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Crítica | Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos

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“O primeiro encontro”, esse subtítulo para mim é bem representativo, pois foi meu primeiro encontro com o universo de Warcraft. Chego a esse universo como um expectador de olhos inocentes, tentando entender toda a matemática desses personagens e do mundo tão rico de Azeroth. O desafio de passar tudo o que senti ao ver a primeira incursão da Blizzard nos cinemas é difícil, pois sou um estranho nesse universo, e ao mesmo tempo é muito bom, pois não me sinto contaminado por toda uma cronologia de personagens e jogos, estou em ambiente inóspito, novo e desafiador.

Quando soube que eles adaptariam a franquia para os cinemas o medo foi inevitável pois, apesar de nunca ter jogado Warcraft, vejo ele e outros jogos com grande potencial de contar uma boa história nos cinemas, potencial esse que, geralmente, é desperdiçado por questões mercadológicas e pelo dedo de produtores que não conhecem e não entendem a trama que eles pretendem contar. Mas, ao saber que a própria Blizzard estava produzindo o filme senti um certo conforto, mas a calmaria veio verdadeiramente com o anúncio do diretor, Duncan Jones. Um diretor jovem, mas já com duas grandes produções nas costas, Lunar (excelente filme, esse eu indico sempre) e Contra o Tempo. Fora que o filho de David Bowie é um gamer convicto, e um apaixonado pela franquia Warcraft, ou seja, o fio de esperança na produção ia se tornando uma luz forte.

O anúncio de Travis Fimmel, o nosso eterno Ragnar Lothbrok da série Vikings, trouxe mais um ânimo e empolgação. E o casting só aumentava, Toby Kebbel que apesar de sofrer com o execrado Quarteto Fantástico e seu Doutor Destino bizarro, atuou em um dos melhores episódios de Black Mirror, Toby dá vida a um personagem de extrema importância para a trama, o Orc Durotan. Dominic Cooper, no papel de Rei Llane, e Ben Foster, atuando como o mago Medivh, continuam dando o tom do elenco, e empolgando mais e mais.

Clancy Brown, o eterno vilão de Highlander, Victor Kruger, também foi confirmado no elenco, emprestando sua voz gutural ao Chefe Guerreiro “Orc Badass”, Mão-Negra.

No elenco feminino, temos um rosto conhecido dos nerds, interpretando Lady Taria, a atriz Ruth Negga, que já fez participações em Agentes da Shield e está na nova produção da AMC baseada nos quadrinhos de Garth Ennis, Preacher, e como a mestiça Garona, Paula Patton, uma personagem que dá o tom a trama.

Ao iniciar o filme, somos logo apresentados ao mundo dos orcs, Draenor, um lugar devastado, e a uma horda de orcs sendo liderada por um bruxo chamado Gul’dan, que se utiliza de magia maligna, aqui chamada de Vileza, que consome a essência vital de seres vivos. Com seu mundo em colapso, Gul’dan ativa um portal místico para enviar uma horda bestial de grandes guerreiros para conquistar a próspera Azeroth.

Neste momento somos apresentados ao orc Durotan, chefe do clã Lobos do Gelo, é neste personagem que percebemos que as coisas não são tão aparentes assim, que apesar da bestialidade física dos orcs muitos deles são guerreiros honrados e com padrões éticos bastante definidos, e isso é de extrema importância para a construção da trama.

O Rei LIane é informado pelo jovem e inexperiente aprendiz desertor do Kirin Tor (que é, basicamente, uma ordem de magos), Khadgar, que a invasão é iminente e o “guardião” precisa ser convocado pois Azeroth pode sucumbir diante do poder maligno do bruxo Gul’dan.

LIane envia seu comandante, Lothar, junto com jovem mago para convocar o mago Medivh, o atual Guardião, e informá-lo dos perigos que rondam o seu mundo.

A trama se desenvolve cheia de grandes cenas de ação e batalhas épicas, momentos dramáticos e a honra e coragem surgindo dos lugares menos esperados.

Umas das coisas que mais me deixou curioso em relação a produção, foram as armas e armaduras, que no jogo tudo é apresentado de forma exagerada. No filme, eles mantiveram essa característica, mas tiveram o cuidado de deixar tudo funcional. Nas cenas de luta, por exemplo, os guerreiros que usam armadura, se movem mais lentamente, e o peso das armas e golpes é sentido, mostrando assim um cuidado em transpor essa curiosidade dos jogos para a telona.

O roteiro é construído de forma que esse universo se expanda, ficando ganchos narrativos para serem melhor construídos em uma futura continuação.

Os pontos baixos do filme, ficam a cargo do senso de urgência ligado no máximo em alguns momentos, a aceitação rápida de uma personagem no ciclo interno da realeza, a ponto da mesma tonar-se protetora do Rei. Entendo que essa aceitação é de extrema importância para a continuação da trama e a expansão desse universo em uma possível segunda visita ao mundo de Azeroth, mas, ainda assim, incomoda um pouco.

Travis Fimmel é excelente no papel de Lothar, mas, infelizmente, e desculpem minha ignorância em não conhecer o personagem, sinto que faltou uma construção melhor desse guerreiro. Em todas as cenas fica inevitável não visualizarmos Ragnar, inclusive no jeito debochado tão presente em Lothbrock na série Vikings. Sei que para o próprio Travis Fimmel deve ser complicado em um universo mítico medieval se distanciar do personagem que o consagrou, não chega a incomodar, mas a todo tempo ficamos com a sensação que ele gritará a plenos pulmões: “Not you, not you and not You!” (Vejam a 3º temporada e entendam a referência)

No geral, e apesar de algumas críticas negativas que tenho visto por aí, Warcraft tem tido uma excelente aceitação em território tupiniquim, desbancando em seu final de semana de estreia a grande franquia dos mutantes da Fox, X-men.

Um roteiro simples, mas bem amarrado, com aberturas e expansões para a continuidade da história, Warcraft – O primeiro encontro de dois mundos, traz uma narrativa e um universo fantástico que agrada muito aos fãs do universo criado pela Blizard (acredito eu, heheheh), mas também agrada o público civil que nunca jogou, como é o meu caso, deixando um gancho que empolga muito e torce para que a bilheteria do filme seja excelente, e nossa segunda viagem a Azeroth seja garantida.

E fiquem ligados que em breve o Multiversos vai trazer uma análise mais aprofundada desse filme em comparação com os games da franquia já lançados!

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