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RPG | Diferenças entre sessão de jogo casual e sessão de jogo com mestre profissional

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“Era um dia de domingo e todos estavam empolgados para jogar RPG na casa de Julim. Carol estava a mais empolgada da turma. Ela era amiga do Mestre Julim junto aos outros jogadores e era quem tinha tido a iniciativa de tentar reunir o grupo. Receberam a notícia que João Paulo não ia poder jogar por que já tinha marcado com a namorada de sair, ele não falou para os outros por que estava constrangido com o esquecimento. Só o mestre sabia.

Julim, conhecendo o amigo colocou seu personagem como NPC. Não era a primeira vez, então estavam acostumados. Na casa de Julim, havia uma mesa grande para jogar, era a da sala de jantar. Os que chegaram na hora colocaram os dados, planilhas, livros e até um notebook na mesa junto aos biscoitos, mini-pizzas e garrafa de refrigerante. Eles ainda não começaram a jogar, embora tivesse marcado às 15:00 horas e já fosse quase 17. Quando começaram, ainda faltava ajustar o novo nível que haviam ganho, mas não quiseram interromper o jogo. Julim ficou chateado por que sujaram o livro dele com molho de tomate, mas acontece, não é? Foi super divertido, embora, o Bruno tenha faltado também e a avó de Julim de instante em instante pedisse ajuda com coisas domésticas. Mas, isso não atrapalhou muito a diversão do grupo, só um pouco, a narrativa estava muito boa. Quem sabe na próxima sessão algo diferente aconteça.”

O exemplo anedótico acima ilustra apenas uma das incontáveis situações de sessão de jogo casual de RPG. Não há nenhum problema com sessões casuais ou com as  sessões de RPG em eventos com os formatos vigentes. O jogo de RPG casual existe e foi como aprendemos a jogar nosso hobby e continuará aí por um tempo indefinido, será como continuaremos a jogar sem nenhum problema.

O que muda então?

De alguns anos para cá, em nível nacional, a comunidade RPGística tem se deparado com outras possibilidades de sessão de RPG e várias discussões acerca do formato profissional de se conduzir uma narrativa.

Surge o Mestre profissional, cuja definição é, indivíduo que adquiriu conhecimentos advindos das áreas de ensino superior ou técnico que tem a competência de criar, estruturar e contar uma história; além dos conhecimentos em game design, uma vez que sua história é a serviço de um jogo.

Este profissional está preocupado em prover um lazer diferenciado através do poder de sua narrativa e de sua condução através de uma sessão de RPG. Mas, ele sozinho não tem poder nenhum. O narrador profissional depende tanto da abertura dos jogadores a este tipo de experiência quanto do ambiente para que este tipo de serviço ocorra.

É importante formatar e, portanto, dar limites separando o que é uma sessão profissional de RPG das sessões casuais. Existem alguns modelos para tal, informo aqui aquela com a qual trabalhamos na D&D Delivery, onde a partir daí, fazemos a distinção entre o jogo de sessão casual de RPG e a sessão com um formato profissional.

Primeira diferença: Preparação

Casual:

-Não exige preparação de nenhum tipo para os jogadores;

Profissional:

– Exige preparação do narrador e do ambiente para que facilite uma imersão e reduza minimamente as interrupções de jogo;

Explicando:

O formato casual, em geral, não possui exigência de nenhum tipo. Os jogadores podem ou não faltar. O narrador pode ou não ter aventura e se arriscar totalmente no improviso. O formato casual permite qualquer ambiente, independente do barulho, da quantidade de pessoas e etc. Não possui a exigência de algum horário para começar ou terminar. A sessão ocorre como tiver que acontecer naquele momento e daquele jeito.

O formato profissional exige a preparação do narrador, como ator, contador de histórias e roteirista. Há a exigência de um ambiente fechado ou reservado ao grupo que irá jogar para que reduza minimamente as interrupções de jogo. Neste formato, não há mesas vizinhas de RPG onde jogadores de outras mesas estão a jogar simultaneamente. Existe horário fixo para iniciar e terminar. A sessão é planejada.

Segunda diferença: Experiência “in-game”

Casual:

– Não tem a pretensão de propiciar uma experiência aos seus jogadores; A sessão casual também não se orienta a facilitar estados de imersão, aquele recorte de tempo e espaço é descomprometido. O jogo ocorre apenas no momento da narração;

Profissional:

– Ao final da sessão, o resultado pretende ser de jogadores pelo menos movidos por alguma emoção pertinente a temática da narrativa. O planejamento da sessão visa buscar aos seus jogadores um estado de imersão onde a ficção é “vivida na pele”, o jogo ocorre desde antes até durante o momento da narração.

“Não me importa se o restante do grupo não veio, eu vou segurar as pontas sozinho, se preciso for!”

Terceira diferença: Comprometimento

Casual:

-Não se tem a exigência de se ter um comprometimento; O comprometimento varia e a sessão é mais, ou menos descompromissada.

Profissional:

– Há o investimento de dinheiro e tempo para com a sessão, existe a responsabilidade de seus jogadores e narrador principalmente. Agora, a relação é jogador-cliente e mestre-profissional. O que significa que há a preocupação do narrador de prover um serviço de qualidade e o interesse de investimento do jogador no uso de seu tempo e do tempo de trabalho do mestre profissional para uma experiência de lazer diferenciada.

“Deixe-me contar-lhes uma das histórias que ouvi nas minhas viagens…”

Quarta diferença: Técnica Narrativa

Casual:

-Não exige que o narrador(a) tenha conhecimentos e técnicas especializadas; Qualquer um pode narrar da forma que lhe convier sem a responsabilidade de estar provendo um serviço;

Profissional:

– A presença de um(a) Narrador(a) Profissional que se faz a partir do domínio e uso na sessão de um conjunto de técnicas advindas da área de ensino superior ou técnica como o Teatro, o Cinema, a Literatura e várias outras para criar estruturar e contar uma história.

Então, resumindo, temos as seguintes características exigidas para uma sessão profissional de RPG, segundo o modelo da D&D Delivery:

1) preparação do ambiente para facilitação da imersão de jogo;

2) narração que facilite ao jogador uma experiência;

3) responsabilidade e comprometimento do narrador(a) e grupo;

4) domínio e utilização de técnicas, ou seja, a presença de um(a) narrador(a) profissional;

Casual ou Profissional amamos nosso hobby e perceber que vários formatos estão florescendo é gratificante à nossa comunidade. E você, já experimentou uma sessão Profissional de RPG?

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