Review | Dylan Dog nº 01 – Editora Lorentz

Olá!

Hoje falaremos sobre o retorno às bancas brasileiras de um dos maiores personagens dos quadrinhos italianos: Dylan Dog.

Personagem criado em 1986 por Tiziano Sclavi, em revista homônima para Sergio Bonelli Editore, este Fumetti (nome como os quadrinhos são chamados na Itália) alcançou sucesso imediato por trazer excelentes histórias num misto de terror, comédia, ação e sensualidade e tornou-se um ícone pop nessa linha, ganhando até um festival com o seu nome, o Dylan Dog Horror Festival. Dylan é um dos personagens mais queridos e com recordes de vendas na Itália.

Tendo suas feições baseadas no ator Rupert Everett (uma característica usadas na Bonelli Edittore, ter seus personagens baseados em atores), Dylan vive sua aventura como Investigador do Pesadelo, em Londres, e tendo ao seu lado seu fiel parceiro Groucho, que é claramente inspirado no comediante Groucho Marx.

DD chegou no Brasil em 1991 pela editora Record (11 edições + 2 especiais), transitou pela Editora Globo (1993) em uma historia curta no álbum Fumetti e, em 2001, teve 6 edições publicadas pela editora Conrad, com capas de Mike Mignola. Até que, em 2002, começa a sair pela Editora Myhtos, alcançando a marca de 40 edições mais histórias curtas saindo em Tex e os Aventureiros, um mix de histórias com personagens da Bonelli.

Sucesso de crítica, mas nunca alcançando boas vendas, essa é a irônica maldição que o personagem possui em terras brasileiras. DD completou 30 anos em 2016 e, mesmo atrasado, por diversos fatores, a Editora Lorentz traz de volta Dylan para as nossas prateleiras.

O plano da editora é lançar 3 edições trimestrais comemorativas, mostrando histórias que passarão por vários momentos do personagem. O primeiro número é Retorno ao Crepúsculo.

Lançada em Dylan Dog nº51, de 1991, essa edição marca a fase inicial do personagem, quando ainda era escrito por Sclavi.

A edição começa nos apresentando a cidade de Inverary, no interior Inglês. Uma cidade normal mas que, de cara, mostra que algo está muito errado. Enquanto isso, Dylan recebe uma misteriosa mulher encapuzada e, de repente, começa a falar de Inverary com essa mulher e isso o leva a unir-se a um de seus maiores desafetos: o Dr. Hicks, chefe do Hospital Geral de Londres, e o faz voltar a Inverary, voltar pra Zona do Crepúsculo.

A zona do crepúsculo já foi mostrada no Brasil, em Dylan Dog nº 03 da Record, e essa história mostra Dylan tendo que voltar, a contra-gosto para lá, mesmo sendo para ajudar a jovem misteriosa.

Sem soltar spoilers, é assustador como Sclavi brinca com as percepções do leitor. Você é constantemente desafiado a saber onde Dylan está e, assim, vai conhecendo os lugares, situações dentro da Zona e os habitantes daquele lugar.

O texto de Sclavi é muito bom, mas há momentos que, se você ler desatento, pode se perder, porque a história exige um pouco do seu leitor.

A arte de Montanari e Grassini é bastante eficiente. O layout de página segue a fio o sistema de três linhas de quadros e nas poucas vezes que sai do esquema é para cenas de grande impacto. Outra excelente qualidade da arte são corpos derretendo, com um timing trazido pela arte e o uso acertado de espaço negativo e chiaroscuro pra névoas, luz e sombras dando o clima certo para a edição.

A Editora Lorentz trouxe a edição em formato similar ao italiano, 15,5 x21 cm , lombada quadrada, capa cartonada e miolo off-set em papel alta alvura ao preço sugerido de R$16,00. Esse formato, similar ao original, ficou muito bom. A impressão está excelente e não há erros de edição nos textos e balões. A edição contém prefácio e posfácio de Julio Schneider, que também traduziu o material do Italiano, e um editorial explicando um pouco como foi trazer Dylan Dog de volta ao Brasil.

Dylan Dog nº. 1 – Retorno ao Crepúsculo é uma edição que apresenta bem o personagem aos novatos e consegue agradar os veteranos. Graficamente impecável e como uma edição de baixíssima tiragem, tem um preço acessível. Um material de Terror muito bem-vindo e espero muito que ajude a fixar o personagem de volta ao Brasil.

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