O ano de 2015 foi de muitas emoções para o mundo nerd e amantes de cultura pop, e de um grande salto em como vemos a produção de conteúdos relacionados. Tivemos o prazer de ver produções cinematográficas inéditas que nos marcaram, e ainda o privilégio de poder rever obras consagradas retornar às nossas vidas (vem Star Wars!).
Podemos também lembrar dos eventos. Aqui mesmo em Fortaleza os eventos pipocaram e a nação nerd marcou presença.
E é justamente utilizando os eventos como referenciais que quero trazer uma luz sobre os últimos acontecimentos.
O FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos) desse ano deu uma grande abertura às produtoras de quadrinhos, apresentando excelentes palestras e grandes conteúdos para a apreciação de quem fosse ao evento, mostrando uma mudança de comportamento tão importante e válida.
Eis que dezembro chegou, e chegou forte, com a CCXP – Comic Con Experience, em sua segunda edição.
Mas, neste papo, não quero falar sobre a CCXP em si mas, sim, de um caso que gerou bastante indignação expondo um assunto de extrema importância. Sim, estou falando do caso envolvendo o programa de “humor” Pânico na Band.
Não vou entrar nos detalhes do acontecido, pois já estamos mais do que cientes de tudo, falar aqui chegaria a irritar um pouco. Mas o fato é que o programa enviou duas pessoas despreparadas para cobrir um evento de grande magnitude, onde os mesmos tiveram a oportunidade de cruzar com Frank Miller e soltar a perola “É uma honra apertar a mão do criador do Batman, e do Wolverine”… Todos sabemos que Batman é criação de Stan L… Não, pera!
Seriously?!? Batman vá lá mas, Wolverine… ¬¬’
O caso foi que eles foram extremamente desrespeitosos e inconvenientes com quem encontrassem, chegando a invadir o karaokê do painel de Sense8, onde as pessoas esperavam para cantar What’s up, e cantaram qualquer coisa.
E aí chegamos ao caso dos cosplays. O problema é que a cabecinha deles não consegue entender e assimilar é que a cultura dos cosplays é muito rica. Muitas dessas pessoas passam meses de preparo indo em busca do tecido perfeito, produção artesanal das armas, montagem mais próxima e fiel do original. É um grande trabalho.
Nós que fazemos o Multiversos estamos tendo a oportunidade de conhecer muito desse universo, e do quanto essas pessoas são gentis e carinhosas conosco. Tenho feito amizades, ouvido suas historias, e ouço muito a palavra superação e de como estar neste universo trouxe ânimo, alegria e força para essas pessoas.
Tive a oportunidade de conhecer auxiliares de enfermagem, publicitários, administradores, empresários, que são apaixonados por esse universo que os senhores do programa supracitado não tiveram a simples educação de perguntar, conhecer, dar voz e, principalmente, mostrar algo que, pelo visto, eles não fazem a mínima ideia do que é: RESPEITO.
Sei que de um grupo que faz um humor de caráter extremamente duvidoso, e que não sabe respeitar a sua própria equipe, esperar esse respeito é até complicado. E mesmo com os ventos da mudança de pensamento e comportamento estarem dando frutos, essa mudança não chegou a cabeça dos diretores e produtores do fatídico programa. E falo isso com tristeza, pois não vou ser hipócrita e dizer que nunca vi o programa, já vi muito, e acompanhei por muito tempo seu programa de radio, mas hoje minha cabeça é outra. Consegui analisar minhas posturas e saber que repliquei um comportamento errado e que, inconsequentemente, irei replicar, mas luto para não o fazer, e saber que eles não evoluíram em nada como humoristas, profissionais e mesmo como pessoas é triste.
A organização da CCXP não ficou calada e baniu o programa, não permitindo mais a presença deles nas próximas edições. Isso é uma grande vitória, pois mostrou braço forte e entendimento de que seu público é muito mais importante que a visibilidade em TV aberta.
O mais louco é que o programa em si não conseguiu entender seu próprio público, mostrando assim uma semana depois do corrido, um julgamento ao dito repórter, onde a “Liga da justiça” iria decidir o seu futuro.
Aparentemente para eles a melhor forma de pedir desculpas por ter soltado gases na cara de alguém, seria jogar fezes, e foi isso que eles fizeram. Nada de se surpreender, essa é forma como eles trabalham a sua veia “cômica”. O humor de denegrir e humilhar o outro, a piada de agressão e exclusão, que, pelo visto, está com seus dias contados, e esse grito de “PARE!” não deve ser calado.
Termino esse texto com uma pequena reflexão, estamos às portas de um dos maiores eventos de cultura otaku de nosso estado e do nordeste, onde os cosplays brilham e mostram como eles levam a sério o trabalho. Que a nossa TV local olhe com carinho e respeito para os amantes desse universo e, se não conhecem bem o trabalho ou do que se trata, procurem os produtores de conteúdos online. Falem conosco, todos teremos grande prazer em ajudá-los a desempenhar um excelente trabalho, mostrando assim conhecimento e a preocupação em apresentar algo a altura dos esforços dessa galera, porque, chegar em uma cosplay de Merida (da animação Valente) e chamar de Maria Bethânia, não tem a menor graça.
Comecei muito cedo a consumir cultura pop, graças a minha Santa Avozinha que me presenteou com a edição A Espada Selvagem de Conan N° 14. Tenho a absoluta certeza que Jack “The King” Kirby é mais importante para o universo dos quadrinhos que Stan “The Man” Lee. Sou fã de Star Wars, Lord Of The Rings, Poderoso Chefão, Batman e Wolverine. Amante de bons filmes e louco por pudim e Doritos picante.