HQs | Livros

Review | Leonel Caldela e ‘A Flecha de Fogo’ na CCXP

Publicado há

em


O novo lançamento da Jambô abala as estruturas de Arton e dos leitores. Leonel Caldela se mostra cada vez mais incrível tanto como autor quanto como pessoa!

Na CCXP 2018 tivemos mais um lançamento literário da Jambô Editora: A Flecha de Fogo. O mais novo romance de Tormenta também traz o desfecho de uma das tramas mais antigas de Arton: a Aliança Negra. Somos reapresentados a Thwor Ironfist, Gaardalok, o clero de Ragnar e à cultura goblinoide. Tudo isso pela mente genial de Leonel Caldela, que já havia provado seu talento ao escrever a Trilogia Tormenta (O Inimigo do MundoO Crânio e O CorvoO Terceiro Deus).

O Evento e o Autor

Entrar no stand da Jambô no evento já foi emocionante. Como um fã do cenário e dos autores, foi arrepiante (no sentido mais positivo da palavra). Uma energia incrível de conexão com o lugar e já ser recebido por um cosplay de Crânio Negro me deixaram elétrico. Tocar aquele tomo enorme e me preparar para encontrar meu autor nacional favorito foi de chorar. Literalmente. Não existe como colocar em palavras o que senti vendo Caldela pela primeira vez. Ao entregar meu exemplar para ser autografado e conversar com ele fui apresentado a um autor que não sabe como lidar tão bem com elogios, um tanto tímido, mas muito disposto a uma conversa rápida. Com o tanto de gente que vinha pegar o livro autografado, era de se esperar não ter tanto tempo para uma boa prosa!

Algumas perguntas me vieram à mente durante os breves minutos em que conversamos. Conversamos sobre os arcanos de sua trama, como a impressão que passa de não gostar deles: nos deu Rufus no primeiro romance de Tormenta só para nos fazer odiá-lo, nos tirou o incrível Doutor Zebediah Nash no segundo e no terceiro, quando havíamos aprendido a amar Yadallina, nos tira a feiticeira com um golpe terrível (necessário, mas terrível). Caldela disse não detestar os arcanos, mas que era necessária a figura de Rufus (“a vítima” como citado depois no próprio romance e explicado no Guia da Trilogia) e que o Doutor Nash havia cumprido seu propósito. Ele mesmo não queria matar Yadallina, mas era preciso para que o Deus dos Dragões retornasse. Depois falamos sobre Vanessa Derrigan-Drake, a clériga de Keenn que tanto cresceu em complexidade durante os romances e, pessoalmente, um dos meus personagens favoritos. Cheguei até a jogar uma luz sobre algo que ele mesmo não havia notado: Vanessa representa uma faceta progressista da Igreja de Keenn, em que a Guerra é necessária e um ponto central, mas não como a simples destruição. Muitos de nós, ao fitarmos os clérigos de Keenn vemos alguém que batalhará o tempo todo. De fato, a antiga religião trazia, com os clérigos proibidos de curar. Com Vanessa, temos uma clériga que cura para que haja mais batalhas, que reverte a filosofia de Keenn e nos dá uma nova visão sobre a Igreja do Deus da Guerra. Se pareceu surpreendê-lo, fico feliz de tê-lo posto para pensar.

O Livro

Sobre A Flecha de Fogo, Caldela disse que deveríamos esperar surpresa. Não arranquei dele mais nada além disso. Obviamente me pus a ler o romance assim que pude e não parei mais. Num primeiro momento pode ser que as mais de setecentas páginas intimidem (e o livro certamente pode ser usada como uma arma corpo-a-corpo, 1d4 de dano de esmagamento), mas depois de começar o leitor fica preso à trama viciante. Uma diferença em relação à Trilogia, aqui temos um narrador-personagem: Corben, um humano clérigo de Thyatis. Sob sua visão, nos colocamos sob o ponto de vista que tínhamos até agora da Aliança Negra: os monstros que derrubaram os elfos e tomaram Lamnor, adoradores da morte e portadores do caos e da ausência da civilização. Enquanto os capítulos avançam e avançam, temos mais e mais revelações a respeito da cultura goblinoide e da religião de Ragnar.

Sem dar muitos spoilers, já adianto para aqueles que ainda não leram que estejam preparados: suas próprias concepções sobre o multiverso artoniano podem ficar tentadas a mudar depois de ler A Flecha de Fogo. Thwor Ironfist e Gaardalok mostram facetas que nunca antes foram exploradas e há muito mais num goblin que simplesmente a criatura que vive na imundície e na sujeira. Com novos personagens intrigantes e velhos personagens que te surpreendem, Caldela nos deixa abismados com a sua genialidade simples. E depois de tantos anos de jogadores se perguntando o que era a tal Flecha de Fogo e a profecia de Ragnar, temos finalmente as respostas, respostas essas que nos surpreendem. O próprio Ragnar tem seu conceito transformado e há mais em comum entre gnomos e goblins do que podemos imaginar!

Com uma trama riquíssima, cheia de elementos que nos trazem o olhar do outro lado, Leonel Caldela criou mais uma obra-prima da literatura nacional, nos levando a cenários pouco explorados pelos suplementos como Khalifor e Arton-Sul. Mesmo Expedição à Aliança Negra não nos coloca tão dentro do continente quanto A Flecha de Fogo. Claro, ainda é uma visão nortista sobre o que acontece em Arton-Sul. Com o romance, mergulhamos de fato em Lamnor e em sua cultura. Colocar um humano clérigo de Thyatis foi essencial para nos apresentar todo esse novo lado de Arton. É como se fôssemos, pouco a pouco, inseridos num novo cenário de Tormenta. Ainda é Lamnor, ainda é Arton-Sul, mas não é o mesmo cenário que estamos acostumados. Os conceitos dos próprios deuses possuem significados mais reais que em Valkaria, Norm ou Sophand, por exemplo. Mas farei como o escritor e não revelarei tudo. Aqueles que desejarem, podem me procurar para debater e ficarei feliz de fazê-lo. Vim aqui apenas para incitar a ler o romance: afinal, uma trama tão antiga quanto a Aliança Negra merecia um desfecho incrível! A Leonel Caldela, sou ainda mais fã e aplaudo mais uma vez seu trabalho.

Clique na imagem para ir ao site.

Clique para comentar

Mais Lidos

Sair da versão mobile