
7. E, finalmente, após o financiamento coletivo o livro estará disponível para venda na loja da editora? O quão mais em conta é comprar o livro agora do que após o financiamento?
Estará à venda, sim, mas o preço é consideravelmente maior. O Livro Básico, por exemplo, terá preço de capa de R$ 219,00, e no financiamento está saindo por R$ 180, quase 20% de desconto. Essa métrica valerá para todos os livros. Além disso, os apoios mais altos se tornam ainda mais vantajosos. O apoio Decenvirato, por exemplo, custa R$ 850 reais e dá ao apoiador 2 Livros Básicos (sendo um de luxo e um de capa dura), 2 Bestiários (sendo um de luxo e um de capa dura), 1 livro do cenário (em capa dura), 1 escudo do mestre, 1 aventura ‘Nós É Heróis’ impressa, 1 baralho de acertos críticos, 1 baralho de falhas críticas, 1 mapa do cenário em tecido (60*90cm), 1 sacola exclusiva, 1 camiseta exclusiva, e mais de 1600 páginas em PDF.
Existem outros apoios tão vantajosos quanto, como o Buscador ou Explorador da Muralha, e todos são muito bem explicados no financiamento.
Além disso, o financiamento tem brindes e recompensas exclusivas que não serão vendidas depois, como conjuntos de marcadores de página e porta-copos que ilustram os 12 personagens icônicos do jogo.
Agradecemos grandemente à equipe New Order, na pessoa do Anésio Vargas, pela atenção.
Antepenúltimo filho de Krypton (segundo o último senso), 1º Dan em Jedi Mind Tricks e almoxarife dos “Arquivos X” nas horas vagas.