Filmes

TENET | A nova ousadia de Christopher Nolan — Crítica SEM spoilers

Christopher Nolan volta aos cinemas e traz TENET, projeto que fará os espectadores se desafiarem a montar um grande quebra-cabeças temporal.

Publicado há

em

Imagem de divulgação: Warner Bros.

Christopher Nolan, um dos mais celebrados e odiados diretores do cinema atual, nos traz a sua nova obra, TENET, onde ele assina direção e roteiro, e promete, mais uma vez, trazer uma obra que mexerá com as cabeças dos espectadores. Nós do Multiversos pudemos conferir o filme e traremos nossas impressões aqui, sem spoilers. Queremos agradecer a Espaço Z e à Warner Bros. pelo convite e parceria de sempre.

John David Washington, um agente secreto, recebe a missão de descobrir as razões de alguns objetos estarem se comportando de forma estranha, movendo-se em sentido inverso. Com a ajuda de Robert Pattinson, o agente Neil, especialista de campo, ele tem pouquíssimos recursos à mão e somente uma palavra como guia, que pode abrir e fechar caminhos na sua missão: TENET. Essa missão acaba levando os nossos agentes em direção à Kenneth Branagh, o traficante de armas, Sartor, e à Elizabeth Dibicki, a jovem, Kat, esposa de Sartor, que vive subjugada pelo traficante para que possa proteger e cuidar de Laurie Shepherd, seu filho, Max.

Nolan usa em seu roteiro uma estrutura simples: prólogo – três atos – epílogo. Isso é bem perceptível, mesmo que aqui ele estique esses atos um pouco além, devido à uma de suas mais famosas características: os diálogos expositórios. Neste caso específico, sua característica até tem uma função narrativa funcional, afinal de contas, num universo de agentes, planejamento é parte primordial da missão.

Entretanto, é preciso pontuar que a maioria dos diálogos são bastante artificiais, sendo mais funcionais do que naturais. Com isso, o roteiro vai sempre enxertando conceitos enquanto a trama principal segue, o que vai exigir atenção constante do expectador, mesmo quando, de forma deliberada, um dos diálogos lhe disser para não fazer isso (risos).

A trama também faz um excelente trabalho de escala, evoluindo muito bem do micro para o macro. Isto torna cada momento do filme maior que seu antecessor, até chegarmos numa escala épica do conflito em seu terceiro ato. O diretor até brinca com conceitos mais fundamentados em ciência, mas também há muita teoria fantástica e alguns roteirismos espertos para deixar tudo mais “descolado” na tela.

++Leia Mais:
– Assassin’s Creed ganhará série na Netflix
– Moon Knight | Oscar Isaac está em negociações para estrelar a série do Disney+

Nolan, mesmo marretando pesado na ficção científica, entende muito bem que cinema é um espetáculo visual. E, aqui, o diretor consegue evoluir e crescer dentro do jogo cinematográfico. Gravar o filme todo em câmeras IMAX faz a diferença e torna assistir TENET numa sala deste tipo algo único, tanto em imagem quanto em som.

A fotografia de Hoyte-Van Hoytema e a edição de Jennifer Lame trabalham muito bem em conjunto, juntamente com a direção de arte e figurino. Mas, dá para sentir a mão pesada do Nolan nas soluções visuais. Isso faz com que todo o filme tenha padrão visual mais lavado e uniforme, deixando TENET parecido com A Origem e a Trilogia Batman. Ludwig Göransson criou uma trilha sonora que dá personalidade para o projeto e que mantém os já conhecidos “DOOOONNNN!” que o Nolan tanto adora. Em alguns momentos, os sons do ambiente ficam muito altos e também alterados, mas isso é proposital, não um erro.

O carisma e grande atuação de John David Washington o fizeram ser um protagonista perfeito no filme. Ele tem charme, consegue criar uma ótima empatia com o espectador e, desde já, merece todos os créditos por fazer TENET dar certo. Robert Pattinson segue na sua missão de dominação mundial trabalhando no máximo de projetos possíveis, atuando muito bem e conseguindo a façanha camaleônica de sumir completamente ao interpretar o misterioso e simpático Neil. Elizabeth Dibicki é o coração do filme, com o desafio que Kat tem pela frente e que faz a personagem evoluir. Infelizmente, ver Kenneth Branagh fazendo um vilão genérico e com as piores frases do filmes é até um desperdício, mesmo que sua presença de tela seja forte. Para fechar, brinque de achar o Michael Caine e o Aaron Taylor-Johnson durante a projeção.

TENET é uma experiência cinematográfica impressionante. Christopher Nolan conseguiu, mais uma vez, misturar bem ação com conteúdo. Fazendo, assim, com que o espectador vá montando, junto com a trama, o grande quebra-cabeças temporal que o longa traz. Além disso, também homenageia sem pudores um certo espião inglês que tem por aí.


Acompanhe nossas redes sociais para mais novidades:
Facebook | InstagramTwitter | YouTube




Clique para comentar

Mais Lidos

Sair da versão mobile