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RPG | O que diabos é isso?

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E o Multiversos passa a, efetivamente, dar mais ênfase a este hobby que ainda é tão incompreendido por muitos. Vamos falar sobre RPG?

RPG…

Muitos me perguntam o significado dessas três letrinhas e dizer que significa role-playing game, e que isso pode ser traduzido como jogo de interpretação de papéis, não muda a cara de paisagem de quem está querendo saber. O fato é que RPG é algo tão complexo em si mesmo que até mesmo nós, que amamos, temos dificuldade em explicar. Então, eu saí à procura de outros RPGistas amigos meus para tentar definir isso e o resultado foi bem interessante.

 A maioria, como eu mesmo, costuma definir como um jogo de interpretação e imaginação, onde os jogadores se reúnem para interpretar uma história contada por um deles, que tem a função de narrador. Alguns vão além, explicando que cada um possui um personagem e que o narrador também atua como juiz e vilão no jogo, já que ele mesmo não possui um personagem. Outros falam de rolagens de dados e que existe uma ficha que diz tudo o que o seu personagem pode fazer e tudo o mais. As explicações variam, mas essencialmente é interpretação e imaginação. A maioria apontou como diferencial a liberdade para criar. Diferente do que acontece nos videogames, cada um tem a liberdade de montar o próprio personagem da maneira que desejar. “Se você joga um God of War, Kratos é o Kratos e ele tem uma história que não muda”, disse Gustavo, de Limeira/SP. “No RPG, você dá vida ao personagem, dá a história, trilha o caminho dele.”

Explicando em termos muito gerais: o narrador (chamado de mestre pelos RPGistas) vai contando uma história, colocando como um grande teatro e dando o cenário para os jogadores agirem. “Os jogadores é que interagem com o mundo e interferem diretamente com a história através das falas e ações dos personagens que criaram para jogar, ajudando a formar o curso do jogo junto com o narrador”, diz Fernanda, do Rio de Janeiro. E, de fato, não existem limites para o que você pode fazer, exceto aqueles criados pelo próprio cenário. Talles, do RJ, complementa: “Você vai até onde sua imaginação permite.”

Minha experiência com RPG começou ainda criança. O primo de um amigo surgiu e ali eu fiz meu primeiro mago (conforme meus textos forem ficando mais frequentes, vocês vão aos poucos entendendo minha fascinação por magos). Foi a tarde em que eu conjurei minha primeira magia e desde então, nunca mais isso me saiu da cabeça. Acho que a minha paixão por escrever e criar foi muito impulsionada naquele dia, porque desde então comecei a criar com meus amigos nossos próprios sistemas, pesquisando na internet, criando nossas próprias histórias e personagens. Mas foi na faculdade que minha maior experiência teve lugar.

O sistema era, coincidentemente, o mesmo: 3D&T, Defensores de Tóquio. Um amigo começou a contar uma história e lá fomos nós, um grupo de quatro pessoas com personagens totalmente diferentes entre si enfrentando as situações mirabolantes numa torre insana. Acho que nenhum de nós esquece aquelas tardes, não só por ter sido a primeira campanha (uma série de aventuras ligadas pela história), mas pelas situações tensas, cômicas e inesperadas que iam desde o meu mago obsessivo que tentava fazer os vieses de curandeiro do grupo (o que tenho certeza que mestre Thales fez de propósito) até Leonardo com as escapadas épicas de seu personagem (passar por dentro de um casaco para escapar de um vilão foi marcante). Logo depois conheci o sistema que me fez apaixonar de vez por essa vida de rolagens de dados: Tormenta RPG.

Lembro de ter comprado o módulo básico pouco depois de sair da faculdade e, no caminho do metrô para casa já tinha lido o livro inteiro. No fim de semana, narrei para alguns amigos e o resultado foi maravilhoso apesar da narração difícil para um mestre de primeira viagem e de jogadores extremamente azarados nos dados. Mas a prática traz a perfeição e depois de mais e mais sessões eu já estava amando criar mais e mais histórias para meus queridos jogadores. Acho que desde aquela época, Gustavo (esse de Nova Iguaçu/RJ) diz que “o único ponto ruim é que às vezes o jogo é tão bom que poderia ser real”. No ano seguinte, narrei 3D&T na faculdade para alguns amigos e depois comecei uma mesa de Tormenta RPG que ainda está viva (e saudável e até mesmo numerosa) nas mãos de outros mestres que, me orgulho dizer, ajudei a formar. Agora eu finalmente posso deixar de ser o narrador e juiz e ser apenas mais um jogador deixando o mestre desesperado com meus personagens incomuns. E todos possuem um mesmo objetivo: diversão. “Posso fazer coisas absurdas, como um construto conjurador, fazer minhas ideias loucas interagirem com as ideias loucas de outros e fazer algo muito engraçado”, diz mais um Gustavo, de Duque de Caxias/RJ (acho que preciso parar de conhecer pessoas com o mesmo nome…).

A possibilidade de se libertar das amarras do mundo real e deixar a imaginação fluir é o que mais prende as pessoas a esse passatempo maravilhoso (e chamar de passatempo, na minha humilde opinião, não deprecia de maneira alguma o RPG). Muitos falam de como é ficar ansioso pela próxima sessão, animado com as reviravoltas da mesa e extremamente agoniados quando alguns mestres (vulgo eu) encerram a sessão logo na iminência da próxima batalha… Eu, pessoalmente, gosto pela possibilidade de dar voz às muitas facetas da minha personalidade e da inspiração que me dá para escrever contos (um de meus amigos costuma dizer que Tormenta pra mim é um The Sims mais elaborado). Escrever pra mim é o que faz o sangue correr nas veias deste corpo mortal, e conseguir ver meus amigos tornando “real” isso tudo é gratificante demais… E tô aqui para, basicamente, trazer mais dessa cultura RPGística pra vocês. Espero que venham a gostar dos textos desse mestre RPGista, escritor amador e tiete de Tormenta!! 🙂

 

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