“ – Guerra… A primeira vítima da guerra… é a verdade!”
Arte Liam Sharp e Laura Martin
Por essa frase, tudo que você sabia sobre Mulher-Maravilha durante os Novos 52 pode não ser verdade.
Saudações, amigas e amigos que acompanham o Multiversos. Chegou a vez de analisarmos o retorno ao seu gibi próprio da maior super-heroína da DC: a Mulher-Maravilha.
Desde os tempos da Editora Ebal, no comecinho os anos 1980, que a personagem não tinha seu título solo e, aproveitando o excelente momento do Renascimento, a Panini Comics traz Diana, de Themyscira, em sua nova fase.
Durante os Novos 52, a personagem teve uma fase consagrada produzida por Brian Azzarello, Cliff Chiang, Goran Sudzuka e outros artistas, e uma segunda fase, não tão satisfatória com Meredith e David Finch e que mantiveram o staus quo da personagem como a atual Deusa da Guerra do UDC.
Arte de Matthew Clark, Sean Parsons e Jeremy Colwell
Wonder Woman: Rebirth começa com Diana analisando como o mundo a enxerga: uma heroína, uma mulher acima da média, uma pessoa que vem pra ajudar ou pra atrapalhar? Mas, no final das contas, mantém a pergunta crucial: Quem é essa mulher?
Diana também se pergunta isso. Por se enxergar como uma filha bastarda de Zeus e, mesmo assim, se ver como uma benção divina à Rainha Hipolyta, que ganhou vida numa boneca de barro, Diana sabe que muito de sua história tem duas versões, como seus dias em Themyscira: por um lado amada pelas suas irmãs Amazonas e por outro odiada pelas mesmas mulheres da ilha por ser diferente delas. Mesmo tendo similaridades nessas lembranças, como Steve Trevor, as batalhas contra Ares e a vinda ao mundo dos homens, Diana sente-se incomodada e, ao destruir o Elmo de Ares, algo que deveria ser virtualmente indestrutível, ela usa o Laço da Verdade em si mesma e descobre que, realmente, há algo errado e que ela está sendo enganada.
Diana troca de uniforme, agora usando a armadura atual, e vai ao Olimpo, onde é recebida violentamente e promete descobrir quem a está ludibriando.
Arte de Liam Sharp e Laura Martin
Em Wonder Woman nº 1, Diana vai à Bwunda, na Africa em busca de respostas, onde é atacada por Homens-Chacais e, coincidentemente, Steve Trevor está em missão na mesma região, auxiliado por Etta Candy, aqui como consultora militar, auxiliando a missão de Steve que é desbaratar um líder rebelde local chamado Cadulo, que vem recorrendo a misticismo e sequestrando as meninas das tribos do local. No meio disso tudo surge a Mulher-Leopardo, e ela pode ser crucial na busca de Diana pela verdade.
Arte de Liam Sharp e Laura Martin
Todas essas dúvidas e ações são trazidas pelo experiente escritor Greg Rucka. Rucka já escreveu a personagem nos anos 2000 onde, iniciando pelo fantástico Hiketeia, fez uma das fases mais espetaculares do título e que, para muitos, consegue ficar abaixo apenas da fase de George Perez. O texto de Rucka é dinâmico, ágil, lembrando muito o timming de seriados, consegue dar espaço para arte, e entende bem que quadrinhos é a junção de ambos. A sua Diana é sempre austera, simples e direta, mas nunca rude. O caráter pacifico da personagem sempre é ressaltado, com ela mesmo sentindo o perigo, buscando o diálogo antes, mas, se houver combate, ela não será complacente e revidará à altura. Os personagens secundários são bem colocados, com Etta agindo como apoio e amiga de Steve e Diana. Trevor e sua equipe sendo bem utilizados como uma equipe tática e deixando clara a ligação especial que Diana e Steve possuem. Para fechar, a ameaça de Cadulo e a presença da Mulher-Leopardo trazem a ameaça necessária dessa fase. Fora que seu maior trunfo é jogar todo o cânone criado pelo Azzarello pela janela, criando a dúvida se tudo é ou não verdade. Mentiras é um nome ideal pra essa fase.
A arte de Matthew Clark (lápis), Sean Parsons (nanquim) e Jeremy Colwell (cores) no começo da edição faz a clara alusão ao fim dos N52, com o visual similar ao de David Finch e, quando Liam Sharp entra na edição, tudo muda e a revista ganha demais! Liam adota um estilo mais rebuscado e detalhista quando necessário, mas sabendo utilizar do espaço negativo para dar respiro. Outra bela característica é usar quadros verticais muito bem, dando um belo movimento e design de página. A Diana que ele faz tem traços mais rústicos e fortes, com um tônus muscular grande, mas sem perder a leveza, algo que apreciei bastante para fugir da supermodelo gostosona, e as cores de Laura Martin brilham com beleza, adicionando o caráter narrativo ao traço de Sharp, criando uma parceria perfeita.
A edição da Panini segue o mesmo formato das revistas do Renascimento, com prefácio e capas originais publicadas na edição.
Arte de Liam Sharp e Laura Martin
Mulher-Maravilha é ideal pra que nunca leu nada da personagem e quer começar, como também agrada quem já vinha acompanhando a personagem e talvez agrade mais ainda os que foram embora faz tempo, porque o retorno de Greg Rucka era algo que os fãs pediam e sabiam que se ele voltasse, teriam a certeza que grandes histórias viriam, e eles estavam certos.
FICHA TÉCNICA
Revista tradicional
17 x 26 cm
52 páginas
Papel LWC
Capa Couché
Lombada Canoa (Grampeada)
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Nascido em Fortaleza, trabalha profissionalmente com quadrinhos e ilustração desde 2005, quando começou a vender seus trabalhos pela Internet em sites de vendas como o E-Bay. Trabalhou para editoras norte-americanas, ministrou aulas de desenho e quadrinhos, e vem participando de diversos eventos nos Artists’ Alleys e em painéis sobre cultura pop, quadrinhos e artigos/notícias para o site do Dínamo Studios, do artista Daniel HDR.