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‘Star Wars: A Ascensão Skywalker’ é tudo o que Star Wars precisa ser

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O novo e, em tese, último episódio da saga Skywalker chegou aos cinemas com Star Wars: A Ascensão Skywalker e tem dividido as opiniões de críticos e fãs da franquia multimídia idealizada por George Lucas, e que agora é propriedade do rato de fala fina da Disney.

A Força despertou há 4 anos, em uma galáxia não tão distante assim, pelas mãos do diretor, roteirista e produtor, JJ Abrams, com o Episódio VII: O Despertar da Força, e reverberou passando pelas mãos do diretor Rian Johnson com o Episódio VIII: Os Últimos Jedi, até voltar às mãos de JJ para que este pudesse finalizar o trabalho que iniciou. O filme conta com roteiro de Chris Terrio junto ao próprio JJ Abrams.


Sinopse
Com o retorno do Imperador Palpatine, todos voltam a temer seu poder e, com isso, a Resistência toma a frente da batalha que ditará os rumos da galáxia. Treinando para ser uma completa Jedi, Rey (Daisy Ridley) ainda se encontra em conflito com seu passado e futuro, mas teme pelas respostas que pode conseguir a partir de sua complexa ligação com Kylo Ren (Adam Driver), que também se encontra em conflito pela Força.


Antes de partir para o filme em si, gostaria de pensar um pouco junto com vocês:

Creio que existe uma percepção unanime quanto a fãs de qualquer grande franquia (ou sobre qualquer coisa, na realidade, mas vamos nos ater a franquias aqui): unanimidade é algo extremamente difícil! Quase impossível quando se trata de algo que atinge um contingente tão grande de pessoas, como é o caso dos fãs de Star Wars. Sempre haverão discordâncias e dissonâncias em algum ponto, e isso é perfeitamente normal e saudável, uma vez que mantém o tema em constante discussão. E, nada melhor para um produto do que ser lembrado, não é?

Por isso, acho válido pensar que, independente de quem escrevesse o roteiro de Star Wars: A Ascensão Skywalker (ou qualquer que fosse o título), um “último episódio de Star Wars” sempre sofreria algum backlash. Até ‘O Retorno de Jedi’, o “primeiro fim” de Star Wars, sofreu com isso por não atingir as expectativas criadas por seu primoroso antecessor. Quer seja pelo excesso de referências, ou pela falta delas, pela morte de um personagem querido, ou então pela “falta de coragem do diretor” em se arriscar mais no roteiro, sempre haverão as pessoas satisfeitas e as insatisfeitas com as ideias dos roteiristas e diretores.

Dito isto, JJ Abrams cumpre bem o papel de finalizar a sua trilogia. Não finaliza melhor pois, no meio do caminho havia uma pedra: Rian Johnson e seu Os Últimos Jedi.

Abrams vs Johnson

Johnson roteirizou e dirigiu o segundo longa da nova trilogia de Star Wars que, assim como A Ascensão Skywalker, dividiu o público e crítica. Amado por alguns por sua ousadia e odiado por outros por descaracterizar pontos e personagens já estabelecidos dentro do universo de Star Wars, Rian Johnnson deixou nas mãos de JJ Abrams algumas das questões que levam o Episódio IX a sofrer em seu roteiro.

É notório, ao assistir o novo longa, que várias das decisões de roteiro de Johnson não eram queridas por JJ Abrams em sua trilogia e, com isso, Abrams passa muito tempo em tela tentando desconstruir o que havia sido previamente estabelecido por Johnson no seu longa. Por isso A Ascensão Skywalker perde a oportunidade de se aprofundar mais na sua própria história e mantém um ritmo frenético na expectativa de gerar tantos momentos quantos forem possíveis para que o diretor consiga refutar todos os pontos que deseja.

A direção de Rian Johnson agrada aos que gostam da ousadia do diretor à frente do seu longa. É notório que Johnson não teve medo de arriscar, mas tudo indica isso não é o que Abrams planejava para o trabalho que iniciou. A condução do Episódio IX casa perfeitamente com o trabalho anterior de Abram no Episódio VII. Parece que o episódio que deveria fazer o link entre os dois filmes não cumpre o seu papel como deveria dentro da proposta de Abrams e acaba por ser mais um desvio de rota do que uma ponte.

Infelizmente, nesse sentido, a troca de direção entre os episódios compromete o roteiro da trilogia ao ser pensada como um todo.

