The Old Guard chegou na Netflix. O longa é dirigido por Gina Prince-Bythewood, com roteiro de Greg Rucka, que também é o criador, junto com o desenhista Leandro Fernandez, da HQ que inspirou o longa, e estrelado por Charlize Theron.
Andy (Charlize Theron) é a líder de um pequeno grupo secreto de imortais, que encontram-se atacados por um novo inimigo e, ao mesmo tempo, precisam lidar com a chegada de uma nova imortal ao grupo.
O maior trunfo de The Old Guard (deveriam ter traduzido o título para a “A Velha Guarda”. Estamos no Brasil, Netflix!) vem de seu elenco. Charlize Theron é uma das poucas atrizes que ainda possuem um gigantesco “Star Factor” e, graças à ela, esse projeto ganha uma força descomunal. Ela faz uma Andy que exala liderança, força e poder da maneira certa.
Andy nunca é interpretada como alguém exagerada, ao contrário disso, é perceptível como a personagem tem visão ampla e controle do que está ao seu redor. Isso é justificado por seu longo tempo em ação e, nas poucas vezes em que ela baixa a guarda, o faz somente entre os membros do seu grupo, que é formado por Booke (Matthias Schoenaerts), Joe (Marwan Kenzari) e Nicky (Luca Marinelli), homens que são extremamente fieis à “Chefe” e que, como pessoas que andam à muitos anos sobre a Terra, carregam um certa carga de melancolia e tristeza nas suas palavras e atitudes.
Esse grupo misto, e ao mesmo tempo homogêneo, é tomado de pela surpresa da chegada de Nile (KiKi Layne), a neófita que vem para se descobrir e ser inserida nesse seleto grupo. Copley (Chiwetel Eitiofor) entra na trama como o homem de contatos providenciais e perigosos e dá credibilidade ao seu personagem e ver uma figura como Merrick (Harry Melling) só reforça como empresários inescrupulosos são sempre um clichê deplorável e vil, porém eficiente.
A direção Prince-Bythewood é eficiente. Vinda do drama, a diretora saiu da zona de conforto com esse projeto e consegue um resultado agradável no longa. É notório que nos momentos de interação e dramáticos o filme se sai muito bem enquanto nos momentos de ação, os resultados são agradáveis e precisos dentro da trama.
O roteiro de Greg Rucka é uma das melhores partes do longa. Como um conhecedor de longa data do seu próprio trabalho, é muito prazeroso ver como o Rucka soube transpor seu estilo ágil de escrita para um roteiro de cinema. Os diálogos, na sua maioria, são ágeis e naturais, com um excelente tempo e ritmo. Como aqui o roteiro lida com figuras que já estão na Terra à séculos, os flashbacks são até esperados na trama e são usados de forma segura. Rucka nunca os deixa tomarem o foco da narrativa, usando-os de forma ideal para dar as camadas necessárias que seus personagens necessitam. Personagens esses que se utilizam bem das convenções do gênero e também ganham personalidades simples, diretas e tudo isso é mostrado de forma clara e objetiva. Ao fazer isso, Rucka espertamente foge do “NOLANismo Didático”, uma das piores pragas dos cinema atual, que explica demais e sempre subestima o seu espectador.
Graças às escolhas de Prince-Bythewood e Rucka, o equilíbrio entre ação e drama consegue ser agradável, o que é favorecido graças à uma edição coesa e que nunca deixa o longa chato e nem arrastado. Todas as cenas ganham bastante com as adições tanto de uma boa trilha sonora como com o bom uso de canções. As sequências de ação demonstram bem como cada personagem luta e como todos eles agem em uníssono durante os combates, porém, aqui, a boa fotografia do longa se perde, ao sempre insistir em ângulos médios e fechados.
The Old Guard é um filme divertido pra caramba! Greg Rucka, o dono do brinquedo, veio para nos salvar do NOLANismo Didático e, junto com a diretora Gina Prince-Bythewood, nos entregam essa pepita direta dos anos 2000, dos tempos que cinema de ação era divertido e não ficavam explicando o diacho de um TCC para o espectador.