Ao contrário da Temporada passada, Titans chega ao seu quarto episódio ainda sem realmente empolgar.
“Aqualad” é o esperado episódio flashback que, em tese, além de introduzir o personagem título, deveria explicar a razão do ódio claramente existente entre os Titãs originais e Slade Wilson, o Exterminador. Além de supostamente indicar quais seriam os pecados que teriam causado a separação da equipe no passado.
Pois bem, o episódio atendeu parte destas demandas, e começou a entregar as tão esperadas explicações que, da maneira como a temporada se desenhou em seus primeiros três episódios, parecem fundamentais para o desenvolvimento da história.
Voltamos 5 anos no passado quando a equipe dos Titãs estavam no seu auge. O episódio é todo dedicado a entendermos o nível de relacionamento que existia entre os membros da equipe. A narrativa tem o desejo claro de valorizar as relações para entregar o peso necessário para a futura cisão da equipe.
Neste ponto o episódio vai bem ao mostrar o nível de envolvimento e cumplicidade entre os membros da equipe, e explicar o modo como estas relações evoluem. O problema reside na narrativa que, assim como nos episódios anteriores, não decola. Ao desenvolver os relacionamentos estes não são nem superficiais (de modo que somente sejam um pano de fundo para justificar outros elementos da trama, como a ação, por exemplo) mas também não se aprofundam, a ponto de realmente nos importarmos com eles.
Ainda assim, quando vemos a formação original dos Titãs reunida, o episódio realmente melhora. Existe uma química interessante entre o elenco que funciona muito bem em cena, ainda que, claramente, o episódio careça de diálogos mais elaborados e de boas cenas de ação. Aliás, a ação que na temporada passada foi um dos pontos altos, ainda não funcionou nesta nova temporada.
Quanto ao novo personagem, Aqualad, que dá nome ao episódio, este alterna altos e baixos, a começar pela caracterização. Não que a interpretação de Drew Van Acker comprometa, ou mesmo o figurino, que está de acordo. Contudo, falta um aproveitamento melhor das habilidades e poderes do herói. Também há um longo de tempo de tela para entregar o nível de relacionamento entre Aqualad e Donna Troy (Conor Leslie) e o trauma que a morte do herói causou tanto na amazona quanto em toda a equipe, motivando, ao que se pode perceber, a vingança contra o Exterminador (Esai Morales).
Outro ponto negativo do episódio é a forma como o herói é morto. A não ser que novos elementos apareçam acerca do assassinato (cujas motivações ainda são um mistério), ver um Atlante ser morto por uma bala, em minha opinião, não faz sentido algum se considerarmos o biótipo da raça vastamente explorado nos quadrinhos.
O episódio também entregou a origem do vilão, Doutor Luz (Michael Mosley), e a razão de seu ódio pelo Titãs. Algo, aliás, que já havia ficado implícito nos episódios anteriores e apenas ganhou corpo numa sequência de ação que existe mais para mostrar os Titãs em ação e seu poder de colaboração em equipe. A cena lembra, por exemplo, os momentos de ação dos X-Men, com os personagens combinando seus poderes para derrotar a ameaça. Porém, neste episódio, a sequência além de morna, fica muito aquém das boas combinações dos mutantes.
Por fim, o filho do Exterminador, Jericho, também fez sua primeira aparição neste episódio, já deixando no ar que existe algo por trás da relação (se é que existe uma) entre pai e filho. Jericho, ao que tudo indica, pode ser uma vítima no desejo de vingança dos Titãs contra o Exterminador. O que, claro, irá refletir, como já dissemos, na história do tempo presente.
Jericho é interpretado pelo ator Chella Man, que é deficiente auditivo (assim como seu personagem), conhecido pelo ativismo em prol de diversas causas de opressão de minorias.
O quarto episódio de Titans, acerta no entrosamento dos Titãs originais em cena mas, apesar de promissor, peca pela falta de dinamismo e pelas soluções duvidosas de roteiro. É mais agradável que os episódios anteriores, mas ainda é muito pouco para o que se espera da série.
Conheceu os quadrinhos (que carinhosamente chama de Gibi) no fim dos anos 80 e deles nunca mais se separou. Gamer old school, ávido devorador de bons livros, amante da sétima arte, comentarista de rádio. Escreve para uma comunidade de cultura pop, e é o mais recente membro honorário do Conselho de Elrond.