The Rise of The Fanservice

JJ Abrams sabe para quem está fazendo cinema, e joga para a torcida. Vários dos fanservices e teorias que os fãs pediam foram atendidos pelo diretor. Alguns deles seriam bem melhor utilizados se tivessem sido feitos no longa anterior, o que daria ao diretor a oportunidade de trabalhar de maneira mais calma nos aprofundamentos que o Ep. IX precisaria. Mas, nada que comprometa a experiência como um todo.

Vale salientar que atender aos fãs não é, nem de longe, um erro ou problema em si. O que mais prejudica o longa é a falta de tempo entre conciliar muitos fanservices com a negação de vários pontos do filme anterior, com a estrutura da sua própria história e, ainda, necessitar trabalhar com um roteiro que possa utilizar as cenas já gravadas da atriz Carrie Fisher, já falecida, em um filme de conclusão de uma saga. Trabalho complicado até para as mãos hábeis de Abrams.

Mas, JJ sabe o que faz.

Sobe a letrinha amarela no espaço…

Mesmo com tantas dificuldades em mãos, JJ Abrams mostra que sabe como agradar os fãs e consegue, mesmo com dificuldades, apresentar a história que queria para essa trilogia de Star Wars. A Ascensão Skywalker, assim como O Despertar da Força, consegue levar o público a re-experimentar visitar aquela galáxia tão-tão distante que conhecemos.

Rey, Finn (John Boyega) e Poe (Oscar Isaac) estão de volta aos seus aspectos apresentados no Ep. VII, a heroína em crescimento, o bravo amigo e o rebelde-com-causa. E agora, muito mais do que antes, o grupo se levanta como os novos Luke, Leia e Han, pois estão efetivamente lado-a-lado na aventura, e isso é um dos pilares do longa: a força que existe na união.

O diretor JJ Abrams aposta em um roteiro simples e sem rodeios para levar os personagens, passo-a-passo, ao lugar onde deseja, sem dar espaços para discussões filosóficas, divagações no roteiro ou muitas pontas soltas. Para isso o diretor conduz os personagens em uma frenética cadeia de missões, onde cada uma tem por objetivo conquistar algo que “destrava” a próxima missão. O objetivo é claro: “Saiam daqui, peguem aquilo, vão pra lá e cheguem ali. GO!”

Dentro dessa dinâmica, e tendo em vista o desenvolvimento do longa anterior, é triste ver como se dá o arco do vilão Kylo Ren. Surgindo no Ep. VII como um mimado aprendiz de Sith, Ben Skywalker Solo tem um arco apressado e muito pequeno para tudo aquilo que o seu sobrenome representa, e pelo quanto o personagem cresceu no filme anterior.

Também de forma diferente de Johnson, JJ entende que Star Wars é, sim, sobre a luta entre o bem e o mal. O maniqueísmo é uma das base da saga que separa seus personagens em cavaleiros do lado da luz ou do lado negro. E isso é agradável de ver, depois da tentativa de pasteurizar os Jedi em “neutros”, como foi no longa anterior onde o maior herói da saga propõe o fim dos Jedi. Shame on you, Luke.

Star Wars é isso, a união de bravos contra tiranos malignos. Heróis contra vilões. E, repito aqui as minhas primeiras impressões do longa:

“JJ Abrams finaliza a trilogia que ele mesmo iniciou mostrando que entende do universo de Star Wars bem mais seu antecessor, Ryan Johnson.

Star Wars É maniqueísta, sim! É o bem contra o mal. Mocinho contra bandido. Preto no branco.

E não precisa ser mais do que isso. Pelo menos não no núcleo central, na essência do universo.

O filme tem escolhas de roteiro duvidosas/questionáveis? TEM. Está errado por isso? NÃO.

‘Star Wars: The Rise of Skywalker’ tem tudo o que um filme de Star Wars precisa: aventura, ação, dúvidas pessoais, amizade e superação.

E, repito, não precisa de mais do que isso.”

The Fim

JJ Abrams entende que Star Wars é isso. É levar o público a uma divertida aventura no espaço onde apenas a amizade e aquela Força que vem de dentro podem te acompanhar. É ver um personagem cheio de dúvidas que, mesmo assim, entende o seu papel e faz o que é certo, pois ele sabe que precisa fazer, pois tem “uma sensação. Um sentimento.”

Star Wars é isso. E não precisa ser mais do que isso.

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