Estava eu em casa, curtindo um bom dia de folga, vendo minhas séries (alugadas de maneira legal na locadora do Torrent) e fui ver mais um episódio de uma série que ainda gosto bastante, The Big Bang Theory.
A trama teve algumas evoluções ao longo dos anos, mas o clima nerd continua ali, apesar de que, às vezes, me incomoda eles terem que explicar as piadas (entendo os motivos disso, afinal, não é um show que atinge apenas o público nerd), mas, graças a esse cuidado, a série conseguiu ultrapassar certos muros, chegando em outros grupos também.
Olhando para a quantidade de séries, games e filmes de super-heróis, é fácil notar como o ‘nerd’ têm, realmente, dominado boa parte do mercado do entretenimento. Vejo, inclusive, antigos colegas de escola, que me olhavam com olhos tortos por gostar de ler quadrinhos, usando camisetas de heróis e postando coisas que, provavelmente, eu postaria em minhas redes sociais. É, o mundo mudou.
O nerd está na moda. Podemos perceber isso nas mais diversas lojas de departamento espalhadas pelos shoppings. De camisas a almofadas e edredons, os maiores sucessos do cinema nerd à disposição dos ávidos e felizes clientes (“Já fez o seu cartão hoje senhor(a)?”).
E esses novos consumidores de cultura pop foram apelidados pelos mais antigos, afinal, nerd é chato, é preciso entender isso. Ele não gosta de nada invadindo ou mudando o status quo do seu universo tão amando, conhecido e cuidado. Esses novos consumidores são chamados de Bazingueiros.
O novo nerd, que se descobriu há pouco amando quadrinhos, livros, cinema, é depreciado pelo ‘nerd hard’. Só porque ele não teve idade para viver as tantas crises da DC, acompanhar de perto como era difícil e sofrido conseguir aquela história tão desejada. Ou, porque ele não sofreu indo na banca sem saber quanto custava a revista, afinal, tivemos o temido período da “Tabela de Preços” quando as revistas não tinham o valor impresso em suas capas, e sim, um código que definia o quanto aquele item tão desejado custava, e essa tabela era constantemente atualizada. Era uma roleta russa de emoções. Ou ainda, por eles não saberem o que é ter a sua história preferida cortada e editada, com personagens sendo limados de sagas, cores mudadas para confundir o leitor, e nunca tiveram o prazer de colecionar todos os meses nossos lindos formatinhos.
Mas, antes de você ficar gritando aos montes o quanto conhece de heróis e quadrinhos, que é leitor das antigas, que viu de perto o menino Dick Grayson se tornar o Asa Noturna, que acompanhou mensalmente a incrível fase Byrne e Claremont à frente dos X-men e todo o mais, vamos parar e pensar um pouco.
Que bom pra você ter esse conhecimento, poder ter visto isso na época em que ocorreram esses momentos tão marcantes dos quadrinhos, mas, o novo consumidor da 9° arte, e tudo o mais que amamos, não é menos apaixonado por todo esse universo só porque ele chegou agora. O fato dele estar, na sua visão, “na modinha” e sendo só mais um “bazingueiro” não diminui o seu valor.
Pense comigo, é por conta de haver esse crescimento de consumidores de produtos nerds que vivemos essa época de tão incrível oferta! Vemos mensalmente nas lojas sagas completas, inclusive, em belíssimos encadernados de capa dura (ah, o sommelier de capa dura…). Sagas essas que, muitas vezes, não tivemos a chance adquirir em sua tiragem original. Graças a esse público novo existe demanda, com a demanda existe produção, com produção os produtos vêm para que os “bazingueiros” e os “old school” (como eu e você, se for o caso) possamos comprar (ou apenas enchermos os olhos) ao visitar uma banca ou loja especializada.
Vejo também alguns comentários sobre as meninas gamers, como: “Ah, ela não é gamer, é só uma poser”.
Cara, mas ela compra e joga! O que mais você quer?
Digamos que ela não seja uma player “hardcore” como você, ainda assim, ela faz com que o mercado cresça com o consumo dela e que você continue, assim, a ter mais produtos e mais possibilidades!
Hoje temos mais lojas com conteúdo nerd. O mercado está crescendo, não estamos mais limitados. Somos um público alvo e forte, e, você gostando ou não, os “bazingueiros” ajudaram, e muito, a chegarmos nesse patamar.
Sei que vamos nos irritar com algumas posturas. Sei que ainda vamos ouvir, em salas de cinema, comentários dos mais bizarros possíveis. Como, por exemplo, quando rolar algo como o aparecimento de Thanos na cena pós-crédito de Vingadores, e alguém sentado ao teu lado olhar para a namorada e disser: “Olha amor, esse é o Apocalipse, com certeza teremos o Wolverine no próximo filme. ”
…
¬.¬’
Pois é, ainda teremos isso. E nos chatearemos, afinal, nerd é chato e eu não sou diferente…
Mas estou tentando ser mais compressivo. Sério, isso ajuda. As vezes…
Comecei muito cedo a consumir cultura pop, graças a minha Santa Avozinha que me presenteou com a edição A Espada Selvagem de Conan N° 14. Tenho a absoluta certeza que Jack “The King” Kirby é mais importante para o universo dos quadrinhos que Stan “The Man” Lee. Sou fã de Star Wars, Lord Of The Rings, Poderoso Chefão, Batman e Wolverine. Amante de bons filmes e louco por pudim e Doritos picante.